Diário
Director

Independente
João de Sousa

Sábado, Outubro 5, 2024

Tem hoje início a maior mostra de cinema de Espanha

José M. Bastos
José M. Bastos
Crítico de cinema

72º FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA DE SAN SEBASTIÁN

Começa hoje em San Sebastián a habitual maratona cinematográfica desta cidade do País Basco. Durante nove dias serão exibidos 657 títulos em 585 sessões e milhares de cinéfilos acorrerão ao mais importante evento de divulgação de cinema da Península Ibérica.

A título de curiosidade refira-se que a sexta-feira da semana passada foi destinada à reserva de bilhetes pelas centenas de acreditados e que logo no primeiro dia em que o público pôde aceder às bilheteiras foram vendidas mais de trinta mil entradas.

A actriz australiana Cate Blanchett é a cara do cartaz oficial do Festival. Duas vezes distinguida com o Oscar da Academia de Hollywood – em ‘Blue Jasmine’ de Woody Allen e em ‘O Aviador de Martin Scorsese – Cate Blanchett vai ser, tal como Pedro Almodóvar, uma das personalidades distinguidas com o Prémio Donostia, o galardão de carreira atribuído pela mostra ‘donostiarra’.

Javier Bardem vai receber hoje, na gala de inauguração do Festival, o Prémio Donostia que lhe foi atribuído na edição do ano passado. Recorde-se que o actor espanhol não pôde participar no festival de 2023 devido à greve que então decorria decretada pelo Sindicato dos Actores dos Estados Unidos.

 

‘Emmanuelle’ da francesa Audrey Diwan na sessão de abertura da secção oficial e ‘We Live in Time’ do irlandês John Crowley escolhido para o encerramento

Audrey Diwan conquistou o ‘Leão de Ouro’ de Veneza em 2021 com “L’Evénement” (O Acontecimento), com argumento adaptado da obra de Annie Ernaux, escritora que ganharia o Prémio Nobel da Literatura em 2022. Ainda em 2021 Audrey Diwan integrou o júri oficial de San Sebastián e agora regressa com ‘Emanuelle’ um filme em competição e que mereceu a honra de ser escolhido para a sessão inaugural.

No fecho do festival teremos, fora de competição, ‘We Live in Time’, do irlandês John Crowley, recentemente estreado no Festival de Toronto.

 

“On Falling” filme da portuense Laura Carreira em competição na secção oficial

Como acontece habitualmente a principal secção competitiva deste festival basco mistura obras de autores consagrados com outras de realizadores em princípio de carreira, contempla a presença de filmes de cinematografias orientais (China e Japão) e reserva um espaço importante ao cinema espanhol e ao da América Latina (desta vez, Argentina e Chile).

Para além da já citada Audrey Diwan poderão ser vistos os mais recentes trabalhos da chilena Maite Alberdi (duas vezes nomeada para o Oscar do melhor documentário), do veterano realizador grego Costa-Gavras (autor de um cinema politicamente comprometido, vencedor de dois Oscares, dos Festivais de Cannes, Berlim, Veneza e Locarno e Prémio Donostia em 2019), do britânico Mike Leigh (7 nomeações para o Oscar, ‘Palma de Ouro’ de Cannes e ‘Leão de Ouro’ em Veneza) e o francês François Ozon (‘Concha de Ouro’ de San Sebastián, ‘Espiga de Ouro’ de Valladolid e premiado em Cannes e Berlim).

No grupo de filmes de autores menos conhecidos encontra-se “On Falling” da cineasta portuense Laura Carreira. Nascida em 1994, a jovem realizadora emigrou para a Escócia em 2012. Esta é a sua primeira longa-metragem e está focada, tal como os seus trabalhos anteriores, no mundo do trabalho. A pobreza, a precariedade e a perda de direitos são alguns dos temas tratados neste filme em que a actriz Joana Santos dá corpo à personagem de uma migrante portuguesa. A parte portuguesa da produção é assegurada pela BRO Cinema e a produtora inglesa é ‘ Sixteen Films’, curiosamente co-fundada por Ken Loach!

