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Segunda-feira, Setembro 16, 2024

Filme islandês fala sobre a importância de respirar neste mundo sombrio

Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
Jornalista, assessor do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo

“Inspire, Expire” (2018), da diretora islandesa Isold Uggadottir, parece profetizar o grito de socorro de George Floyd: “Não consigo respirar”, sob os joelhos criminosos de um policial a serviço do sistema.

A produção da Netflix, de maneira impressionante, consegue mostrar a frieza dos relacionamentos humanos no país europeu que pensamos distante da crise, do desemprego e da intolerância com refugiados e o sentimento de estar refugiada no próprio país com suas instituições rígidas, opressoras e machistas.

Quando o caminho de duas mulheres se cruzam em meio à dureza enfrentada por ambas em dar uma vida boa aos filhos, sem a presença dos progenitores, a realidade vem à tona.

Uma foge da violência e da perseguição a outra batalha para ter trabalho e como sustentar a si e ao filho. Uma tenta sair da Islândia rumo ao Canadá para ficar com a filha que conseguiu abrigo como refugiada, mas a mãe não. Fica claro a pouca importância que o sistema dá à vida dos que precisam sair do sufoco e respirar com tranquilidade, sem nenhum joelho opressor.

Lara (Kristín Þóra Haraldsdóttir) que passa a morar com o filho em um carro porque foi despejada do apartamento em que vivia com o menino. Luta para manter seu emprego quando se depara com a refugiada Adja (Babetida Sadjo). Cena comum em aeroportos.

Como disse John Lennon: “A mulher é o negro do mundo”. A obra reflete o drama de ser mulher e como sair da invisibilidade e superar o mesmo drama humano de cuidar da vida de seus filhos sozinhas e superar a discriminação e a opressão. Como serem compreendidas em suas necessidades e anseios de inspirar e expirar e manterem-se vivas.

E mesmo na gélida e longínqua Islândia, essas duas mulheres se encontram no mesmo drama humano e resolvem juntas mudar as coisas, desrespeitando o sistema castrador de sonhos e de vidas, onde os ricos só desejam distância dos pobres.

“Inspire, Expire” remete à necessidade de união de quem vive de vender a sua força de trabalho para a construção de outro mundo, onde as relações humanas possam se dar com respeito, compreensão e solidariedade. Afinal inspirar e expirar é o que nos mantêm vivos, na Islândia, na Guiné Bissau, nos Estados Unidos ou no Brasil.


Texto em português do Brasil


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