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Sábado, Abril 20, 2024

O jornalismo “embedded” vai dando lugar ao jornalismo de vassalagem e manipulador

Editorial - Equipa Tornado

Opinião em homenagem a Robert Capa | Guerra ao Terrorismo Globalizado

Aquando da Guerra do Iraque (“A Guerra do Petróleo”- segundo Noam Chomsky), a grande novidade que chamou a atenção da opinião pública internacional foi a actuação dos chamados jornalistas “embedded” (infiltrados na frente de batalha).

O facto de os profissionais da imprensa se deslocarem ao lado das tropas americanas, que iam conquistando o território iraquiano e fazendo directos com os militares nas trincheiras, proporcionou ao público uma maior proximidade dos acontecimentos, mas não deixou de levantar muitas questões éticas e deontológicas. E uma delas foi: até que ponto os jornalistas profissionais devem aceitar o convite para estar na frente de batalha?

Robert Capa o maior Repórter Fotográfico do século XX
Robert Capa o maior Repórter Fotográfico do século XX

Mas é preciso ter em conta que as origens do Jornalismo Embedded remontam à Guerra da Criméia (1853-1856), onde os ingleses, franceses, sardos e otomanos contra o Império Russo.

Já nessa altura o repórter irlandês do “Times”, William Howard Russel, fazia questão de se deslocar na frente de batalha junto à Brigada Ligeira britânica, sofrendo muitas pressões por parte das autoridades civis e militares da Inglaterra.

Na I e II Guerras Mundiais houve muitos repórteres que estiveram ao lado das tropas aliadas. Na Guerra Civil de Espanha e no Vietname, o famoso repórter fotográfico húngaro Robert Capa esteve com os militares nas trincheiras. Na frente de combate. Aliás, Capa acabou por morrer no Vietname, no dia 25 de Maio de 1954, com apenas 40 anos de idade e em pleno teatro de guerra.

Mas a Guerra que vivemos actualmente é contra um inimigo que está ramificado por todo o Mundo. Existem células jihadistas radicais espalhadas por todo o Mundo Ocidental. E o que os aliados combatem neste momento é o Terrorismo Globalizado. Onde as tecnologias da Informação e as “Redes Sociais” marcam as agendas militares e políticas.tima

Nesse sentido, os oficiais ocidentais que estão no mar Mediterrâneo, na Turquia, no Chipre ou no Curdistão, pedem aos jornalistas para não relatarem tudo o que vêem no terreno. Ou seja, estamos perante uma nova realidade informativa: o Jornalismo de Vassalagem e Manipulador. Repórteres que aceitam os açaimes militares. E tudo isto com medo de passar informações importantes para o Estado Islâmico (EI).

Só que, do outro lado, o Estado Islâmico (EI) também utiliza de forma profissional todos os meios sofisticados de informação para contaminar a opinião pública internacional, conseguindo que muitos jovens ocidentais se ofereçam como voluntários para as fileiras dos jihadistas fanáticos.

E uma coisa posso afiançar-vos é que esta Guerra vai marcar todos os paradigmas comunicacionais que estão em vigor. Marcará também o Jornalismo de Guerra do século XXI. É que estamos perante um cenário de muita propaganda e ao mesmo tempo de pânico.

O que faz falta neste momento é repórteres com o perfil de Robert Capa. Destemidos e com vontade de estar na frente de combate de modo a relatar a verdade que se está a passar na Síria e no Iraque.

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