Ai, ai! A Bastonária da Ordem dos Enfermeiros fez queixinha. Diz que viu a eutanásia! Ai, ai! Vai para o castigo a Aninhas, que não pode andar a dizer o que sabe sem pedir, primeiro.
Ai, ai! A menina Ana Rita Cavaco viu uma seringa de insulina e foi contar… Ainda bem que no dia seguinte, depois do tau-tau, voltou à sala e disse aos papás: “Nunca disse que vi praticar que se praticava”. Assim sim, menina Aninhas, não se deve andar a dizer coisas que incomodam a família. Se há problemas, menina Aninhas, fala primeiro com o pai, ou com a mãe que depois conta ao pai que, finalmente, decide se conta ou não ao senhor director.
O pai ontem estava zangado, menina Aninhas. O pai da Ordem dos Médicos José vai fazer queixa da menina ao director da escola porque a menina disse coisas “gravíssimas” e, em vez de querer saber se é verdade o que a menina diz, vai pedir ao senhor director uma investigação sobre a menina. Bem feita, Aninhas, para ver se aprende a estar calada. Ou pensa que isto é chegar e denunciar as coisas e sair impune? Não estamos em Boston e a menina não foi violada por um padre. E ainda se fosse, o papá e o director iam ver se tinha sido uma coisa má ou vontade de deus.
Tau tau. Ai ai. Pum pum!
Ou seja: estão-se todos marimbando para a verdade. A bastonária dos Enfermeiros, que tem medo mas não é louca, disse sobre a eutanásia o que dantes se dizia do aborto: que las hay, las hay. Mas como os cabotinos de serviço não admitem que a realidade anda sempre à frente do Direito e dos costumes (como, aliás, é normal), viraram-se contra o mensageiro. Ficaram a olhar para o dedo de Ana Rita Cavaco em vez de ver para onde apontava a Bastonária.
Não se pode pedir grande coragem a uma mulher que fica, em 24 horas, acossada pelos pares. As declarações mais entediantes e confrangedoras são as do antecessor de Rita Cavaco, que se aprumou para ir à televisão desmentir a colega e sucessora. Uma vergonha. Os antecessores calam-se e apoiam, não contradizem. É uma questão de educação. Germano Couto não percebeu.
Mas convinha saber a verdade. Em vez de manto diáfano, a claridade.
Há, ou não há? Desconfio que haja e que a lei irá, finalmente, aliviar, com a doce eutanásia do politicamente correcto, os que hoje andam de bastonada à ordem.