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João de Sousa

Terça-feira, Março 19, 2024

Cem anos depois das Revoluções

NINM
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Colaboração do Núcleo de Investigação Nelson Mandela – Estudos do Humanismo e de Reflexão para a Paz (integrado na área de Ciência das Religiões da U.L.H.T.)

Assinalando os cem anos da aparição russa do estado soviético temos participado em vários debates em que o tema Religião na Rússia tem sido o mais animado.

Uma das conclusões desses debates é que a Igreja Ortodoxa local é preponderante entre muitas outras confissões presentes no território, sendo um muro a outras convicções e um limite numa desejável liberdade religiosa, muito difícil de encontrar ao longo da toda a História daquele país.

A segunda constatação é a de que a superstição é muito mais forte do que a religião e a prática religiosa na maior parte dos casos é mais uma manifestação dessa superstição do que uma crença coerente e regular. Finalmente, o Estado e a Religião, na Rússia, têm andado a par e passo, com muitos pontos de convergência e o braço de ferro entre ambos contradiz-se pela mão dada da cumplicidade.

Como Henrique VIII na velha Inglaterra do século XVI, parece mesmo que Putin gostava de liderar a religião, sendo o Patriarca reconhecido?

As notícias mais interessantes dos últimos tempos, prendem-se com a proibição do culto das Testemunhas de Jeová em território russo – e  os comentadores dizem que se seguirá a perseguição aos Adventistas.

Em Maio último, outra notícia surpreendeu alguma opinião pública: Ruslan Sokolovsky, um jovem da região sul de Krasnodar foi investigado pelo seu comportamento alegadamente ofensivo para com os sentimentos dos ateus.

Até agora, a legislação que criminaliza os “crentes insultantes” e os “sentimentos religiosos” tinha sido usada para defender a poderosa e politicamente bem conetada Igreja Ortodoxa Russa e seus seguidores.

A Constituição da Rússia afirma que o país é um estado laico, mas a Lei do Parlamento russo (Duma) sobre a religião, datada de 1997, afirma que as quatro religiões tradicionais da Rússia são a Igreja Ortodoxa Russa, o Islão, o Budismo (principalmente lamaísta) e o Judaísmo, de modo que todos têm o direito de  pregação e prática, podendo divulgar a sua religião em público e em privado.

As outras religiões devem executar procedimentos de registo e obedecer ao que a Lei lhes reservar. A Rússia, vista por alguns estrangeiros como um país de grande tradição e prática religiosa, é, no entanto, um dos países com o maior número de ateus e agnósticos no mundo. Em contrapartida, a religiosidade na Rússia é muito étnica, e a confissão religiosa é relacionada diretamente com os grupos étnicos.

A maioria de cristãos ortodoxos são eslavos, a maioria dos muçulmanos são turcos, a maioria dos budistas são mongóis (predominantemente seguidores do budismo mongol). Apenas os judeus representam um grupo étnico autónomo. Outros grupos religiosos na Rússia expressivos são os católicos romanos, os católicos russos, os protestantes, os neopagãos do leste europeu, os animistas, os Hare Krishnas e os Bahá’ís.

Fica a promessa de voltar a este tema.

Por opção do autor, este artigo respeita o AO90

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