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Sábado, Abril 20, 2024

Presidenciais 1995 | O sonho ao poder – Mário Viegas

Mário Viegas_o sonho ao poder

 

Corria o ano de 1995 e preparavam-se as 5ªs eleições presidenciais após o 25 de Abril de 1974, marcadas para o dia 14 de Janeiro de 1996.

O então ex-primeiro-ministro Aníbal Cavaco Silva anunciara a sua intenção de se candidatar após a retumbante derrota do PSD, que liderara durante dez anos, nas legislativas do ano anterior. O seu principal oponente viria a ser o ex-Presidente da Câmara de Lisboa, Jorge Sampaio, que o derrotaria por uma margem de 400 mil votos.

Os outros dois candidatos, Jerónimo de Sousa (pelo PCP) e Alberto Matos (pela UDP) iriam desistir a favor da candidatura de Sampaio, que foi empossado para o seu primeiro mandato em 9 de Março de 1996.

Mário Viegas_apresentação da candidatura presidencialAinda em 1995, surge um outro candidato, de seu nome Mário Viegas.

Após a candidatura a deputado, como independente nas listas da UDP (União Democrática Popular), apresenta-se como candidato à Presidência da República Portuguesa (também apoiado pela UDP), adoptando o slogan “O sonho ao Poder”

Mário Viegas, apresentação da candidatura presidencial

Pouco tempo antes, no folheto que acompanhava o espectáculo “Europa Não! Portugal Nunca!” – a sátira a uma hipotética candidatura à Presidência da República – Mário Viegas apresentava-se assim:

” ANTÓNIO MÁRIO LOPES PEREIRA VIEGAS

A primeira página do Manifesto Eleitoral de Mário Viegas
A primeira página do Manifesto Eleitoral de Mário Viegas

Nasceu em Santarém em 10 de Novembro de 1948, às 23.30h, meia hora antes do Dia de S. Martinho. É do signo Escorpião no Hemisfério Ocidental e do Rato no Hemisfério Oriental.

Trineto, por via paterna, do grande Actor Cómico do século XIX Francisco Leoni, Bisneto de Francisco José Pereira, Republicano, Deputado e Senador por Santarém na Primeira Assembleia da Primeira República, sendo saneado de Director Geral do Congresso no 28 de Maio. Neto e filho de Republicanos e Anti-Fascistas, duma família paterna toda ligada ao ramo Farmacêutico. Neto por via materna, de um dos fundadores da Amadora, António Cardoso Lopes e sobrinho, do famoso hoquista Álvaro Lopes (8 vezes campeão do mundo), e Tiotónio (um dos pioneiros da Banda-Desenhada em Portugal e criador do semanário “O Mosquito”), e de Augusto Lopes (inventor e criador do sistema do Cinema foto-sonoro em Portugal), sendo a sua Mãe licenciada em Grego Clássico, Latim. Viveu a sua infância e adolescência em Santarém, onde estudou no Liceu Sá da Bandeira e onde se estreia como Actor-Recitador amador com o Coro de Amadores de Música, dirigido pelo Maestro Fernando Lopes-Graça, com 16 anos, em substituição da ex-Actriz e Declamadora Maria Barroso.

Fica logo com a sua primeira ficha na P.I.D.E.

Não tem preconceitos sexuais. Sendo scalabitano, gosta de touros, cavalos, mulheres, homens, vinho branco ou tinto, sabe dançar o fandango e já pegou uma vaca em 1967.

Frequentou a Faculdade de Letras de Lisboa em 1966/67 e 1967/68 e a Faculdade de Letras do Porto em 1968/69, onde termina o 3º ano do Curso Superior de História. Faz parte da Crise Académica de 1969, como Recitador e Agitador no Porto e em Coimbra.  Nunca esteve filiado em nenhum Partido ou Clube Desportivo, nem nunca foi convidado para tal. Não tem nenhuma ficha na P.S.P. ou na Polícia Judiciária por actividades ilícitas e/ou imorais.

É solteiro e não tenciona casar oficialmente.

É-lhe retirado o Adiamento Militar, por actividades políticas e é proibido de actuar como Actor e Recitador quer publicamente, quer na antiga Emissora Nacional e na R.T.P.

Os seus discos de Poesia são proibidos de passar na Rádio, até ao 25 de Abril de 1974.

Cumpre o Serviço Militar Obrigatório como Oficial entre Outubro de 1971 e Outubro de 1974, tendo a sua Caderneta Militar os mais altos louvores pela disciplina militar.

