• Início
  • Política
  • Opinião
  • Internacional
  • Economia
  • Sociedade
  • Cultura

pub

Diário Alternativo

Director João de Sousa

Diário Alternativo | Director João de Sousa

  • Política
    • Opinião
      • Cartas dos Leitores
    • Crónica
    • Discurso Directo
  • Internacional
    • Geopolítica
    • Direitos Humanos
    • Europa
    • Lusofonia
  • Economia
    • Análise
    • Energias
    • Empresas
    • Media
    • Crítica TV
  • Sociedade
    • Ambiente
    • Ciência
    • Educação
    • Saúde
    • Religião
    • Justiça
    • Regiões
    • Tecnologia
      • Jogos
    • Estilos
      • Humor
      • Visual
      • Viagens
      • Motores
  • Cultura
    • Agenda Cultural
    • Grandes Pensadores
    • Artes
    • Cinema
    • Música
    • Livros
    • Ensaio
    • Contos
    • Poesia
    • Palavras Soltas
  • Especiais
    • Lei de Bases da Saúde
    • Empreendedorismo
    • Eutanásia
    • 200 anos Karl Marx
HomeCulturaCem anos depois, o massacre da “Wall Street Negra”...

Cem anos depois, o massacre da “Wall Street Negra” está em pauta

Foi um dos piores capítulos na longa história de violência racial nos Estados Unidos – mas até pouco tempo atrás muitos americanos nunca tinham ouvido falar do massacre que ocorreu em 1921 na cidade de Tulsa, no estado de Oklahoma. Em 31 de maio daquele ano, uma multidão de pessoas brancas invadiu e destruiu o distrito de Greenwood, que na época era uma das comunidades negras mais prósperas do país, apelidada de “Wall Street Negra”.

  • 30 Outubro, 2019
  • Jornal Tornado
  • Posted in Cultura
  • 5

pub

FacebookTwitterPinterestReddit
Tumblr

A violência se estendeu por 18 horas, durante as quais mais de mil casas e estabelecimentos comerciais foram saqueados e incendiados. Alguns historiadores calculam que até 300 pessoas tenham sido mortas. Cerca de 10 mil ficaram desabrigadas. O episódio, ausente de livros escolares durante décadas, voltou a ganhar atenção na semana passada, quando foi tema do capítulo inicial da série Watchmen, da HBO. Muitos espectadores confessaram que não sabiam do que se tratava.

Wall Street Negra

Uma das atrizes da série, Regina King, chegou a tuitar uma reportagem sobre o tema, depois de ver “tantos tuites (dizendo) que Watchmen era a primeira vez que ouviam sobre a ‘Wall Street Negra’ e que não tinham ideia de que a abertura (da série) mostrava o massacre de Tulsa, que não foi ensinado em aulas de história nos Estados Unidos”.

A Tulsa do início da década de 1920 era uma cidade moderna de mais de 100 mil habitantes. Alguns anos antes, a descoberta de poços de petróleo havia enriquecido muitos moradores brancos e também alguns negros que tinham terras na área. Mas esse era um período de violência racial, com linchamentos e rígidas leis de segregação, que proibiam que negros frequentassem os mesmos ambientes que a população branca. Assim como em várias outras cidades americanas, os trilhos da ferrovia marcavam a separação entre a parte negra e a parte branca da cidade.

O distrito de Greenwood ficava ao norte dos trilhos. A partir de 1905, a área começou a atrair comerciantes e empreendedores negros, dando início ao que ficaria conhecido como a “Wall Street Negra”, uma das mais bem-sucedidas comunidades negras em um país que somente poucas décadas antes havia abolido a escravidão.

Segundo o historiador Scott Ellsworth, autor do livro Death in a Promised Land: The Tulsa Race Riot of 1921 (“Morte em uma terra prometida: o tumulto racial de Tulsa de 1921”, em tradução livre), a maioria dos 10 mil residentes negros da cidade vivia em Greenwood. “Um bairro vibrante que abrigava dois jornais, várias igrejas, uma biblioteca e vários estabelecimentos comerciais que pertenciam a proprietários negros”, escreveu Ellsworth em um artigo para a Oklahoma Historical Society (Sociedade Histórica de Oklahoma).

