Angola foi considerado pela Freedom House (FH) como um país não livre, num relatório apresentado na passada terça-feira em Washington. A organização americana não-governamental denuncia perseguições a jornalistas, activistas políticos e líderes religiosos angolanos, sobretudo aqueles que não concordam com as ideologias do executivo angolano.
O relatório mundial da FH afirma que o presidente José Eduardo dos Santos e o seu partido, o MPLA, mantêm um apertado controlo sobre o poder político e restringem de forma significativa as liberdades civis, sendo o exemplo mais mediático a detenção durante um ano, de um grupo de jovens activistas, que foi acusado de preparação de golpe de Estado, o conhecido processo “15+2″.
Ainda segundo os relatores da FH, os meios de comunicação governental, nomeadamente a Televisão Pública de Angola (TPA), a Rádio Nacional de Angola (RNA), o Jornal de Angola e a Angop, actuam como amplificadores do MPLA, promovendo a censura e a auto-censura. O documento sublinha também que as autoridades negam aos jornalistas o acesso à fontes de informação, ameaçando os profissionais com detenções e perseguições.
O relatório inclui ainda os casos do jornalista investigativo, Rafael Marques condenado a seis meses de pena suspensa por suposta difamação contra generais no caso da investigação sobre “diamantes de sangue”, do líder da Ceita religiosa “A Luz do Mundo”, José Julino Kalupeteka, do activista de direitos humanos Marcos Mavungo, em Cabinda, além da legislação que foi aprovada pelo chefe de Estado e que restringiu o trabalho das organizações não-governamentais em Angola, impedindo-as de receber doações.
A organização norte-americana Freedom House, que monitoriza
a liberdade no mundo, considera Angola o país menos livre dos
países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP). Cabo-Verde foi considerado o mais livre dos PALOP, seguido de São Tomé e
Príncipe, Moçambique e Guiné-Bissau.