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João de Sousa

Sábado, Abril 27, 2024

Cocaína na Casa Branca

Paulo Casaca, em Bruxelas
Paulo Casaca, em Bruxelas
Foi deputado no Parlamento Europeu de 1999 a 2009, na Assembleia da República em 1992-1993 e na Assembleia Regional dos Açores em 1990-1991. Foi professor convidado no ISEG 1995-1996, bem como no ISCAL. É autor de alguns livros em economia e relações internacionais.

O tema é excelente para a ‘silly season’ que agora se inicia: pó branco na Casa Branca. Que o mais falado dos personagens do clã Biden, frequentador assíduo do domicílio presidencial, é consumidor de cocaína, é do domínio público, e foi posto em evidência nas imagens contidas no famoso computador abandonado, através do qual se ficou a conhecer o negócio familiar centrado na venda de posições políticas favoráveis a empresas internacionais.

Que razões terão levado os circunspectos Serviços Secretos (apesar do nome sonante, trata-se provavelmente da mais pequena e menos influente das instituições membro da chamada comunidade americana da informação) a tornar-se o actor principal deste enredo é um tema aliciante, mas para ser tratado por quem conheça melhor do que eu a mecânica da comunidade e se disponha a escrever sobre ele com independência e seriedade.

Se para a imprensa é o presente ideal para encher noticiários nesta época do ano, para a Casa Branca, a história vem igualmente mesmo a calhar.

Recorde-se que, tal como foi revelado pela oposição parlamentar, as principais instituições ligadas à investigação judicial passaram os últimos anos (pelo menos seis) a esconder a evidência de que a família Biden se dedicou à venda de posições favoráveis da administração americana a várias empresas e entidades estrangeiras.

Nas palavras do Presidente da Comissão de Controlo, James Comer, trata-se de crime organizado pela família Biden, que foi encoberto pelo FBI, que proibiu que se tocasse no Presidente e ofereceu um acordo dourado ao seu filho Hunter quando não pode mais esconder o que sabia, pela CIA, que inventou um complot russo para tentar negar a autenticidade das imagens do computador de Hunter, ou do Ministério da Justiça que tudo indica orquestrou o encobrimento.

Tudo foi de resto complementado com um sistema de censura à comunicação social dirigido por estas agências federais que, para além de bloquear notícias relativas à corrupção presidencial foi também muito activa no domínio da promoção dos produtos supostamente ‘anti-covid’ da indústria farmacêutica, como o Congresso dos EUA está agora a expor e a justiça americana começa finalmente a proibir (proibição à Presidência americana de contactar com a administração das redes sociais).

Os responsáveis pela informação da Casa Branca – os spin doctors, como estes profissionais são conhecidos de há vinte anos para cá – encontraram rapidamente um novo ângulo ideal para o tiro: um pai destroçado pelas asneiras do filho que, com a ajuda da cocaína, conseguiu extorquir dezenas de milhões de dólares a empresários estrangeiros em troco da influência do então Vice-Presidente Biden, sem que este soubesse nada do que acontecia, e sem que os papalvos dos empresários percebessem tão pouco que estavam a ser burlados.

E será que há melhor forma de desenvolver o filme do que acompanharmos agora um pai em choque com a nova descoberta? Cocaína em casa! Seguramente foi um estagiário, um advogado ou consultor! E depois, vamos ver os indícios que apontam para o filho serem cada vez mais conclusivos, mas, que pai não fará tudo para defender o seu filho? Com sorte, consegue-se arrastar este episódio o Verão inteiro.

E, claro, por trás da telenovela há uma tragédia bem real, que é a do crescimento exponencial da cocaína em todo o mundo, incluindo os EUA, que vem assim a juntar-se ao infindo contingente de drogas ilegais ou legais – a big pharma conseguiu roubar aos traficantes ilegais o negócio da canábis – matéria em que Robert Kennedy aparece como a melhor hipótese para a mudança das regras do jogo.

Mas no entretanto, a realidade é que provavelmente bem mais de metade da população americana é afectada por esta pandemia (e esta é a mais grave e mortífera pandemia) de uma forma ou de outra, e tenderá por isso a simpatizar com a dor de um pai perante os efeitos destrutivos do pó branco num filho seu, e creio ser esse o plano dos spin doctors presidenciais.

E enquanto se falar do pó branco na Casa Branca, não se falará, ou falar-se-á menos, na transformação do coração da vida política americana em crime organizado.

O pó branco na Casa Branca serve por isso para esconder os mais escuros dos negócios que são os principais responsáveis pelos perigos que enfrentamos.

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