
O Estado Novo, entre a oligarquia e os trabalhadores
O Estado Novo, instituído pelo golpe de Estado comandado por Getúlio Vargas há 80 anos (em 10 de novembro de 1937, e durou até 29 de outubro de 1945).
- 18 Novembro, 2017
- José Carlos Ruy, em São Paulo
- Posted in Cultura
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Aquele regime significou o aprofundamento da revolução burguesa que ocorria no Brasil desde a Revolução de 1930. Aprofundamento limitado, que ocorreu nas condições da revolução burguesa no século 20, tempo da revolução proletária que acovardava a burguesia impedindo a aliança com o proletariado para exercer a liderança nas transformações, e a empurrando para a segura aliança de proprietários que limita sua própria ação e o alcance das mudanças revolucionárias sob direção burguesa.
Após o golpe
Logo após o golpe do Estado Novo, as atitudes do governo voltaram-se contra as oligarquias estaduais, no esforço de impor a elas os interesses nacionais representados pelo Estado – um deles foi a proibição e extinção dos partidos políticos (2 de dezembro de 1937). Dois dias depois (4 de dezembro), em outro evento ainda mais significativo, foram queimadas as bandeiras estaduais, em uma grande fogueira na Esplanada do Russel, Rio de Janeiro, e os Estados foram proibidos de ter bandeiras e outros símbolos.
A ação contra os comunistas e a luta do povo figurava com
Apoiar e promover o desenvolvimento
Foram criados, pela primeira vez em nosso país, alguns organismos do governo para apoiar e promover o desenvolvimento. Salvaguardou as riquezas minerais e o uso das águas, cuja exploração caberia apenas a empresas brasileiras. Da mesma forma os bancos e o sistema financeiro só podiam ser propriedade de empresários brasileiros. Criou também o Conselho Nacional de Economia para gerir todos os aspectos da economia nacional.
Entre outros órgãos, foram criados o Conselho Nacional do Petróleo (1938), o Departamento Administrativo do Serviço Público (1938), a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN, 1941), a Companhia Vale do Rio Doce (1942), a Fábrica Nacional de Motores (FNM. 1942), a Companhia Nacional de Álcalis (1943),
O Estado Novo durou até 29 de outubro de 1945, quando Getúlio Vargas foi deposto por um golpe militar apoiado pelos setores mais reacionários das classes dominantes e por representantes do imperialismo, tendo havido inclusive a intervenção aberta do embaixador dos EUA, Adolfo Berle Jr.
Todos temiam que se radicalizasse a democratização que estava em curso naqueles meses, acelerada depois da anistia de 19 de abril de 1945, que tirou da cadeia opositores do regime, inclusive o dirigente comunista Luiz Carlos Prestes e outros líderes comunistas, que passaram a apoiar o processo de democratização de Vargas.
Objetivo da direita
O objetivo da direita aliada ao imperialismo era fixar limites à participação popular no regime que substituiria o Estado Novo. Os mesmos homens que apoiaram o golpe de 1937 agora retiravam Vargas do governo pois ele já não correspondia a seus interesses. O historiador Moniz Bandeira (que deixou a vida neste 10 de novembro de 2017, empobrecendo a inteligência brasileira) explicou: as “classes dominantes, associadas ao imperialismo norte-americano, já podiam dispensar os seus serviços”. Seu afastamento “não visava a eliminar o que havia de reacionário e sim o que existia de resistência nacional no Estado Novo”.
Nelson Werneck Sodré – que na época era capitão do Exército e alinhado com suas alas democráticas e avançadas – registrou
As opções não eram apenas formais mas refletiam posições de classe. Os banqueiros, industriais, latifundiários, representantes de grandes empresas multinacionais, principalmente norte-americanas, e a diplomacia dos EUA, estavam inquietos. Como forma, a ditadura, diz Sodré estava condenada. “Mas havia graves apreensões, generalizadas, a respeito do restabelecimento de determinados direitos, suspensos há tanto tempo. As classes dominantes receavam que, retirado o dique que se opusera ao avanço democrático, desde 1935, e que levara à instauração da ditadura em 1937, tudo fosse levado de roldão”.
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Jornalista e escritor.