Florestas, árvores, rios e mares, tudo é devastado, poluído e arrasado para comprazer as falsas necessidades que são criadas nos consumidores.Destrói também as pessoas, tornando-as escravas, submetidas aos ditames de uma vida que se rege exclusivamente pelo ciclo produzir/consumir. Elevadas taxas de suicídio, de depressão e de outras doenças do foro psíquico mostram o elevado grau de insatisfação e o profundo mau estar que afecta tantos e tantos seres humanos.
Milhões de crianças e de adultos trabalham 10, 12, 14 horas em condições infra humanas, muitas vezes sem remuneração, para empresas e marcas multinacionais que não olham a meios para conseguir os maiores lucros e vantagens financeiras. O capitalismo selvagem destrói vidas, incentivando os conflitos e as guerras: no ano que agora termina morreram, por dia, 20 pessoas a tentar sobreviver, atravessando o Mediterrâneo.
Destruir-se-á a si próprio? Será, de facto, autofágico?
Pois se ele até destruiu as promessas mais benévolas que a humanidade produziu como, por exemplo, o Natal. De facto, a sociedade capitalista transformou esse sonho de uma fraternidade generalizada na única lei que conhece: a do negócio. Reduziu a partilha, a comunhão e a ternura de um deus-menino a sacos de compras, a filas em hipermercados (que até fazem umas campanhas muito “solidárias) e a muito papel de embrulho e fitas coloridas com as quais se disfarça o vazio.
É grande o desafio que se coloca: sermos capazes de recuperar o Natal que está moribundo, em situação de “cuidados intensivos”, prestes a desaparecer? Seremos ainda aptos para tal tarefa? Não sei.
Mas são esses os meus votos de Boas Festas: que sejamos capazes de salvar o Natal!