 

São os seguintes os filmes que integram a secção oficial

Em competição

  • ‘Emmanuelle’ de Audrey Diwan (França) – sessão inaugural;
  • ‘Bound in Heaven’ de Xin Huo (China);
  • ‘Conclave’, co-produção Reino Unido / EUA, realizada pelo alemão Edward Berger; nomeado para um Oscar em 2023 com ‘A Oeste Nada de Novo’;
  • ‘El lugar de la otra’ de Maite Alberdi (Chile);
  • ‘Hebi No Michi’ / Serpent’s Path, co-produção Japão / França dirigida pelo nipónico Kiyoshi Kurosawa;
  • ‘Le Dernier Souffle’, produção francesa realizada pelo grego Costa-Gavras;
  • ‘Hard Truths’ (A Minha Única Família) de Mike Leigh (Reino Unido);
  • ‘Los Destellos’ de Pilar Palomero (Espanha);
  • ‘On Falling’ de Laura Carreira (Reino Unido / Portugal);
  • ‘Quand Vient L’ Automne’ (Quando vem o Outono) de François Ozon (França);
  • ‘The End’, co-produção Dinamarca / Alemanha / Irlanda / Itália, realizada pelo norte-americano Joshua Oppenheimer;
  • ‘El Hombre que amaba los platos voadores’ de Diego Lerman (Argentina);
  • ‘Tardes de Soledad’ de Alberto Serra (Espanha);
  • ‘Soy Nevenka’ de Iciar Bollain (Espanha);
  • ‘El Llanto’ de Pedro Martín Callero (Espanha);
  • ‘The Last Showgirl’ de Gia Coppola (EUA).

 

Fora de concurso

  • ‘We Live in Time’ de John Crowley (Reino Unido) – sessão de encerramento;
  • ‘La Virgen Roja’ da espanhola Paula Ortiz;
  • ‘Modi – Three Days on the Wing os Madness’, mais um trabalho como realizador de Johnny Depp;
  • ‘Querer’, série da espanhola Alaua Ruiz de Azúa;
  • ‘Yo, adicto’, série dos espanhóis Javier Giner e Elena Trapé.

 

Jaione Camborda preside ao júri oficial

A vencedora da “Concha de Ouro” de 2023 é a presidente do júri oficial desta 72ª edição.  Jaione Camborda, natural de San Sebastián e radicada na Galiza , conquistou o prémio principal do festival do ano passado com a co-produção luso-espanhola “O Corno do Centeio”.

Os outros elementos do júri são a escritora e jornalista argentina Leila Guerriero, o actor e realizador norte-americano Fran Kranz, o realizador grego Christos Nikou, a produtora francesa Carole Scota e o cineasta austríaco Ulrich Seidl.

 

Grande Prémio FIPRESCI para ‘Poor Things’ / (Pobres Criaturas) do grego Yorgos Lanthimos

Com júris em muitos festivais de todo o mundo a FIPRESCI – Federação Internacional de Críticos de Cinema atribui também todos os anos um prémio àquele que classifica como melhor filme do ano. O palco escolhido para a entrega do Grande Prémio FIPRESCI é o Festival de San Sebastián numa sessão especialmente programada para o efeito e que é um dos pontos altos do festival basco.

Em 2024 o Grande Prémio FIPRESCI distinguiu “Poor Things” (Pobres Criaturas) do grego Yorgos Lanthimos, filme já exibido em Portugal.

Vencedor de 4 dos 11 Oscares para que foi nomeado o filme conta no elenco com nomes como Emma Stone e Willem Dafoe e com a participação da cantora portuguesa Carminho.

Receba a nossa newsletter

Contorne o cinzentismo dominante subscrevendo a nossa Newsletter. Oferecemos-lhe ângulos de visão e análise que não encontrará disponíveis na imprensa mainstream.

- Publicidade -

Outros artigos

- Publicidade -

Últimas notícias

Mais lidos

- Publicidade -