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Quinta-feira, Abril 18, 2024

“Cartas da Guerra” grande vencedor dos Prémios Sophia 2017

José M. Bastos
José M. Bastos
Crítico de cinema

Fundada há cerca de seis anos, a Academia Portuguesa de Cinema tem vindo a atribuir anualmente os Prémios Sophia que pretendem destacar os melhores trabalhos realizados no âmbito do cinema português. Estas distinções são como que os “óscares” do nosso cinema.
A gala da edição de 2017 teve lugar na noite de anteontem no Auditório do CCB.

“Cartas da Guerra”

O filme que Ivo M. Ferreira realizou a partir da correspondência que o então alferes-médico António Lobo Antunes trocou com a mulher durante a guerra colonial, a partir do Leste de Angola, foi o grande destaque da noite ao receber os prémios para:

  • Melhor Filme
  • Melhor Realizador  Ivo M. Ferreira
  • Melhor Argumento Adaptado  Ivo M. Ferreira e Edgar Medina
  • Melhor Fotografia  João Ribeiro
  • Melhor Montagem  Sandro Aguilar
  • Melhor Direcção Artística  Nuno G. Mello
  • Melhor Som  Ricardo Leal
  • Melhor Guarda-Roupa  Lucha d’Orey
  • Melhor Maquilhagem e Cabelos  Nuno Esteves “Blue”

“Cinzento e Negro”

Realizado por Luís Filipe Rocha este foi outro título em destaque nos Sophia 2017. Arrecadou as distinções para:

  • Melhor Argumento Original  Luís Filipe Rocha
  • Melhor Actor Principal  Miguel Borges
  • Melhor Banda Sonora Original  Mário Laginha

Outros Prémios Sophia 2017

A Melhor Actriz Principal foi Ana Padrão pelo seu desempenho em “Jogo de Damas”.

Os prémios de representação secundários foram para dois elementos do elenco de “A Mãe é que sabe”: a veterana Manuela Maria e Adriano Carvalho.

A Melhor Canção Original foi “Sobe o Calor” – letra de Sérgio Godinho e música de Filipe Raposo – do filme “Refrigerantes e Canções de Amor” e o Prémio para o Melhor Documentário em Longa-Metragem distinguiu “Mudar de Vida, José Mário Branco, vida e obra” de Nelson Guerreiro e Pedro Fidalgo.

Balada de um Batráquio” de Leonor Teles, Urso de Ouro no Festival de Berlim, foi considerado o melhor Documentário em Curta-Metragem e a melhor Curta-Metragem de Ficção foi “Menina” de Simão Cayatte.

Estilhaços” de José Miguel Ribeiro, premiado na Monstra/2016 e em Clermont-Ferrand/2017, recebeu agora o Sophia correspondente à melhor Curta-Metragem de Animação.

A curta “A Instalação do Medo”, baseada num texto de Rui Zink, interpretada por Margarida Moreira, Nuno Janeiro e Cândido Ferreira e realizado pelo jovem espinhense Ricardo Leite, recebeu o Prémio Sophia Estudante. Vai, de seguida para o Berlin Student Film Festival.

De referir ainda os Prémios Sophia de Carreira, atribuídos à actriz Adelaide João e ao director de fotografia Elso Roque.

Ruy de Carvalho

O Prémio Mérito e Excelência distinguiu o actor Ruy de Carvalho que, para além de grande senhor do teatro português, tem também no seu currículo significativas aparições no nosso cinema, de “Eram 200 Irmãos” de Armando Vieira Pinto (1951) a “A Morte de Carlos Gardel” de Solveig Nordlund (2011), passando (sem sermos exaustivos)  por “Pássaros de Asas Cortadas” de Artur Ramos (1963), “Domingo à Tarde” de António Macedo (1965),  “O Cerco” de Cunha Teles (1969), “O Processo do Rei” de João Mário Grilo (1990), “Capitães de Abril” de Maria de Medeiros (2000) e “Non, ou a vã glória de mandar” (1990), “Vale Abraão” (1993), “A Caixa” (1994) ou “O Quinto Império” (2004), todos de Manoel de Oliveira.

A Gala dos Prémios Sophia/2017 foi um interessante momento de consagração e afirmação do cinema português que por entre ventos e marés vai resistindo e adquirindo prestígio internacional. Isto apesar da guerra instalada a propósito dos financiamentos estatais à produção de filmes. Guerra para a qual parece que todos os argumentos são válidos.

Há poucas semanas pudemos ler num jornal diário um texto em que o autor dizia do cinema português o que Maomé não diz do toucinho.

Como critério de aferição da falta de qualidade do nosso cinema eram até apontados os factos de nunca nenhum realizador português ter sido convidado a filmar em Hollywood e de nunca os americanos se terem interessado em fazer “remakes” de filmes portugueses. Nunca nos tinha passado pela cabeça classificar uma cinematografia com base em tais pressupostos…

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