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Quinta-feira, Abril 25, 2024

A Arte, o Artista e a Sociedade

Guilherme Antunes
Guilherme Antunes
Licenciado em História de Arte | UNL

Gravura de José Dias Coelho, sobre o assassinato de Catarina Eufémia em Baleizão em 1954, quando lutava com os operário agrícolas por melhores salários

Na Arte portuguesa, nos anos de luta pela liberdade, o povo ganhou um papel central como fonte de motivos, interesses, problemas e caracteres.

As classes dominantes e governantes bem gostariam de impedi-lo. Bem gostariam de gritar, como gritou Luís XIV de França, ao ver nas paredes a exposição de quadros de realistas franceses e flamengos, em que o objecto e o sujeito era o Povo: «Ótez-moi de là ces magots!» (Tirai-me daí esses macacos!).

Bem gostariam de repetir as acusações de “apóstolos da fealdade” (a par de perseguições e medidas repressivas) lançadas contra Millet e Courbet, porque, com profunda sensibilidade, compreensão e opção, ousaram trazer à Arte da época, não a fealdade mas a beleza e a dignidade do trabalho e do trabalhador.”

Álvaro Cunhal

José Dias Coelho

(1923-1961)

José Dias Coelho, natural de Pinhel, foi um artista plástico, militante e dirigente do Partido Comunista Português.

Foi aluno da Escola de Belas Artes de Lisboa onde entrou em 1942. Frequentou primeiro o curso de Arquitectura, que abandonou, para frequentar o de Escultura.

Ainda muito jovem aderiu à Frente Académica Antifascista e, mais tarde (em 1946), ao MUD Juvenil. Participante em várias lutas estudantis em 1947, aderiu de seguida ao Partido Comunista Português e, em 1949, foi detido pela PIDE depois de participar na campanha presidencial de Norton de Matos. Em 1952, foi expulso da Escola Superior de Belas Artes e impedido de ingressar em qualquer faculdade do país; seria também demitido do lugar de professor do Ensino Técnico.

Em 1955 entra para a clandestinidade, e, ao o optar pela clandestinidade põe de parte a sua carreira artística como escultor. Ao mesmo tempo que exercia funções no PCP, com o objectivo de criar uma oficina de falsificação de documentos para dar cobertura às actividades dos militantes clandestinos. Exercia esta actividade na altura do seu assassinato pela PIDE, em 19 de Dezembro de 1961, na Rua da Creche, que hoje tem o seu nome, junto ao Largo do Calvário, em Lisboa.

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