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Sábado, Abril 27, 2024

A tentativa de destruição do Estado da Palestina é evidente

M. Azancot de Menezes
M. Azancot de Menezes
PhD em Educação / Universidade de Lisboa. Timor-Leste

A história mostra que o plano de expansão de Israel teve início em 1897 no I Congresso Sionista realizado em Basileia, em que foram principais congressistas judeus da Europa central.

Em 2018 escrevi um artigo neste Jornal sobre esta matéria e que agora estou a relembrar mas, antes de tudo, começo por transmitir uma palavra de total solidariedade ao povo mártir palestiniano e, obviamente, expressar o meu repúdio pelos bombardeamentos israelitas, contra um povo indefeso que luta pela sua sobrevivência e independência, ataques indiscriminados que atingem de forma premeditada hospitais, escolas e destroem, não o Hamas, mas infraestruturas básicas para a sobrevivência do povo da Palestina, portanto, dando seguimento à tentativa de destruição do Estado da Palestina, como referi, um plano iniciado em 1897.

O “sionismo”, nome baseado na famosa colina de Sião, em Jerusalém, é antigo e remonta a 1887, como uma doutrina que procurava, já nessa altura, juntar os judeus.

 

Cronologia dos acontecimentos e reivindicações justas dos palestinianos

Segundo Roux-Lanier, Pimbé, Lanot e Ropert (1998) a ideia de se iniciar a colonização judaica já tem 117 anos.

Em 1901, com meios financeiros significativos foi criado o Fundo Nacional Judaico, com o objectivo de se iniciar a fundação de colonatos judaicos, os conhecidos “Kibutz”, comunidades agrícolas de colonos judeus, mas, também, a criação de áreas urbanas, porque uns anos depois, em 1909, surgiu Telavive.

Os britânicos, por altura da primeira guerra mundial (1914-1918), quando o Império Otomano se aliou aos alemães, em troca de ajuda, prometeram aos árabes, e também aos judeus, um “lar nacional”, obviamente, uma promessa impossível de cumprir porque os árabes já reivindicavam o território há séculos.

No final da primeira grande guerra, os sionistas, aproveitando a “promessa” dos britânicos, iniciaram um processo de pressão contra a Inglaterra para a construção de um único Estado, o Judaico. Acto contínuo, profundamente revoltados, os palestinianos procuraram apoio junto dos países árabes.

Em 1939, no início da 2.ª Guerra Mundial, havia pouco mais de sessenta mil judeus e quase um milhão e quatrocentos mil palestinianos, mas, a situação manteve-se num impasse, devido ao facto dos ingleses precisarem dos judeus para ajudaram a combater os alemães de Hitler.

Com o fim da 2.ª Guerra Mundial, em 1945, com o holocausto nazi, os judeus, após beneficiarem da simpatia da comunidade internacional aproveitaram a situação para a sua promoção, a retoma da expansão sionista para a construção de um único Estado na região, estratégia que se está a verificar, com o silêncio brutal da comunidade internacional, para além das habituais tímidas e ridículas declarações de contestação das Nações Unidas, como aconteceu durante anos com Timor-Leste ocupado pela Indonésia.

O rigor da cronologia histórica que descrevi poderá ser (eventualmente) questionado de forma pontual, aqui ou ali, contudo, no essencial dá para perceber e reconhecer a legitimidade inquestionável das reivindicações do povo da Palestina.

É preciso ter presente que o desejo unilateral de Israel se tornar Estado nunca foi aceite pelos Estados da Liga Árabe e que por isso envolveram as suas tropas na Palestina. Após os violentos combates com Israel ocorridos em 1948, durante um ano, em que estes últimos saíram vencedores, originou-se a fuga de 700 mil palestinianos. E foi nesta altura que Israel decidiu ocupar as terras deixadas pelos autóctones, o que permitiu a entrada de mais de 4 milhões de imigrantes, desde que desejassem ter nacionalidade israelita.

Para agravar a situação, em 1967, os israelitas ocuparam a Cisjordânia e surgiram novos colonatos judeus. A partir da década de 70, houve uma certa aproximação entre Israel e os países árabes (acordos de Camp David) e somente na década de 90 tiveram início negociações entre a OLP de Arafat para criação do Estado Palestino nos territórios ocupados.

A verdade é que estamos em 2023 e a situação piorou, é trágica, notando-se a ambição desmedida do regime de Israel.

A violação dos direitos humanos nos territórios ocupados do Estado palestiniano é assustadora, hedionda, os donos da terra são prisioneiros de Israel, sendo a Faixa de Gaza, um pequeno espaço de terra com 40 quilómetros de comprimento e 10 de largura, conhecida como uma prisão a céu aberto, bombardeada de forma criminosa e planeada.

Enquanto ser humano defendo de forma intransigente o direito do povo palestiniano à defesa da sua justa luta, a construção de um Estado soberano, livre e independente.

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