Às vezes em homem …
Às vezes em saudoso…às vezes em cantor, às vezes em mentor.
Às vezes adúltero…
Às vezes em poeta…
Sabia que os vícios o destruíam, mas não aguentava a monotonia das cores da vida, era preciso colorir a sua existência visitando o fim do arco-íris e com alguma sorte encontrar o pote de ouro (morte). Tinha decidido desta vez confiar e aceitar a ajuda daqueles seres que sempre subestimou, mas nunca deixaram de estender-lhe as mãos, mesmo quando flutuava nas nuvens e parecia imortal
– De que nos servem estes breves instantes de seriedade? Para quê as limitações? … Perguntava…
Desta vez tinha mesmo de se regenerar… Negar os nossos instintos é negar aquilo que nos faz humanos… ( Pícaro).
Vidas são momentos de mudança que anunciam a chegada de uma nova condição.
É esta condição que impingia a mudança, estava apaixonado pela vida, notara que há muito deixara de viver. Para no mundo das setes cores sobreviver, bebia, fumava e consumia estupefacientes, para demonstrar a sua revolta contra o mundo cruel em que vivia.
Mas desta vez estava sem forças, a droga torturava-o com a dependência, demência e escravidão.
As pessoas que o admiravam passaram a ter pena e compaixão, ele que no seu mundo era um grande herói, que combatia e derrubava cavaleiros negros e dragões brancos, chegando a degustar manjares celestiais no banquete dos deuses … como assim, pena? Esses míseros mortais doarem empatia a um quase deus ?
E depois veio o conflito de personalidades, já não sabia o que o identificava, como saber se já mal conseguia respirar, de repente tudo era claustrofóbico e quando se mandava ao país das “maravilhas” já nem conseguia empunhar a espada.
Tinha de ser menos egoísta, tinha de regressar para os seus e em última instância ir ao encontro da sua felicidade suprema. A família que se encontrava perdida e desorientada a algures do seu lar.
A mãe dos Setinhos – Luanda – Angola
Redimissão: neologismo derivado de redimir: o acto de redimir-se
A autora escreve em PT Angola