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Quinta-feira, Abril 25, 2024

Por falar em assumir responsabilidades…

Estrela Serrano
Estrela Serranohttps://vaievem.wordpress.com/
Professora de Jornalismo e Comunicação

No programa Prós e Contras da RTP1 transmitido esta segunda-feira, o general Pinto Ramalho, criticou o facto de o Ministério Público (MP) não ter informado o Exército de que havia uma denúncia de roubo iminente de armas. A procuradora Maria José Morgado,  também presente no debate, sem nunca negar ou confirmar a denúncia, considerou  que a questão é “estúpida” e “provocatória” porque o Ministério Público “não guarda paióis” nem tem funções preventivas. Actua apenas na investigação, não na prevenção de crimes (cito de cor) e que essas funções pertencem aos Serviços de Informações. O general disse-lhe que por muitos argumentos que Morgado apresentasse não podia concordar com ela.

Tem razão o general. Para o cidadão comum o que é “estúpido” é o Ministério Público não ter dado a informação a quem podia tomar medidas de reforço da vigilância dos paióis assaltados. Já nem falo das fugas de informação que o MP dá a alguns jornalistas. Mas ocorre perguntar se o MP nunca informou o poder político sobre processos ou denúncias em casos de gravidade? Óbviamente que informou, o que aliás é natural, mas neste caso pelos vistos não informou nem o poder político nem o Exército.

Esta tarde, o Chefe do Estado Maior das Forças Armadas (CEMFA) falando após a reunião dos chefes militares com o PM e com o ministro da Defesa, veio dizer que o “material roubado está avaliado em 34 mil euros” e os lança-granadas foguete, que considerou ser o equipamento “que mais significado tem em termos de perigo, não tem relevância”. “Provavelmente não poderão ser utilizados com eficácia porque estavam para ser abatidos”.

É “assustador” o que se pode fazer com o material roubado, escreveu o Observador e outros repetiram:  “deitar um prédio abaixo. Os foguetes anti-carro têm capacidade para derrubar aviões perto de aeroportos, explodir viaturas VIP blindadas ou tudo o que estiver na imaginação de quem quiser utilizar o material com os piores fins.”

Afinal, o material era para a sucata…

Estes dois exemplos mostram que o assumir de responsabilidades tem de ser exigido não apenas aos governantes mas também 1) ao MP que ainda não explicou se recebeu a denúncia e se a recebeu porque não informou o Exército ou o governo e se é verdade que tem em curso um processo sobre tráfico de armas; 2)  aos jornalistas que deram informações erradas e alarmistas como a acima citada, para além de outras que não sendo alarmistas são incorrectas, como disse ao Expresso o major general Carlos Branco:

“(…) As manchetes dos jornais insistem no roubo de armamento, quando parece não terem ainda percebido que não foram furtadas armas, mas sim munições, explosivos e outros artefactos militares; um conhecido canal de televisão explicou-nos que uma granada defensiva funcionava por vácuo; o diretor de um reputado jornal, tão conhecedor do pensamento de Sun Tzu, passada uma semana não sabia ainda que o CEME tinha comunicado a exoneração aos visados antes de a anunciar publicamente; um proeminente economista da nossa praça, reciclado em especialista de defesa, em prime time televisivo, não perdeu oportunidade de alardear a sua ignorância questionando a necessidade da existência de tantos paióis, esclarecendo as hostes que “deveria haver uma concentração do armazenamento”. Terá de explicar essa teoria aos iletrados da NATO, e já agora arranjar uma avença para explicar essas ideias geniais nas escolas militares. O seu colega de debate chamava “carregamento” a “carregadores”. Outros eruditos atribuíam um papel decisivo ao atraso na disponibilização de verbas para arranjar a rede do paiol, quando esse assunto é absolutamente irrelevante para explicar o sucedido. Ficamos por aqui em matéria de comunicação social. (…)”

Responsabilidades têm também de assumir o PSD e o CDS por andarem a reboque e repetirem apressadamente informações não confirmadas (caso dos “suicídios” anunciados por Passos Coelho) e do alarmismo de Assunção Cristas contra a “insegurança” dos portugueses.

Exclusivo Tornado / VAI E VEM

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