Considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como “carcinogéneo provável para o ser humano” o glifosato continua a ser o herbicida mais utilizado em Portugal e no resto da Europa.
Só em 2012, foram aplicadas na agricultura portuguesa mais de 1400 toneladas de glifosato. A União Europeia vai decidir, no próximo mês de Maio, se renova a permissão ou opta pela proibição do uso deste herbicida nos Estados-membros.
Recorde-se que o glifosato é o principal herbicida do mundo e a sua utilização na União Europeia está a ser pressionada por empresas como a multinacional norte-americana Monsanto, dado ser o principal ingrediente do seu pesticida Roundup, muito utilizado na agricultura.
Nas últimas semanas, países como a Holanda, França, Suécia e Itália e outros sete Estados-membros anunciaram que irão votar contra a renovação da licença do glifosato na União Europeia, uma ideia que vai de encontro à opinião de várias personalidades do campo da ciência, medicina e ecologia. A votação está agendada para Maio.
A OMS identificou já uma relação directa entre a exposição àquele herbicida e o Linfoma não-Hodgkin, um dos tipos de cancro mais frequentes em Portugal, com mais de 1700 novos casos anuais.
O glifosato é de venda livre e de fácil acesso e o seu uso está generalizado na agricultura portuguesa, incluindo pelos serviços autárquicos. Existem casos de edilidades que o utilizam também em áreas urbanas, sob o nome comercial Spasor, fabricado pela Monsanto (fonte: Esquerda.net).
A organização ambientalista Quercus e a Plataforma Transgénicos Fora lançaram já um apelo público para que as autarquias portuguesas deixem de usar este herbicida nos espaços urbanos, alertando para o risco ambiental e para a saúde pública desta prática generalizada.
Dois terços dos europeus querem proibição do glifosato
Entretanto, uma sondagem da autoria do Yougov, cujos resultados foram publicados pelo The Guardian, revela que dois terços dos europeus estão de acordo com a proibição do glifosato.
Numa pesquisa que inquiriu mais de sete mil pessoas em toda a Europa, 75 por cento dos italianos, 70 por cento dos alemães, 60 por cento dos franceses e 56 por cento dos britânicos revelaram-se favoráveis à proibição do herbicida.
Ontem e hoje, 11 e 12 de Abril, em Estrasburgo, 150 deputados do Parlamento Europeu dão amostras de urina para verificar se têm vestígios de glifosato no organismo, num acto simbólico que antecede um também simbólico voto pela proibição do herbicida, na próxima quarta-feira, 13 de Abril.
Análises prévias encontraram resíduos de glifosato na urina de pessoas de 18 diferentes países europeus e em mais de 60 por cento dos pães vendidos no Reino Unido. Um teste efectuado na Alemanha encontrou vestígios de glifosato nas 14 cervejas mais vendidas naquele país.