UM RIO DE PALAVRAS
NO MEU JARDIM DE CRISTAL….
I.
No meu Jardim
De cristal
Fluía,
Torrencial,
Entre Rosas
(Em “arabesque”),
Magnólias,
Camélias
E um Arbusto
(Que tu me deste),
Um Rio
De Palavras
Para uma Foz
Onde nunca
Chegou
(Com um de nós)…
II.
Metáforas
Líquidas
Revoltas
Corriam
Vertiginosas
Em seu leito…
…………………….
Até tropeçarem
Em feixes de riscos
Ilhas de cores,
Traços dispersos,
Fugas,
Amores
(Ditos em versos)…
III.
E transbordaram
Do leito
Para as margens,
Espraiando-se
Em liberdade
E sem destino,
Atraídas
Pelo aroma
Difuso
De novas cores
Que se desprendiam,
Intensas,
Do pincel de seda
Com que desenhavas
Um novo leito
Por onde correr,
Suavemente,
Esse murmúrio
Líquido
De palavras
Sussurradas
Com riscos
Saídos
De tuas mãos…
IV.
Ah! Como é fluida
A vida
E imprevista
A despedida
De um Rio
Que sai de nós
Para um destino
Incerto
Onde pode
Nunca chegar…
………………….
Mesmo que se desprenda
De teus dedos
À procura
Da foz
De um encontro
Desejado…
V.
No meu Jardim
De cristal
Flui,
Agora,
intenso,
Com seu caudal
De palavras
E cores
À procura
Do caminho
Que vais desenhando
Com traços suaves
Salpicados de cores
Intensas,
Perdida que foi,
Sem remédio,
A aurora
De sua descoberta…
Ilustração: Rosa em “arabesque”. Inédito de Filipa Antunes, para “Um rio de palavras no meu Jardim de Cristal…”, 2017
