• Início
  • Política
  • Opinião
  • Internacional
  • Economia
  • Sociedade
  • Cultura

pub

Diário Alternativo

Director João de Sousa

Diário Alternativo | Director João de Sousa

  • Política
    • Opinião
      • Cartas dos Leitores
    • Crónica
    • Discurso Directo
  • Internacional
    • Geopolítica
    • Direitos Humanos
    • Europa
    • Lusofonia
  • Economia
    • Análise
    • Energias
    • Empresas
    • Media
    • Crítica TV
  • Sociedade
    • Ambiente
    • Ciência
    • Educação
    • Saúde
    • Religião
    • Justiça
    • Regiões
    • Tecnologia
      • Jogos
    • Estilos
      • Humor
      • Visual
      • Viagens
      • Motores
  • Cultura
    • Agenda Cultural
    • Grandes Pensadores
    • Artes
    • Cinema
    • Música
    • Livros
    • Ensaio
    • Contos
    • Poesia
    • Palavras Soltas
  • Especiais
    • Lei de Bases da Saúde
    • Empreendedorismo
    • Eutanásia
    • 200 anos Karl Marx
HomeOpiniãoO atentado de Londres e a lição de McGuiness

O atentado de Londres e a lição de McGuiness

Tropas britânicas acantonadas em quartéis com altas torres de betão envoltas em arame farpado; carros blindados da polícia de choque apedrejados por crianças nas cidades-fortaleza do IRA; um alto muro a separar católicos de protestantes ao longo de muitos quilómetros em Belfast, com portões que encerravam à noite, isolando as duas comunidades – este era ainda o cenário da Irlanda do Norte, em meados dos anos 90, quando lá estive em reportagem.

  • 27 Março, 2017
  • Carlos Fino, em Brasília
  • Posted in Opinião
  • 4

pub

FacebookTwitterPinterestReddit
Tumblr

Nas paredes laterais das casas, desenhos e inscrições com os símbolos dos grupos armados de um e outro lado, num clima de confronto que a todo o momento podia explodir num novo atentado, a que se seguiria um outro de retaliação numa cadeia sangrenta sem fim.

Enquanto os nacionalistas católicos reivindicavam a unificação do Ulster com a República da Irlanda, os protestantes, herdeiros da colonização inglesa, maioritários no território, exigiam a continuação do domínio britânico.

O confronto era total e aparentemente sem saída.

E no entanto… pouco a pouco, o impasse sangrento a que se chegara e o crescente desgaste com inúmeras perdas de vidas de um lado e de outro (três mil e seiscentos mortos, incluindo centenas de soldados ingleses) acabou por gerar a consciência de que a perpetuação da violência não traria qualquer resultado útil, apenas aprofundando mais e mais o fosso entre as duas comunidades.

Com a agravante de gerar um clima de permanente instabilidade que por vezes extravasava perigosamente ora para a Irlanda, ora para a própria Inglaterra, como se viu no aparatoso atentado do IRA (Exército Republicano Irlandês) contra Margaret Thatcher, que fez ir pelos ares parte do Grande Hotel de Brighton, em 1984.

Começou por isso, a certa altura, a busca por uma solução

negociada. Primeiro timidamente, em contatos secretos exploratórios, depois em encontros abertos, colocando lado a lado as figuras mais emblemáticas das duas partes.

A excepcional conjuntura política interna e externa favoreceu o entendimento. Com Tony Blair em Londres e Bill Clinton em Washington, os obstáculos foram sendo ultrapassados e finalmente, em Abril de 1998, foi assinado um acordo (Good Friday Agreement) envolvendo os governos da Irlanda e da Grã-Bretanha, por um lado, e as principais forças políticas da Irlanda do Norte (Ulster) por outro.

Um acordo em que se definiram os termos de um auto-governo do território no qual participam até hoje os líderes políticos que antes se guerreavam.

Guerra sem fim e reflexão necessária

Um desses homens – Martin McGuiness, líder do IRA, faleceu a semana passada. Quando jovem, cometeu vários atentados, esteve preso, foi condenado, nunca abdicou das suas ideias, mas acabou, dos anos 90 para cá, por ter um papel-chave nas negociações de paz.

Justamente porque era um líder da linha mais irredutível e absolutamente respeitado pela militância nacionalista, o seu papel foi crucial para “vender o acordo às tropas”.

Para mim, que desde os anos 60, quando rebentou o conflito, me habituara a assistir ao confronto irredutível, ver figuras como o reverendo protestante Ian Paisley (também já falecido) ao lado do católico McGuiness, na mesma mesa e partilhando responsabilidades, foi das realidades políticas mais espantosas (e gratificantes) de toda a minha vida.

A coincidência do funeral de McGuiness com o atentado de Londres da semana passada faz reflectir sobre se na questão

do terrorismo islâmico estaremos condenados a uma guerra sem fim ou se, como aconteceu na Irlanda do Norte, também será um dia possível pôr termo aos atentados.

A irrecusável solidariedade com as vítimas e a condenação total e sem ambiguidades do terrorismo não devem impedir que nos interroguemos sobre as causas profundas que estão na sua origem; e, também, sobre o que tem falhado na aproximação a essas comunidades nas grandes capitais europeias, a ponto de nelas se gerar uma espécie de quinta coluna interna do islamismo radical, sempre disposta a atacar-nos pelas costas.