É-lhe dada a especialidade e o curso de Acção Psicológica e Propaganda do Exército (A.P.S.I.C.), sendo reclassificado quando estagiava na 2ª Repartição do Estado-Maior do Exército em 1972. É-lhe dado um cargo de Instrutor de Combustíveis e Lubrificantes no Quartel do Campo Grande (E.P.A.N.), de onde é afastado no dia 22 de Abril de 1974.

1995, na Av. dos Aliados, no Porto num comício da sua “candidatura” à Presidência da República das Laranjas. Foto encontrada em diasdeumfotografo.blogspot.com
1995, na Av. dos Aliados, no Porto num comício da sua “candidatura” à Presidência da República das Laranjas.

Assiste e participa desde as 11:00 da manhã, ao golpe-militar do 25 de Abril, no Largo do Carmo. Às 19:00, na Rua António Maria Cardoso, participa na primeira tentativa Popular de assalto à sede da P.I.D.E.-D.G.S. Faz parte da Extinção da P.I.D.E.-D.G.S. e Legião Portuguesa desde o início de Maio de 1974 até Outubro de 1974, como Oficial-Miliciano do M.F.A., de onde é afastado.

Após proibição em Conselho de Ministros, da peça “EVA PERÓN”, de Copi, (de que era protagonista e que seria a primeira encenação de Filipe La Féria), em Janeiro de 1975, sai de Portugal entre inícios de Maio de 1975 até finais de Setembro de 1975, indo viver para Copenhaga, Dinamarca, desiludido com a situação política do país.

Como Independente, participou “de borla” em algumas campanhas e espectáculos ao vivo e na televisão do P.C.P. (1977), do P.S.R. e da U.D.P., até 1994. Está arrependidíssimo! Abre uma excepção à U.D.P.

Apoiou publicamente a candidatura à Presidência da República do engº Carlos Marques nas últimas eleições Presidenciais.

Foi leitor durante 2 anos (1987, 1988), dos comunicados do dia 25 de Abril de Otelo Saraiva de Carvalho, quando este esteve preso em Caxias (caso FP25). Não ganhou nada com isso!

Foi alcoólico Público e Anónimo, encontrando-se completamente recuperado.

É Fumador activo e passivo, careca e praticamente cego do olho esquerdo.

Estreia-se como Actor profissional em 16 de Fevereiro de 1968 no Teatro Experimental de Cascais. Trabalhou diariamente durante 30 anos no Teatro, Cinema, Disco, Rádio e Televisão como Actor, Empresário, Encenador e Cenógrafo, com o nome artístico de Mário Viegas. Ao contracenar com Marcello Mastroianni em 1994 descobriu que não conseguiria ser o Maior Actor de Portugal, da Europa e do Mundo, de Teatro e Cinema; o mais popular Cómico do País e com maior unanimidade; ter um lugar em Hollywood; representar em francês, espanhol, inglês ou japonês.

Desiludido e revoltado decide encetar a carreira mais fácil, menos efémera e com reforma assegurada: PRESIDENTE DA REPÚBLICA de Portugal, Açores, Madeira, Macau e Timor-Leste.

As Sondagens dão-lhe 93,4% de intenção de voto.

Não sabe o que quer para o País, mas o País sabe o que quer dele!

Não quer ser o Presidente de todos os Portugueses!

Tem como Lemas da campanha a frase de Eduardo de Filippo: “Os Actores vivem a sério no Palco, o que os outros na Vida representam mal”; e “Nesta Pátria onde a Terra acaba e o Mário começa!”

Slogans da campanha:

“VIEGAS AMIGO ! O MÁRIO ESTÁ CONTIGO !!”

“MÁRIO SÓ HÁ UM ! O VIEGAS E MAIS NENHUM !”

“O MÁRIO QUE SE LIXE ! O VIEGAS É QUE É FIXE !”

Foi agraciado por sua Exª o actual Presidente da República, o Sr. Dr. Mário Soares com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique, sendo pois, Comendador da Ordem do Infante D. Henrique.

Mário Viegas”

Mário Viegas agitou consciências e abanou estruturas. Foi desafiante e provocador. Um menino que tinha desde pequeno o sonho do palco e concretizou-o.

Nunca desistiu das suas convicções.

António Mário Lopes Pereira Viegas nasceu em Santarém, no dia 10 de Novembro de 1948; faleceu em Lisboa no dia das mentiras do ano de 1996.

Pouca gente em Portugal tem valido tanto“, José Saramago, in Cadernos de Lanzarote.

 

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