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Sábado, Abril 27, 2024

Casa da Música com Ano da Rússia em 2016

casamusica

Em 2016, a Casa da Música, no Porto, comemora 11 anos e para a programação principal elegeu o Ano Rússia com a maior mostra de música russa jamais realizada em Portugal. Mais de três dezenas de concertos envolvem os quatro Agrupamentos Residentes da Casa Música, o Serviço Educativo e um número significativo de reputados músicos convidados.

As sete Sinfonias de Sergei Prokofieff e os quatro Concertos para piano e orquestra de Sergei Rachmaninoff, são as principais atracções do ano.

A Casa da Música recebe também perspectiva histórica do património musical russo, desde os primórdios da música vocal da tradição ortodoxa até aos nossos dias, passando pelos precursores da música clássica russa como Maxim Berezovsky – autor da primeira sinfonia russa conhecida. Ainda obras de Dmitri Bortniansky, Mikhail Glinka (considerado o pai da música nacional russa), Alexander Glazunov, Rimsky-Korsakov, Mily Balakirev, Khatchaturian, Nikolai Myaskovsky, Modest Mussorgsky, Alexander Borodin, Tchaikovsky, Scriabin, Chostakovitch, Stravinsk. Entre os mais recentes compositores Alfred Schnittke (merecedor de uma retrospectiva), Sofia Gubaidulina, Galina Ustvolskaya, Edison  Denisov e Elena Firsova.

Seguem-se os destaques da programação por cada mês ainda sem datas concretas anunciadas.

 Janeiro

A Abertura Oficial do Ano Rússia, conta com a participação da Orquestra Sinfónica Casa da Música na interpretação da Sagração da Primavera, de Igor Stravinsky, uma das mais marcantes obras orquestrais de todos os tempos. A abrir este concerto, o Concerto nº 4 para violino e orquestra, de Alfred Schnittke, relevante compositor da segunda metade do século XX. Stravinsky e Schnittke estão igualmente em destaque no segundo concerto desta Abertura Oficial, com o Remix Ensemble e o Coro Casa da Música.orquestra

O Serviço Educativo marca presença com um espectáculo de teatro musical para as famílias, “A rolha da garrafa do Rei da Rússia”, onde o Coro da Casa da Música interpreta umas das jóias da música vocal russa, as maravilhosas Vésperas, de Sergei Rachmaninoff.

Ainda em Janeiro, a Orquestra Sinfónica apresenta obras de quatro compositores portugueses, encomendadas pelo Município de Matosinhos, homenageando o seu papel pioneiro na implementação de uma política cultural autárquica e o seu mentor, o melómano Manuel Dias da Fonseca. No final do mês, a Sinfónica abre o ciclo da Integral das Sinfonias de Sergei Prokofieff, com o maestro Kirill Karabits.

Fevereiro

No centro do festival Invicta.Música.Filmes, dois momentos desta viagem pela história da música russa: a projecção do filme do bailado Romeo e Julieta, de Prokofieff, com a Companhia de Ballet do Teatro Bolshoi acompanhado ao vivo pela Orquestra Sinfónica residente. Também o primeiro concerto do ciclo da Integral dos Concertos para piano de Sergei Rachmaninoff, o Concerto nº 2, imortalizado pelo filme de David Lean Breve Encontro. Encerra o cartaz o espectáculo de DJ e VJ Layka Film, com episódios com nomes como Layka e Sputnik, do início da era espacial.

Pela mão do Remix Ensemble, abre a meio do mês o Portrait Georges Aperghis, a retrospectiva do grande compositor greco-francês que contribuiu para a reinvenção do teatro musical no séc. XX e que é Compositor em Residência da Casa da Música.

 Março

A grande escola russa do piano é representada por Grigory Sokolov, e prossegue a Integral dos Concertos para piano de Sergei Rachmaninoff, sempre com jovens prodígios do pianismo português.

No ciclo Concertos de Páscoa, a Orquestra Barroca traz um programa temático que marca a estreia do maestro e oboísta Alfredo Bernardini. O Remix Ensemble e o Coro Casa da Música interpretam o intenso e desconcertante Requiem de Schnittke.

Abril

gabrielPara Abril está marcada a estreia em Portugal, na qualidade de compositor, de um dos artistas em destaque no ano, o multifacetado Gabriel Prokofiev, neto de Sergei Prokofief. O seu Concerto para “turn tables” e orquestra é interpretado pela Orquestra Sinfónica e pelo campeão do mundo DJ Switch, a par da Sinfonia nº 4 do seu avô.

Abril é sempre o mês de um dos mais identitários festivais Música & Revolução. Surrealismo Socialista e em 2016 é dedicado aos compositores mais perseguidos pelo regime Soviético: Chostakovitch, Myaskovsky e Prokofieff, Elena Firsova, Edison Denisov, Sofia Gubaidulina e Galina Ustvolskaia. É ainda ocasião para a estreia do mítico maestro russo Vassily Sinaisky à frente da Orquestra Sinfónica, que, mais uma vez, se cruza criativamente em palco com o Remix Ensemble. Ao panorama das músicas proibidas pelo regime Soviético acrescentamos um concerto dedicado à música Rock, Back in the USSR, com a StopEstra!

 Maio

Mantém-se o Ciclo Rito da Primavera com Spring ON!, dedicado aos jovens valores emergentes do Jazz, e ECHO Rising Stars, que reúne as mais recentes promessas internacionais da música de câmara. Ainda dentro do ciclo, destaque para o concerto da Orquestra Sinfónica em que se interpretam as primeiras sinfonias de Prokofieff e Schnittke.

A continuada homenagem a Helena Sá e Costa culmina com o recital do virtuoso pianista Boris Berezovsky, que assim regressa ao Ciclo de Piano.

