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Segunda-feira, Março 18, 2024

Anuário da Contag revela a força e as necessidades da agricultura familiar no país

Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
Jornalista, assessor do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo

A Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) lança o Anuário Estatístico da Agricultura Familiar 2022 com o tema Quem Não Vive Dela, Depende Dela para Viver. “O que já deixa claro a importância de valorizar as trabalhadoras e os trabalhadores da agricultura familiar, que são maioria no campo”, diz Thaisa Daiane Silva, secretária-geral da Contag.

Ela se baseia nos dados apresentados pelo anuário, pelos quais observa-se a geração de 10,1 milhões de ocupações nessa forma de produção. De acordo com o documento, a agricultura familiar detém somente 23% das terras, distribuídas em 3,9 milhões de estabelecimentos, mas conta com 67% das ocupações no campo.

“As informações contidas neste anuário são importantes para podermos analisar melhor as nossas necessidades e como a nossa produção sustentável visa ajudar o país a combater a fome e gerar empregos no campo e na cidade com o escoamento dos produtos”, reforça Vânia Marques Pinto, secretária de Políticas Agrícolas da Contag e da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 86% da população brasileira vivem em área urbana e 14% no meio rural. Mas “a agricultura familiar movimenta a economia do país, essencialmente de 90% das cidades com até 20 mil habitantes, 68% dos municípios brasileiros”, afirma Thaisa.

Conheça o anuário completo

Além disso, defende Vânia, “necessitamos de revitalizar e aprofundar as políticas públicas para ampliar as possibilidades de produção de alimentos para o mercado interno e para exportação”. Thaisa destaca que a agricultura familiar produz 45% dos alimentos na América Latina. Vânia afirma ser necessário “ampliar o acesso à orientações técnicas” porque o estudo revela que somente 18% das agricultoras e agricultores familiares contam com essa assistência atualmente. “E isso é fundamental para melhorar as condições de trabalho e a qualidade dos alimentos”, assegura.

Tanto que a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) decidiu instituir a Década da Agricultura Familiar, entre 2019 e 2028. Na apresentação do anuário, a Contag afirma que “são mulheres, homens e LGBTQIA+, jovens e pessoas idosas, agricultores(as) familiares, assentados(as), reassentados(as), pescadores artesanais, quilombolas, indígenas, silvicultores, aquicultores e extrativistas que, de sol a sol, dedicam-se a promover a agricultura, a pecuária e atividades não agrícolas”.

Com todas essas informações “é possível ao próximo governo pensar a agricultura familiar como uma atividade essencial para um projeto de desenvolvimento sustentável”, acentua Sandra Paula Bonetti, secretária de Meio Ambiente CTB e da Contag.

Assista vídeo da Contag sobre o tema

Até porque, diz ela, “o estudo mostrou que 67% das agricultoras e agricultores familiares não utilizaram agrotóxicos em sua produção”. E no momento pelo que passa o país com “intensos ataques ao meio ambiente, às florestas, às águas, às terras indígenas e quilombolas, torna-se questão crucial fortalecer a agricultura familiar para a produção de alimentos saudáveis com respeito à natureza”.

Principalmente porque o Brasil voltou ao Mapa da Fome com mais de 33 milhões de pessoas sem nenhuma refeição diária e mais da metade da população em insegurança alimentar, ou seja, sem ao menos três refeições diárias.

Por isso, o lançamento do anuário durante a realização da Semana da Agricultura Familiar visa “dar sustentação às nossas reivindicações para melhoria da vida no campo com objetivo de aumentar a permanência de jovens e com isso revigorar a economia do país”, argumenta Thaisa.


Texto em português do Brasil

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