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HomeOpiniãoCrónicaAristóteles contra Hienas e Vilões – a propósito d...

Aristóteles contra Hienas e Vilões – a propósito da justiça dos covardes

Agentes da polícia publicaram por estúpido orgulho, ou por vil ânsia de dinheiro, uma fotografia de três fugitivos amarrados e por terra. Exibiram-nos como troféus de caça à turba sedenta de sangue.

  • 22 Outubro, 2018
  • Carlos de Matos Gomes
  • Posted in Crónica
  • 10

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As redes sociais foram inundadas por reacções de aplauso pela justiça de pelourinho promovida pelos polícias travestidos em repórteres fotográficos, juízes e carrascos ad hoc , com o argumento de que essa era a boa justiça, para vingar as ofensas que haviam feito às vítimas, idosos que teriam assaltado.

A exposição e humilhação de acusados é uma prática antiga e universal, que aos poucos a consciência do conceito do bem, associando a moral à justiça, tem vindo a abolir. Mas continua verdadeira a afirmação de que “O homem é o lobo do homem”, uma frase cuja autoria é atribuída ao dramaturgo romano Platus, homo homini lupus, incluída no Leviatã, de Thomas Hobbes. Significa que o homem é o maior inimigo do próprio homem, apresenta-o como um animal selvagem, capaz das maiores atrocidades e barbaridades contra elementos da sua própria espécie, como as hienas, que comem membros da sua matilha e até da sua família. O homem é mais hiena que lobo.

As reacções dos justiceiros que ladram de longe nas colunas de comentários confirmam uma outra frase da sabedoria popular: “Se queres conhecer o vilão dá-lhe um pau para a mão”. O vilão significa o cobarde que só tem coragem quando está armado perante um indefeso, como era o caso da fotografia que suscitou tantos aplausos.

O volume dos apoiantes nas redes sociais e no mundo digital substitui as multidões que encheram os circos romanos para verem acusados serem lançados às feras, ou as que acorreram às praças para assistir à exposição e à morte na fogueira dos acusados de crimes vários pela Santa Inquisição. Na realidade, os exultantes com a promoção da fotografia de três homens amarrados e por terra justificam a observação de Aristóteles em Poética: “os homens contemplam com prazer as imagens das coisas que olhamos com repugnância, animais ferozes e cadáveres. […] tal é o motivo por que se deleitam perante as imagens e dirão, por exemplo: este é tal.”

Aristóteles escreveu há mais de dois mil anos sobre a virtude e, por extensão, sobre a justiça no livro «Ética a Nicómaco», sem qualquer sucesso, como provam as reacções dos defensores do linchamento dos acusados. “A virtude de um homem é ser humano. É ser racional. É distinguir-se dos animais por ser racional.” Leiam o que escreveram os adeptos da lei de Lynch e procurem neles algum resquício de razão e de reflexão. Encontrarão apenas perversidade.

A virtude do homem, em Aristóteles, é agir bem. É a disposição de fazer o bem, que ele considera ser a finalidade da existência do homem. Um homem virtuoso sabe que as escolhas corretas nascem do discernimento. Adianta:

os homens são responsáveis pela aplicação ou pela sua interpretação das normas que regem a vida em sociedade e por isso devem ser virtuosos. A virtude é a coragem. Não a temeridade. A coragem. Não a covardia. A virtude é a temperança, a magnificência, a liberalidade. Mas o que faz um homem virtuoso? A sua educação. Fazer o que é correto implica um grande esforço. O homem virtuoso pensa antes de agir. O homem virtuoso, ao evitar os excessos e as faltas, não se deixa dominar pelos desejos. Pelo contrário, domina-os. Compreende que, na vida social, os desejos individuais, não podem superar o bem comum.”

Quanto à Justiça, escreveu: “A Justiça é a excelência moral perfeita. O justo é aquele que respeita a lei e é correto. O injusto é o ilegal.” Simples, não é?

Como o homem é um animal social, é na sociedade que se percebe a necessidade da justiça e as violências causadas pela injustiça. Aristóteles afirma que o pior dos homens é aquele que põe em prática sua deficiência moral tanto em relação a si mesmo quanto em relação aos que fazem parte da sociedade. Já o melhor dos homens não é aquele que põe em prática sua excelência moral em relação a si mesmo, mas em relação ao próximo. Porque é mais difícil.

Não temos o poder de evitar a cólera, o medo, a inveja, ou o ódio, mas temos o poder, ou melhor, a disposição de agir quando a cólera, ou o medo, ou a inveja, ou o ódio, surgirem!”

A concepção de direito em Aristóteles está profundamente interligada com a sua concepção de justiça. O direito existe para que a justiça prevaleça. O direito existe para que o sistema normativo convirja para a realização da justiça. O direito existe para que um juiz o aplique com equidade.

Os defensores da exposição dos acusados dispensam o direito e os juízes.

Dois mil anos passados, perante as repugnantes reacções de aplauso à imagem dos três capturados, continua válida a frase desencantada, que julgo ser de Santo Agostinho:

O pior dos homens é aquele que, sendo mau, quer passar por bom; sendo infame, fala de virtude.”

Os vilões continuam a mostrar coragem apenas quando têm o pau na mão, e a virtude de serem mais hienas que lobos.

O populismo que por aí medra é reflexo da cobardia e da ausência de moral que o apoio a este tipo de manifestações revelam.

 

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Carlos de Matos Gomes
Carlos de Matos Gomes

Militar, investigador de história contemporânea, escritor com o pseudónimo Carlos Vale Ferraz

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