Os 40 quarteirões que formavam a chamada “Wall Street Negra” eram pontuados por hotéis, restaurantes, joalherias e cerca de 200 estabelecimentos comerciais de pequeno porte, como farmácias, armarinhos, lavanderias, barbearias e salões de beleza. Havia até um cinema. As casas elegantes de Greenwood eram endereço de muitos médicos, dentistas, advogados e outros profissionais negros de renome.

“A. C. Jackson era considerado o melhor cirurgião negro do país. Simon Berry era um piloto negro que tinha seu próprio avião e era proprietário de um serviço de transportes”, diz a diretora de programação do centro cultural de Greenwood, Mechelle Brown. “Era extraordinária a prosperidade que existia na comunidade negra de Tulsa na época.”

Tensão racial e ressentimento

Mas Ellsworth observa que Tulsa também tinha problemas, com altas taxas de criminalidade e casos de linchamento, inclusive o de um jovem branco acusado de assassinato e morto por uma multidão branca meses antes do massacre em Greenwood. Historiadores ressaltam que, nessa época, em todo o país, havia ressentimento por parte de muitos brancos com o fato de alguns negros serem bem-sucedidos. Os anos anteriores já haviam registrado dezenas de conflitos raciais em diversas cidades americanas, com centenas de negros mortos.

Muitos brancos tinham inveja do sucesso dos afro-americanos, faziam comentários do tipo ‘como esses negros ousam ter um piano de cauda em sua casa se eu não tenho um piano na minha?’. Também acreditavam que os afro-americanos estavam roubando seus empregos”.
Mechelle Brown

Segundo ela, o grupo supremacista branco Ku Klux Klan tinha muita força nos anos 1920. A primeira Ku Klux Klan operou entre as décadas de 1860 e 1870, durante o período de Reconstrução. Em 1915, foi fundada a segunda versão do grupo. “Muitos líderes municipais, policiais, bombeiros eram membros da Ku Klux Klan”, afirma Brown.

A “explosão de violência” em Greenwood foi um entre vários episódios semelhantes ao redor do país.

Ocorreu durante uma era de profundas tensões raciais, caracterizada pelo nascimento e rápido crescimento da chamada segunda Ku Klux Klan e pelos esforços determinados de afro-americanos para resistir aos ataques contra suas comunidades, particularmente na questão de linchamentos”.
Scott Ellsworth

O episódio que provocou o massacre em Greenwood ocorreu em 30 de maio de 1921. Naquela tarde, um engraxate negro chamado Dick Rowland, de 19 anos, pegou o elevador no Drexel Building, prédio onde ficava o único banheiro que os negros tinham permissão para usar no centro da cidade. A ascensorista, uma jovem branca chamada Sarah Page, deu um grito. Segundo Ellsworth, não se sabe o que causou a reação da moça, mas “a explicação mais comum é que Rowland pisou no pé de Page ao entrar no elevador, fazendo com que ela gritasse”.

Rowland foi detido e, no dia seguinte, o jornal Tulsa Tribune noticiou que ele havia tentado estuprar Page. “Além disso, segundo testemunhas, o Tribune também publicou um editorial, hoje perdido, intitulado ‘Negro será linchado esta noite'”, escreveu Ellsworth. Uma multidão de brancos se dirigiu à cadeia, mas o xerife se recusou a entregar o prisioneiro.

Ao ficarem sabendo disso, dezenas de homens negros de Greenwood, muitos deles veteranos da Primeira Guerra Mundial que estavam armados, também se dirigiram até a cadeia, para ajudar a proteger Rowland. A ajuda foi recusada pelo xerife. “Quando (os negros) estavam indo embora, um homem branco tentou desarmar um veterano negro, e um tiro foi disparado. O tumulto começou”, relatou Ellsworth.

Destruição

Frustrados por não terem conseguido linchar Rowland, brancos armados começaram a atacar negros aleatoriamente, atirando contra pessoas e casas. De acordo com Ellsworth, as autoridades pouco fizeram para conter o conflito nessas primeiras horas, concentrando-se em proteger bairros com moradores brancos – que não estavam sob ataque.