 Junho

Com a chegada do calor abre a programação do festival Verão na Casa, tempo de levar a música ao espaço público, seja com os concertos de jazz e pop-rock na Esplanada, seja na Praça Guilhermina Suggia em Matosinhos ou, para encerrar o ciclo e a marcar a rentrée cultural da cidade do Porto, com o concerto da Sinfónica oferecido à população na Avenida dos Aliados.

 Julho

Dentro de portas, as belas Serenadas de Tchaikovsky, Dvorák e Mozart pela Sinfónica, o Cântico do Sol de musicaGubaidulina nas vozes do Coro Casa da Música e obras de Maxim Berezovsky e Dmitri Bortniansky pela Orquestra Barroca com a participação do virtuoso violinista russo Dmitry Sinkovsky. Ainda em Junho, a primeira visita do Artista em Residência, o suíço Heinz Holliger que, à frente do Remix Ensemble, mostra porque é um dos mais reputados maestros, compositores e oboístas do nosso tempo, interpretando ele mesmo o Concerto nº1 para oboé e ensemble de Bruno Maderna e dando a ouvir uma das suas obras mais recentes, Lunea, para ensemble e barítono.

 Agosto

O destaque vai para a estreia mundial de uma obra encomendada pela Casa da Música a Gabriel Prokofiev, compositor, produtor e DJ. É uma obra para a Orquestra Sinfónica e os novos instrumentos da lutherie electrónica, numa ponte entre a música erudita e o hip-hop.

 Setembro

Como em Agosto, as férias abrandam a programação, em Setembro voltam as Transgressões, como um dos momentos marcantes da temporada. Logo a abrir o ciclo, o compositor Hanz Zender e Schuberts Winterreise. Com o Remix Ensemble está o intérprete de referência da obra, o tenor Christoph Prégardien, para uma inédita versão cénica do encenador e cenógrafo Nuno Carinhas, que nos guia nesta schubertiana viagem de Inverno.

No mesmo contexto programático, ouvimos, pela Sinfónica, a primeira sinfonia conhecida em que todos os andamentos são escritos numa tonalidade diferente, a Sinfonia nº 9 de Mahler. Que terão pensado os seus contemporâneos? Transgressão à vista. E que dizer dos arranjos e (re)orquestrações que Stokovsky e Schoenberg se atreveram a realizar de obras dos intocáveis Bach e Brahms? Ou das transcrições para piano com que Elisso Virsalaze, outra das grandes representantes da Escola da Piano russa.

 Outubro

O primeiro dia do mês de Outubro é sempre especial: é Dia Mundial da Música. O Serviço Educativo prepara um projecto único com interacção de várias comunidades no espaço urbano. Este ano junta-se à festa a Orquestra Sinfónica num programa imperdível que, partindo de um dos melhores exemplos da música sinfónica portuguesa da primeira metade do século passado com Paraísos Artificiais de Freitas Branco, evoca os ecos na sua obra da arte da orquestração francesa, passando por Ravel e Debussy, para culminar nas portentosas Notations de Pierre Boulez. Em meados de Outubro, terá lugar a quarta edição de Outono em Jazz.

Ainda em Outubro, regressa a grande música orquestral russa com mais um Concerto para Piano de Rachmaninoff e o esplendoroso Poema do Êxtase de Alexander Scriabin combina com a linguagem harmónica de Georges Aperghis, em estreia portuguesa com o Concerto para Acordeão, fruto de uma encomenda da Casa da Música e do festival Musica Viva da Radiodifusão da Baviera para o virtuoso Teodoro Anzellotti.

 Novembro

heinzO mês abre com o regresso de Heinz Holliger pela mão do Remix Ensemble e com o próprio à frente da Sinfónica para dirigir o seu Concerto para Violino, na interpretação do seu dedicatário Thomas Zehetmair, um dos grandes violinistas da actualidade.

Novembro é tradicionalmente tempo de outro festival emblemático da Casa da Música, À Volta do Barroco. Como convidada especial e Artista em Associação, uma das grandes revelações dos últimos tempos, a violista russa Alina Ibragimova, que se apresenta quer com violino moderno quer com violino barroco. O Coro Casa da Música dará uma visão do que era a música na corte da czarina Catarina “A Grande”. O magnífico coral-sinfónico A Criação de Haydn tem a Sinfónica e o Coro Casa da Música sob a direcção de um especialista do género, Paul Daniel.

O mês acaba com a Orquestra Sinfónica a interpretar obras maiores de três dos mais significativos compositores russos: Mussorgsky, Borodin e Rimsky-Korsakov.

 Dezembro

A Mãe Rússia fecha os ciclos da Integral dos Concertos para Piano de Sergei Rachmaninoff e das Sinfonias de Sergei Prokofieff. O Remix Ensemble é o instrumento privilegiado para um desafio lançado pela Art Mentor Foundation Lucern: criar nova música para novos públicos. Trata-se do projecto Connect, que envolve alguns dos mais prestigiados ensembles europeus e comunidades de músico amadores que vão participar na interpretação das novas obras encomendadas a Daniel Moreira e ao britânico Christian Mason.

 Natal

Para o encerramento há Música para o Natal, com uma das obras mais populares do repertório, o famosíssimo Quebra-Nozes de Tchaikovsky. Para a direcção deste programa convidámos um dos seus grandes especialistas, o maestro Michail Jurovsky que, com a Orquestra Sinfónica, fecha com chave de ouro este Ano Rússia na Casa da Música.

Deslumbrante promete ser também a combinação da Orquestra Barroca com o Coro Casa da Música na belíssima Missa para o Santíssimo Natal, de Alessandro Scarlatti.

A temporada é dedicada à memória de Manuel Dias da Fonseca.

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