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Sexta-feira, Abril 26, 2024

Democratas “ocuparam” Congresso. Exigem votação de lei de controle de armas

Um grupo de parlamentares democratas iniciou na quarta-feira (22/06) um “protesto sentado” no chão da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos para exigir a votação de um projecto de lei para restringir o acesso a armas de fogo no país.

Na noite de 4ª-feira, 168 Representantes do partido democrata (dos 188 eleitos) e 34 Senadores (dos 44 eleitos) sentaram-se no chão da Câmara.

Após 10 horas de protesto, Paul Ryan tentou estabelecer o controlo com uma pausa nos trabalhos. Não o conseguiu e abandonou o podium tentando ignorar os gritos de “Vergonha! Vergonha!”

Os Democratas cantaram “We shall overcome” e empunharam nomes de vítimas de ataques com armas de fogo.

Depois de uma breve interrupção, a Assembleia retomou os trabalhos às 02:30, com a maioria dos Republicanos a votar algumas leis mas sem aceder a quaisquer votações sobre controle de armas.

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O protesto foi liderado por John Lewis, congressista democrata pelo Estado da Georgia e um dos ícones da luta por direitos civis ao lado de Martin Luther King.

“Temos que ocupar o chão da Casa até que haja alguma acção”, disse Lewis, de 75 anos de idade, que realizou protestos similares contra a segregação racial nos EUA na década de 1960.

“O que é que fizemos ?” questionou Lewis. “Nada. Fizemos ouvidos de mercador perante o sangue de inocentes. Estamos cegos perante esta crise. Onde está a nossa coragem? Quantas mais mães… e pais precisam de derramar lágrimas de tristeza?”

“Quem mais deve ser baleado e quantos mais devem morrer antes que façamos alguma coisa?”, questionou a congressista Robin Kelly, do Estado de Illinois. “Isto é constrangedor.”

No fim de uma sessão marcada pelo impasse sobre a votação, os representantes republicanos declararam o início do período de férias por ocasião do 4 de Julho, Dia da Independência dos EUA. Diante disso, os Representantes Democratas protestaram com a palavra de ordem “No bill, No break” (Sem lei, sem férias).

Mesmo após o fim da transmissão televisiva da sessão pelo canal C-Span e com as luzes da Câmara apagadas, os congressistas continuaram sentados, transmitindo o protesto por meio de fotos e vídeos em redes sociais. Apoiantes da acção, que se mantiveram no exterior do Congresso, enviaram mantimentos aos deputados, que pretendem seguir com o protesto.

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Membros do governo dos EUA e senadores – entre eles, Bernie Sanders, pré-candidato à Presidência dos EUA pelo partido Democrata – também manifestaram apoio aos deputados.protesto-sentado-2-b

O Presidente Barack Obama usou o Twitter para agradecer a John Lewis “por liderar uma acção de protesto contra a violência com armas de fogo, quando mais precisamos dela”.

Os republicanos consideraram o protesto como um slogan publicitário. O Representante Kevin Cramer disse: “Eu não tenho qualquer objecção a que eles façam figuras ridículas na televisão.”

Paul Ryan afirmou à CNN não ter intenção de trazer a votação uma lei sobre o controle de armas. “Eles sabem que não vou submeter a votação uma lei que tira às pessoas direitos constitucionalmente garantidos sem o devido processo”.

Ao longo dos últimos 5 anos foram apresentados 100 projectos de lei para restrição de acesso e controle de armas. Nenhum deles foi aprovado.

A maioria republicana da Câmara, liderada pelo republicano Paul Ryan, recusou agendar a votação de uma lei para impedir que pessoas que estejam sob investigação de agências dos EUA, por suposta ligação com terroristas, possam comprar armas de fogo no país. Este foi o caso de Omar Mateen, que estava sob a mira do FBI e que ainda assim pôde comprar as armas que usou para matar 49 pessoas no bar Pulse no último dia 12, em Orlando.

A questão divide os políticos do país, com o Partido Republicano maioritariamente inclinado a manter as actuais regras para compra e porte de armas nos EUA devido à forte presença do lobby de fabricantes de armas. Já a maioria do Partido Democrata, com Obama à frente, e a maioria da população do país – cerca de 90%, segundo pesquisa realizada pela emissora CNN – pede mudanças nas leis para dificultar o acesso a armas de fogo.

Curiosa e em outro sentido parece ser a informação divulgada pelo Washington Post com base em fontes como o Gun Violence Archive, o GunPolicy.org, o FBI e o NORC (National Opinion Research Center)

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