Quando a madrugada de 1º de junho chegou, a multidão enfurecida já reunia milhares, e se de dirigiu a Greenwood. Segundo testemunhas, os invasores atearam fogo às casas e lojas. Objetos de valor foram roubados, e o resto destruído. Pelo menos uma metralhadora e até aviões foram usados nos ataques.

Sobreviventes relataram ter visto homens, mulheres e crianças mortos a tiros ao tentar escapar das chamas, entre eles A. C. Jackson, o renomado cirurgião negro, que foi alvejado ao sair de sua casa com as mãos para cima e se render a um grupo de homens brancos. O corpo de bombeiros não respondeu aos chamados de emergência.

“Quando o reforço da guarda nacional chegou a Tulsa, às 9h15 da manhã, a maior parte de Greenwood já havia sido destruída”, escreveu Ellsworth.

Quando a violência finalmente chegou a fim, a cidade estava sob lei marcial, milhares de cidadãos haviam sido detidos por guardas armados e a segunda maior comunidade afro-americana do Estado havia sido reduzida a cinzas.”
Scott Ellsworth

Até hoje não há consenso sobre o número de vítimas. Um relatório publicado em 2001 por uma comissão que investigou o episódio diz que foi possível confirmar 39 mortos, sendo 26 negros e 13 brancos, mas que as estimativas anteriores, de até 300 vítimas, podem ser verdadeiras – já que muitos corpos podem ter sido jogados em valas comuns e no rio Arkansas, conforme o relato de testemunhas.

Os sobreviventes do massacre foram detidos e levados a acampamentos. Os moradores de Greenwood declararam prejuízo de US$ 1,8 milhão de dólares na época, mas as seguradoras se recusaram a pagar. Sarah Page, a ascensorista, retirou a acusação contra Dick Rowland, e ele não foi indiciado. Mas, mesmo assim, as autoridades decidiram que os negros eram os culpados pela violência, classificada como um motim racial. Nenhum dos invasores brancos jamais foi responsabilizado.

Segundo Ellsworth, a maior parte da população negra de Tulsa ficou desabrigada após o episódio, mas dias depois já começaram a trabalhar na reconstrução de sua comunidade em Greenwood. Muitos se mudaram para barracas nos terrenos onde originalmente ficavam suas casas. “Eles estavam determinados a ficar em Greenwood”, diz Mechelle Brown. “E em 1925, a comunidade afro-americana já havia reconstruído Greenwood completamente.”

Mas muitas famílias nunca se recuperaram. Com o tempo, o massacre caiu no esquecimento e o assunto virou tabu. “Os brancos não queriam falar sobre isso, muito tinham vergonha do que tinha acontecido”, observa Brown. “Os negros também não queriam falar sobre isso. Eles diziam que era muito doloroso, e que para seguir em frente e reconstruir era preciso colocar essa parte da história no passado.”

Em 1997, uma comissão estadual formada para investigar o episódio recomendou o pagamento de reparações aos sobreviventes. Também encontrou evidências de valas comuns e recomendou escavações para confirmar sua existência, mas as autoridades na época decidiram não ir adiante com nenhuma das recomendações.

Agora, às vésperas de completar cem anos, o massacre está sendo investigado novamente. No ano passado, o prefeito de Tulsa, o republicano G.T. Bynum, anunciou a reabertura do que chamou de uma “investigação de homicídio”. Cientistas estão usando radares de penetração no solo para tentar encontrar as valas comuns. A investigação deve ser concluída até janeiro. “O país inteiro vai estar olhando para Tulsa em 2021, na comemoração de cem anos, para ver como a cidade abordou essa história, como mudamos, o que aprendemos”, observa Brown.hando para Tulsa em 2021, na comemoração de cem anos, para ver como a cidade abordou essa história, como mudamos, o que aprendemos”, observa Brown.


Texto original em português do Brasil

Exclusivo Editorial PV / Tornado

Related Posts

comments
Música

Sempre se pode sonhar com a vida que nenhum dinheiro pode comprar

Ver mais

comments
Cultura

Viva Elis! Elis viva!

Ver mais

comments
Artes

Caçadores na Neve, Pieter Bruegel, o Velho

Ver mais

Share this

FacebookTwitterPinterestReddit
Tumblr

About author

Jornal Tornado
Jornal Tornado

Related Posts

comments
Música

Sempre se pode sonhar com a vida que nenhum dinheiro pode comprar

Ver mais

comments
Cultura

Viva Elis! Elis viva!

