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Sexta-feira, Abril 19, 2024

O Natal e o Cinema

José M. Bastos
José M. Bastos
Crítico de cinema

Feliz Natal (Joyeux Noël) realizado em 2005 por Christian Caron

Ou então fixarmo-nos em alguns filmes habitualmente evocados quando chegamos a esta época do ano.

Desde logo as mais de duzentas adaptações para cinema e televisão (muitas delas filmes de animação) de “Christmas Carol” de Charles Dickens, com o rico e avarento Scrooge assombrado e convertido pelos “espíritos” do Natal – desde a de 1901, de Walter R. Booth  à de Robert Zemeckis (2009). Ou então, clássicos como “15 Dias de Prazer”/Holiday Inn (1942), de Mark Sandrich, com Bing Crosby e Fred Astaire, “Do Céu caiu uma estrela”/It´s a Wonderful Life (1946) de Frank Capra, com James Stewart e Donna Reed, “O Mensageiro do Céu”/The Bishop’s Wife (1947)  de Henry Koster, com Cary Grant, Loretta Young e David Niven ou “De Ilusão também se vive”/Miracle on 34th Street (também de 1947) de George Seaton com Maureen O’Hara, Nathalie Wood e John Payne, (um remake de 1994, de Les Mayfield foi  exibido em Portugal como “Milagre em Manhattan” e no Brasil como “Milagre na Rua 34).

Poderíamos falar dos inúmeros filmes de animação dos estúdios Disney aos “Marretas”, passando por “O Estranho Mundo de Jack” (1993) de Tim Burton.  Ou de “Sózinho em Casa”, de Chris Columbus, com direito a sequelas, e que habitualmente nos entra em casa por esta época, via TV.. Ou de Schwarzenegger em “O Tesouro de Natal”. Ou de “Duende em Nova Iorque”. Ou…ou…ou… A lista é infindável e, provavelmente, faltam aqui muitos títulos importantes.

“Feliz Natal” de Christian Caron

Decidimos, contudo, focar o nosso olhar num filme francês que passou discretamente pelos nossos cinemas e que, hoje, só se poderá encontrar no mercado de DVD. Trata-se de “Feliz Natal” (Joyeux Noël) realizado em 2005 por Christian Caron.

A história é baseada em factos reais ocorridos durante a Primeira Guerra Mundial e que já vimos referidos em vários textos literários (por exemplo, em “A Filha do Capitão” de José Rodrigues dos Santos). Terá acontecido que, na noite de 24 de Dezembro de 1914, em vários locais da frente de batalha, elementos dos exércitos em confronto terão feito uma pausa nos bombardeamentos, saído das respectivas trincheiras e passado algumas horas de confraternização com os seus inimigos. A trama contada no filme parte do facto de uma renomada soprano dinamarquesa ter conseguido chegar à frente de batalha para se encontrar com o seu amado: um tenor alemão integrado no exército do seu país.

Baseado em factos reais

Um padre escocês e um tenente francês são as outras principais personagens de um filme em que, muito mais do que as questões da religiosidade, assumem papéis fundamentais, a fraternidade e o respeito pela pessoa humana.  Soldados alemães, franceses e escoceses abandonam as suas armas por algumas horas. Comem, trocam chocolates e cigarros, e celebram o Natal com os seus inimigos. Aproveitam a trégua para sepultar os homens que jazem na “terra de ninguém”, o terreno que separa as  trincheiras das duas partes em conflito.  Acabado este período de “paz” os protagonistas desta insólita ocorrência virão a ser severamente castigados. É que, guerra é guerra e nela não pode haver pausas nem contemplações…

Diane Krüger, Guillaume Canet, Benno Fürmann, Daniel Brühl  e Danny Boon são os principais intérpretes de um filme que, não sendo nenhuma obra-prima do ponto de vista cinematográfico, um libelo contra a guerra. “Feliz Natal” é uma obra portadora de valores muito importantes (provavelmente cada vez mais importantes), fortemente fustigado pela “crítica”. Felizmente não por toda a crítica…

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