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Sexta-feira, Abril 19, 2024

Turismo em Lisboa

Rui Amaral
Rui Amaral
Gestor de Empresas

Rui AmaralMultiplicaram-se os hotéis, os hostels, os arrendamentos de curta duração, nasceram e “reproduziram-se” tuc tucs, as agências de viagem ganham (não conheço o verdadeiro impacto nas nacionais), os autocarros engarrafam as zonas turísticas e … a confusão instala-se.

Com habitualmente os responsáveis pela gestão da coisa pública não prevêem, não antecipam e têm horror à planificação.

Situação que lentamente tem vindo a melhorar mas de forma e ritmo ainda insuficientes.

Vem isto a propósito do caos.

Há dias, para percorrer a Rua Terreiro do Trigo, Campo das Cebolas, Terreiro do Paço demorei cerca duma hora.  A fila contínua de autocarros que me antecedia, que ia parando para despejar turistas era a responsável por este estado de coisas.

Dei comigo a pensar noutras cidades onde só vemos o autocarro que deixa turistas enquanto os outros aguardam a sua vez em local que não prejudica o trânsito. Porque não copiamos as soluções de quem já se defrontou com os mesmos problemas?

Veja-se o que acontece em Belém frente aos Jerónimos.

O enxame de autocarros é grande. Apesar de mais organizados há alturas em que os acessos estão da tal maneira congestionados que o pobre cidadão perde o seu tempo, contribuindo para a baixa produtividade que nos é sistematicamente atirada à cara, em filas que podiam e deviam não existir se houvesse alguém que pensasse no assunto de forma competente e séria.

Ou o espectáculo da fila de entrada nos Jerónimos que, com um mínimo de organização, deixaria de contribuir para o mau aspecto que empresta ao exterior do monumento.

Por vezes não se consegue uma fotografia decente do monumento tal é o ajuntamento.

lisboa

 

Quanto à louvável recuperação do património é muitas vezes realizada para hostels, hotéis e alugueres de curta duração.

O aspecto positivo da recuperação é compensado pela finalidade do seu uso?

Quando o turismo procurar outras paragens ficaremos com zonas desertas e abandonadas? Como aliás já aconteceu, em passado recente, à baixa pombalina.

Não será possível dosear realisticamente estas finalidades?

Também a falta de visão e, muitas vezes o afastamento da realidade, tem levado à descaracterização da baixa lisboeta.

Há pequenas lojas, em locais emblemáticos, como a tabacaria junto ao Café Nicola, que por uma recente medida adequada (só é permitido um escaparate no exterior), mas aplicada sem critério realista, foi obrigada a retirá-los. Não se pensou que eram essenciais a uma loja completamente abafada pelas duas esplanadas que a circundam e que a tornam invisível.

Claro que o negócio caiu a pique. Solução? Fechar.

São situações destas, e não só, que têm levado à substituição de lojas características da nossa cidade por lojas de indianos e, num futuro próximo, de chineses.

Nada me move contra as lojas destes cidadãos residentes mas existem zonas que merecem uma política de protecção sob pena de um dia os turistas rumarem a outros destinos.

O que nos diferenciará de cidades asiáticas que se caracterizam por este tipo de lojas e chusmas de tuc tucs?

Qual a cidade que queremos, que tipo de vivência queremos para os seus habitantes e qual o papel que desejamos que o turismo represente.

A resposta a estas e outras questões ajudará a construir uma visão de futuro para a nossa Cidade.

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