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Quinta-feira, Abril 25, 2024

Crise na Venezuela escancara “diplomacia de pés descalços” de Temer

O Brasil tem uma escola diplomática alinhada ao direito internacional que respeita a autodeterminação dos Estados Nacionais e dos povos. Raras vezes em nossa história estes paradigmas foram desrespeitados: em poucos casos na ditadura militar, no governo de Fernando Henrique e agora, uma vez mais, exerce essa diplomacia submissa que fere nossos princípios constitucionais” Denuncia o dirigente.

A Constituição Brasileira assegura que o Brasil não deve, nunca, interferir nos assuntos internos de outros Estados soberanos. Trata-se de uma política externa voltada à mediação de conflitos e fortalecimento do diálogo. Exatamente o oposto do que o Michel Temer e seu chanceler Aloysio Nunes estão fazendo no caso da Venezuela.

O Partido Comunista condena a ingerência dos países imperialistas e dos países do Mercosul nos assuntos da Venezuela e condena, especialmente, o governo brasileiro que não tem moral para impor regras democráticas a ninguém porque é um governo ilegítimo” Diz José Reinaldo.

Para o secretário, cabe à esquerda apoiar a autodeterminação dos povos e os rumos que os venezuelanos escolheram para trilhar o socialismo. Neste caso, a revolução bolivariana que agora se aprofunda através da Assembleia Nacional Constituinte. Neste sentido, ele condena os setores da esquerda brasileira que “se acovardam diante da questão da Venezuela e passam a fazer coro com o imperialismo ao dizer que o governo é uma ditadura e passam a exigir também a derrocada da revolução bolivariana. Nosso partido condena as estas forças que, se apresentando como esquerda, na prática fazem o jogo do inimigo. Tanto as que se manifestam abertamente, como as que se acovardam e se recusam a praticar a solidariedade com a Venezuela”.

José Reinaldo defende que os internacionalistas devem, antes de tudo, apoiar os esforços do povo venezuelano de lutar por sua independência. “Consideramos que a revolução bolivariana merece solidariedade plena, irrestrita e incondicional. O povo venezuelano tem o direito de elaborar, ele próprio, seu caminho de construção do socialismo”.

Elites locais aliadas aos interesses imperialistas

Desde que a direita ganhou a maioria parlamentar no Congresso venezuelano, em 2015, os ataques contra o governo de Nicolás Maduro se intensificaram. Na visão de José Reinaldo, isso aconteceu porque, ao conquistar este espaço, a elite local acreditou que seria “fácil” neutralizar as ações da revolução bolivariana. Porém, em constante diálogo com as bases, o Grande Polo Patriótico – coalizão progressista que integra além do PSUV e do Partido Comunista, os demais partidos de esquerda do país – conseguiu manter sua inserção popular e não perder espaço político diante das tentativas desestabilizadoras da direita.

“Ao não conseguir neutralizar as ações da revolução, a direita local chegou à conclusão de que a única forma de interromper este processo seria liquidando o governo de Nicolás Maduro e desde então eles estão implacáveis com este objetivo”.

Manifestantes da direita fomentam a violência nas ruas de Caracas

As ações da elite venezuelana respondem diretamente aos interesses norte-americanos de dominar a política local e ampliar seus tentáculos em toda a América Latina. A Venezuela tem, atualmente, a maior reserva de petróleo do mundo, e uma das maiores reservas de gás natural, perde apenas para o Catar, que também está sob a mira imperialista. Esta é “uma riqueza estratégica”.

Uma das primeiras ações de Hugo Chávez, ao assumir a presidência em 1999, foi nacionalizar a indústria nacional de petróleo. Com isso, o governo conseguiu os recursos necessários para empreender as chamadas Missões e Grandes Missões, ou seja, os programas sociais que garantiram distribuição de renda e inclusão da população mais pobre. Para José Reinaldo, o petróleo é ponto chave do desenvolvimento social justo da Venezuela e também do protagonismo do país no campo geopolítico, onde tem atuado de forma bilateral solidária com outros estados.

“Com o petróleo a Venezuela conseguiu desenvolver muitas ações internas e de integração, como a Alba e a Petrocaribe, além de convênios bilaterais com uma série de países. Estes são convênios solidários, não baseados apenas nas leis cegas do mercado. Então o peso que a Venezuela tem nesta questão energética é grande”.

José Reinaldo é enfático ao afirmar que “o que está acontecendo agora no país vizinho é mais um momento agudo da contrarrevolução tentando reverter as conquistas da revolução bolivariana. Está evidente que eles tomaram a decisão de realmente derrubar o governo porque chegaram à conclusão de que só assim poderão conter a revolução”.

Diante do cenário turbulento, José Reinaldo destaca que a revolução iniciada por Hugo Chávez já passou por muitos momentos de turbulência, o maior deles talvez tenha sido o golpe de estado de 2002, quando o presidente foi sequestrado. E esta onda de desestabilizações que assola o país agora é mais uma destas tentativas de barrar as conquistas populares. “Esta revolução não estava em nenhum manual e nem se assemelha a qualquer outra revolução que tenha ocorrido no século 20. É uma revolução muito original com caráter nacionalista, independentista e anti-imperialista”.

Por Mariana Serafini | Texto original em português do Brasil

Exclusivo Editorial PV / Tornado

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