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Quinta-feira, Março 28, 2024

Los Traidores, o melhor rock uruguaio dos oitenta

Em sua conta, os uruguaios Los Traidores têm um clássico do rock uruguaio e latino, o disco Montevideo Agoniza, lançado em 1986. Na contramão, eles mostravam que a redemocratização não acabava com todos os males que afligiam a juventude.
Em canções como La Lluvia Cae Sobre Montevideo, Los Traidores deixaram sua marca na história do rock local e sul-americano, ao lado de bandas como Plebe Rude (Brasil), Los Prisoneros (Chile), Leuzemia (Peru) e Ataque 77 (Argentina). No auge da carreira, fecharam a última noite do festival Montevideo Rock I (Rural del Prado), com presença de 15.000 pessoas, que contou com a participação da banda brasileira Legião Urbana

A banda surgiu, em Montevidéu, em meados dos anos oitenta, depois de um longo período – desde 1973 – de ditadura militar que sufocou a juventude do país e, em conseqüência, todas as manifestações libertárias, como o rock. Os primos Victor Nattero (guitarra) e Juan Casanova (vocal), mais Pablo Dana (baixo), formaram o núcleo original da banda, acrescida um pouco depois por Alejando Bourdillón (bateria). Assim como seus contemporâneos Los Estomagos e Los Tontos, traziam no som influências do rock britânico, mas com extrema personalidade local.

Já em sua primeira “demo”, Los Traidores registraram alguns de seus temas clássicos, como Montevideo Agoniza, uma espécie de “hino” da juventude da época, por conta de sua paródia ao hino oficial do país, Buenos Dias Presidente e, especialmente, La Lluvia Cae Sobre Montevideo, seu primeiro single oficial. Em seguida, vieram os shows ao vivo, conquista de públicos cada vez maiores e mais fiéis ao grupo e o primeiro disco. Antes, participaram das coletâneas Cabaret Voltaire (multimídia) e Grafitti, o principal registro de bandas daquela época.


Já praticamente transformados em porta-voz de sua geração, Los Traidores grava seu primeiro álbum Montevideo Agoniza, lançado pelo selo Orfeo, em 1986 – sem o tema título, ainda consideradas muito “fortes” para o momento político. O disco traz canções fundamentais para o rock uruguaio como Flores en Mi Tumba, La Muerte Elegante, Solo Fotografias e os hits La Lluvia Cae Sobre Montevideo e Juegos de Poder. A partir do disco, a banda passou a lotar clubes e estádios com uma legião de fãs que, nesse momento, já haviam transformado a banda em uma lenda local.

Em 1987, no auge do rock uruguaio, Los Traidores incorpora o tecladista Caio Martinez e grava o segundo disco, En Cualquier Parte Del Mundo, também pelo selo Orfeo, mais depurado, mas que ampliou o público da banda. Em 1988, já um pouco desgastado devido a super-exposição dos últimos anos, a banda grava o terceiro disco, Los Traidores, conhecido como ‘el disco negro’, devido a sua capa totalmente preta e, quatros anos depois, La Lluvia Ha Vuelto a Caer.

Desde então, Los Traidores regressaram por diversas vezes à cena, com um disco de estúdio, Radio Babilona e três registros de shows ao vivo, En la Profunda Noche (1998), Traidores en Vivo e En Directo (2000) e Primavera Digital (2002). Los Traidores também pode ser ouvido na coletânea Graffiti, que também traz Los Tontos, Zero, Neoh 23, ADN, e mais Cuarteto de Nos, La Tabaré Riverock Banda, Guerilla Urbana e Zona Prohibida, de bônus-track na reedição digital.

Por Fernando Rosa, Jornalista, produtor cultural, editor do portal Senhor F  | Texto original em português do Brasil

Exclusivo Editorial Rádio Peão Brasil / Tornado

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