Esta atitude acrítica e servil da maioria dos meios de comunicação impede o escrutínio desapaixonado e a responsabilização dos políticos e gestores.
Descontente com os resultados da gestão anterior da Caixa Geral de Depósitos resolveu o Governo, e bem, mudar a sua composição.
O Secretário de Estado responsável pelas nomeações, muito orgulhoso do seu trabalho, em vez de as passar antecipada e discretamente pelo crivo do Banco Central Europeu resolveu torna-las públicas.
Naturalmente o Banco Central Europeu reprovou vários nomes propostos pelo Governo e só aceitou outros na condição de que fossem complementar os seus estudos.
A base dos chumbos foi o manifesto incumprimento da Lei portuguesa. O Secretário de Estado Mourinho, um “reputado profissional” muito “respeitado na sua área”, responsável pela trapalhada não se demitiu por tamanha incompetência. Portugal envergonhado por uma entidade supranacional que lhe chama a atenção de que está a violar as suas próprias Leis! Eis uma obra digna de qualquer “reputado profissional”. Muitos não fariam melhor.
Prosseguindo a sua obra, o Secretário, com uma atitude de pura bazófia e da típica atitude de quero, posso e mando, veio dizer que se a Lei não concorda com as suas nomeações então que se vergue a Lei aos seus ditames. Estado de Direito, cumprimento das Leis em vigor, consulta prévia dos partidos que suportam o Governo, tudo isso manda para as ortigas, que se mude a Lei porque Sua Exa. quer.
Mas há mais. Três indivíduos propostos para cargos executivos foram aconselhados a terminar a sua formação técnica. Depois de um conselho destes manda a prudência que sejam substituídos por outros que tenham a formação completa. A Caixa Geral de Depósitos é instituição demasiado importante para ficar nas mãos de estudantes e incompetentes.
Mas que faz o “reputado profissional, muito respeitado na sua área”? Confirma-os nos cargos e apressa-se a dar-lhes posse.
Assim teremos mais três “reputados profissionais” com formação incompleta a gerir o mais importante banco do sistema financeiro português, enquanto prosseguem os seus estudos técnicos no estrangeiro.
E não se pense que se trata de alguma cadeira insignificante em atraso. Não. A formação que lhes falta é o curso de Gestão Bancária Estratégica! Para além deste curso o responsável nomeado pelo governo para gerir o risco da Caixa deverá também tirar o curso de Risco Financeiro e Regulação.
Ou seja as áreas em que estes “reputados profissionais” precisam complementar a sua formação são exatamente aquelas de que vão ser responsáveis. Melhores “reputados profissionais” não existem em Portugal! Excelente escolha.
Infelizmente o que a Caixa precisa é de gestores que se identifiquem com o interesse público, sejam tecnicamente sólidos e apoiem o desenvolvimento económico e social do país. Do que não precisa é de “reputados profissionais”
Cada regime tem a sua linguagem própria em que uma coisa quer dizer exatamente o seu contrário. No regime fascista “liberdade” queria dizer “ditadura”, no regime actual “reputado profissional” quer dizer “rematado incompetente”.
Quanto a “muito respeitado na sua área” quer dizer isso mesmo: admirado por outros “reputados profissionais”.