Ver mais

comments
Artes

Caçadores na Neve, Pieter Bruegel, o Velho

Ver mais

comments
Artes

Street art em Sampa

Ver mais

Tags

  • Black Wall Street
  • Racismo
  • violência
  • Wall Street
  • Watchmen

Do not miss

comments
Música

Sempre se pode sonhar com a vida que nenhum dinheiro pode comprar

Ver mais

Jornalismo Livre

Apoie esta ideia

banner Donativo por multibanco ao Jornal Tornado

Newsletter

pub

Breves

Nota pública da AJD: Um país ao desamparo; até qua...

Ver mais

  • 25 Janeiro, 2021
  • Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
  • Posted in BrevesSociedade

João Ferreira na Marinha Grande

Ver mais

  • 18 Janeiro, 2021
  • Jornal Tornado
  • Posted in AgendaBreves

Festival exibe filmes franceses online totalmente ...

Ver mais

  • 17 Janeiro, 2021
  • Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
  • Posted in BrevesCinema

Manaus… sem oxigênio

Ver mais

  • 17 Janeiro, 2021
  • Jornal Tornado
  • Posted in BrevesCartoon

Newsletter

Receba regularmente a nossa newsletter

  • Contribua para uma Imprensa Plural e Independente
  • Estatuto Editorial
  • Ficha Técnica
  • Estatuto Editorial
  • Ficha Técnica
  • Política de privacidade

Este site usa cookies para melhorar a sua experiência. Vamos supor que esteja de acordo, mas pode optar por não participar, se desejar. Ler mais

Aceitar Recusar Configuração dos Cookie
I consent to the use of following cookies:
Cookie Declaration About Cookies
Necessary (0) Marketing (0) Analytics (0) Preferences (0) Unclassified (0)
Necessary cookies help make a website usable by enabling basic functions like page navigation and access to secure areas of the website. The website cannot function properly without these cookies.
We do not use cookies of this type.
Marketing cookies are used to track visitors across websites. The intention is to display ads that are relevant and engaging for the individual user and thereby more valuable for publishers and third party advertisers.
We do not use cookies of this type.
Analytics cookies help website owners to understand how visitors interact with websites by collecting and reporting information anonymously.
We do not use cookies of this type.
Preference cookies enable a website to remember information that changes the way the website behaves or looks, like your preferred language or the region that you are in.
We do not use cookies of this type.
Unclassified cookies are cookies that we are in the process of classifying, together with the providers of individual cookies.
We do not use cookies of this type.
Cookies são pequenos arquivos de texto que podem ser usados pelos sites para tornar a experiência do utilizador mais eficiente. A lei estabelece que podemos armazenar cookies no seu dispositivo se eles forem estritamente necessários para a operação deste site. Para todos os outros tipos de cookies, precisamos da sua permissão. Este site utiliza diferentes tipos de cookies. Alguns cookies são colocados por serviços de terceiros que aparecem nas nossas páginas.
Cookie Settings
Subscrever Newsletter Tornado

Para começar a receber as nossas notícias, basta preencher o seguinte formulário.

Até já!

Depois de subscrever a Newsletter irá receber um email para confirmar a sua subscrição.

Os Limites da Terra. Reserve já!

Formulário

    Indique o seu nome (obrigatório)

    Indique o seu email (obrigatório)

    Indique o seu telefone ou telemóvel de contacto (obrigatório)

    Número de exemplares que pretende

    Observações

    Fernando Pessoa Contra o Homem Aranha. Reserve já!

    Formulário

      Indique o seu nome (obrigatório)

      Indique o seu email (obrigatório)

      Indique o seu telefone ou telemóvel de contacto (obrigatório)

      Número de exemplares que pretende

      Observações / Morada

      Tem uma dica para nós? Envie-nos!

        Seu nome (required)

        Seu email (required)

        Assunto

        Mensagem

        Got a hot tip? Send it to us!

          Your Name (required)

          Your Email (required)

          Video URL

          Attach Video

          Category
          SportNewsTechMusic

          Your Message