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Quarta-feira, Março 27, 2024

3 perguntas a… Itamar Vieira Junior

J. A. Nunes Carneiro, no Porto
J. A. Nunes Carneiro, no Porto
Consultor e Formador

Torto Arado   |  Leya

Itamar Vieira Junior
Itamar Vieira Junior nasceu em Salvador, Bahia, Brasil. É geógrafo e doutor em Estudos Étnicos e Africanos, com pesquisa sobre a formação de comunidades quilombolas no interior do Nordeste brasileiro. Publicou a colectânea de contos A Oração do Carrasco (2017), finalista do prestigiado Prêmio Jabuti de Literatura. Tem contos traduzidos e publicados em revistas especializadas em França e nos EUA. O seu último trabalho é o romance, Torto Arado, galardoado com o Prémio LeYa em 2018. (Wook)


Como recebeu a atribuição do Prémio Leya 2018 ao seu livro «Torto Arado»?

Com surpresa e emoção. O prémio é uma distinção para o mundo lusófono, a de maior valor monetário e com uma grande projeção. Tem sido muito bom acompanhar o maravilhoso trabalho da editora e o apreço dos leitores portugueses, que acompanham com interesse os livros premiados. Eu havia publicado dois livros de contos no Brasil por pequenas editoras, o último teve certa projeção depois de ser finalista do Prêmio Jabuti. Creio que para qualquer autor que pouco conhece as editoras e o mercado editorial, e que viva no Nordeste brasileiro, o que aconteceu comigo foi excepcional, porque agora sou publicado por duas grandes casas editoriais, em Portugal e no Brasil, pelo mérito que o livro teve e que só foi possível porque havia o prémio.

Depois de uma antologia de contos («Dias»), surge o romance agora premiado: qual a ideia que esteve na origem deste novo livro?

A ideia de escrevê-lo surgiu há muitos anos, justamente quando eu era apresentado aos escritores Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, Jorge Amado e João Cabral de Melo Neto. Porém, naquele momento, apesar da vontade de escrevê-lo – e cheguei a escrever 80 páginas – não havia a vivência, a experiência, a minha educação na terra para narrar a história. Eu nasci na cidade e só muito mais tarde fui trabalhar no campo. O primeiro momento foi de choque; os romances e as obras que havia lido sobre o sertão tinham mais de cinquenta anos, mas pouca coisa havia se modificado no campo brasileiro: a estrutura fundiária, a miséria e a violência eram as mesmas. Foi lá que tive contato com os mais pobres, os que não tinham terra e viviam em acampamentos; os pequenos agricultores; os quilombolas e outras populações tradicionais. Foi com eles que me eduquei, aprendi sobre a terra e sobre suas histórias. O romance cresceu em mim novamente e pude contá-lo a partir de uma perspectiva que se aproximasse da vida dessas pessoas.

Tendo experimentado o conto e agora o romance, consegue dizer por onde irá a sua escrita no futuro?

Depois de “Torto arado” continuei a escrever contos. Tenho projetos para escrever romances. Acho que seguirei no caminho da literatura.

 

 

Itamar Vieira Junior

Torto Arado

(Prémio Leya 2018)

Leya  15,50€


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