Uma coisa é certa – persistir só no confronto bélico, sem procurar o diálogo com as grandes massas do Islão, já marcadas em muitos países por séculos de cruzadas e colonialismo, só poderá atiçar a guerra de civilizações que não queremos, produzindo mais e mais conflitos sem fim à vista.

Por mais radicais que tenham sido ou ainda sejam as posições em confronto, os benefícios do entendimento – que passa pelo reconhecimento dos interesses e direitos do outro – poderão ser muito superiores aos da guerra.

Apesar da fragilidade que ainda apresentam os acordos de 1998, na Irlanda do Norte, apesar do ressentimento e da dor nunca extinta das famílias atingidas pela violência, é possível superar a intransigência e dialogar – esta parece ser a grande lição de McGuiness.

 

Share this

FacebookTwitterPinterestReddit
Tumblr

About author

Carlos Fino, em Brasília
Carlos Fino, em Brasília

Jornalista

Related Posts

comments
Opinião

“Esta decisão foi um choque para todos…”

Ver mais

comments
Opinião

A origem do lamaçal

Ver mais

comments
Opinião

A dança das cadeiras em Ancara

Ver mais

comments
Opinião

As Profissões de Saúde como comunhão de almas?

Ver mais

Tags

  • Atentados
  • IRA
  • Islão
  • Londres

Do not miss

comments
Opinião

“Esta decisão foi um choque para todos…”

Ver mais

Jornalismo Livre

Apoie esta ideia

banner Donativo por multibanco ao Jornal Tornado

Newsletter

pub

Breves

Festival virtual reúne música instrumental feita n...

Ver mais

  • 11 Abril, 2021
  • Jornal Tornado
  • Posted in Agenda CulturalBreves

Ovo de Páscoa

Ver mais

  • 11 Abril, 2021
  • Jornal Tornado
  • Posted in BrevesCartoon

China: O Dragão de Mil Cabeças

Ver mais

  • 10 Abril, 2021
  • IntelNomics
  • Posted in BrevesInternacional

Look do dia…

Ver mais

  • 4 Abril, 2021
  • Jornal Tornado
  • Posted in BrevesCartoon

Newsletter

Receba regularmente a nossa newsletter

  • Contribua para uma Imprensa Plural e Independente
  • Estatuto Editorial
  • Ficha Técnica
  • Estatuto Editorial
  • Ficha Técnica
  • Política de privacidade

Este site usa cookies para melhorar a sua experiência. Vamos supor que esteja de acordo, mas pode optar por não participar, se desejar. Ler mais

Aceitar Recusar Configuração dos Cookie
I consent to the use of following cookies:
Cookie Declaration About Cookies
Necessary (0) Marketing (0) Analytics (0) Preferences (0) Unclassified (0)
Necessary cookies help make a website usable by enabling basic functions like page navigation and access to secure areas of the website. The website cannot function properly without these cookies.
We do not use cookies of this type.
Marketing cookies are used to track visitors across websites. The intention is to display ads that are relevant and engaging for the individual user and thereby more valuable for publishers and third party advertisers.
We do not use cookies of this type.
Analytics cookies help website owners to understand how visitors interact with websites by collecting and reporting information anonymously.
We do not use cookies of this type.
Preference cookies enable a website to remember information that changes the way the website behaves or looks, like your preferred language or the region that you are in.
We do not use cookies of this type.
Unclassified cookies are cookies that we are in the process of classifying, together with the providers of individual cookies.
We do not use cookies of this type.
Cookies são pequenos arquivos de texto que podem ser usados pelos sites para tornar a experiência do utilizador mais eficiente. A lei estabelece que podemos armazenar cookies no seu dispositivo se eles forem estritamente necessários para a operação deste site. Para todos os outros tipos de cookies, precisamos da sua permissão. Este site utiliza diferentes tipos de cookies. Alguns cookies são colocados por serviços de terceiros que aparecem nas nossas páginas.
Cookie Settings
Subscrever Newsletter Tornado

Para começar a receber as nossas notícias, basta preencher o seguinte formulário.

Até já!

Depois de subscrever a Newsletter irá receber um email para confirmar a sua subscrição.

Os Limites da Terra. Reserve já!

Formulário

    Indique o seu nome (obrigatório)

    Indique o seu email (obrigatório)

    Indique o seu telefone ou telemóvel de contacto (obrigatório)

    Número de exemplares que pretende

    Observações

    Fernando Pessoa Contra o Homem Aranha. Reserve já!

    Formulário

      Indique o seu nome (obrigatório)

      Indique o seu email (obrigatório)

      Indique o seu telefone ou telemóvel de contacto (obrigatório)

      Número de exemplares que pretende

      Observações / Morada

      Tem uma dica para nós? Envie-nos!

        Seu nome (required)

        Seu email (required)

        Assunto

        Mensagem

        Got a hot tip? Send it to us!

          Your Name (required)

          Your Email (required)

          Video URL

          Attach Video

          Category
          SportNewsTechMusic

          Your Message