A CGTP-IN assinalou o 130.º aniversário dos acontecimentos de Chicago, que estiveram na origem do 1.º de Maio, Dia Internacional do Trabalhador, sob o lema “Avançar pela Mudança – Defender, Repor e Conquistar Direitos!”.
No seu discurso, Arménio Carlos, secretário geral da organização, afirmou tratar-se de “um 1.º de Maio celebrado num novo quadro político, na sequência da luta da população que levou à queda do Governo PSD/CDS-PP, e que se traduziu na reversão dos cortes e na reposição de direitos”. E lembrou:
“Hoje, por todo o país, erguemos a voz, reclamamos direitos, exigimos uma vida melhor e prestamos homenagem a gerações e gerações de trabalhadores que nunca desistiram, em particular aos que no Portugal do fascismo não claudicaram, se organizaram e lutaram, enfrentando a repressão, a prisão e a tortura.”
Em forma de ponto de situação internacional, referiu “Neste dia, que é também de solidariedade internacionalista, não podemos deixar de lembrar e de manifestar solidariedade com os refugiados que fogem da guerra e da morte e, simultaneamente, responsabilizar a condenar … a UE e a sua política hipócrita e cínica, traduzida no levantamento dos muros de arame farpado e de cumplicidades atrozes, com posturas xenófobas e racistas que põem em causa os mais elementares direitos humanos”.
A manifestação de solidariedade estendeu-se “aos trabalhadores e aos povos vítimas da acção destruidora do imperialismo, no Afeganistão, no Iraque, na Líbia, na Síria e na Palestina, sem esquecer os que na América Latina e, particularmente, no Brasil, lutam para travar o golpe contra a democracia e as políticas que retiraram dezenas de milhões de pessoas da pobreza extrema”.
A nível nacional, recordou que ” A troika e o anterior Governo do PSD-CDS, impuseram medidas draconianas como resposta à crise da política que defenderam e aplicaram. Atacaram a Constituição e vilipendiaram a soberania. Manipularam dados e recorreram à mentira. Disseram que a banca respirava saúde e deixaram os esqueletos do Novo Banco e do BANIF no armário.
Os cortes nos salários e pensões apresentados como temporários, afinal, eram definitivos. Os que reclamaram a vinda da troika e diziam que vivíamos acima das possibilidades, colocaram mais de 7 mil milhões de euros nos paraísos fiscais, enquanto os trabalhadores, os reformados e as suas famílias eram fustigados com uma brutal redução dos rendimentos.
Numa campanha ideológica sem precedentes, procuraram transformar a injustiça, em inevitabilidade; o saque à riqueza nacional, em ajuda externa; o desemprego, em fatalidade; a emigração forçada, em mobilidade; a precariedade nas relações laborais, em regra universal”.
Quanto às perspectivas para o futuro, Arménio Carlos considera ser este “o tempo de concretizar a esperança e lutar pela mudança!
Um tempo recheado de desafios e de potencialidades”.
Considerou “as medidas implementadas, embora limitadas, invertem o rumo de cortes sucessivos nos salários, nas pensões e nos direitos”, e acrescentou que “nesta nova fase é preciso ir mais longe… há um conjunto vasto de problemas para resolver e uma luta que não pode parar!”
O ênfase é dado à premência no sentido de serem dadas respostas “às necessidades dos trabalhadores, do povo e do país, sob pena de se transformar o sentimento positivo que hoje se sente um pouco por todo o lado, em desilusão e contestação”.
“Contem connosco para resistir às chantagens e ingerências internas e externas, romper com o modelo de exploração e empobrecimento assente na precariedade, no desemprego e nos baixos salários, defender a liberdade e afirmar a democracia e a soberania.”
Arménio Carlos enumerou, de seguida, objectivos pelos quais manter a luta:
- “Não sermos cúmplices de políticas que perspectivem a cedência e subjugação aos ditames da troika;
- Não aceitar que a “liberdade de escolha”, tenha como propósito fazer da Segurança Social, da Escola Pública e do SNS um negócio para o capital, com a maioria da população a “ser livre de escolher”, mas sem dinheiro para aceder;
- Prosseguir a luta contra os que dominam os chamados “mercados” e já faziam planos para mil anos com chorudos negócios na água, nos resíduos sólidos, na educação, na saúde, nos transportes e na segurança social;
- Combater os mecanismos do denominado Semestre Europeu e do Programa de Estabilidade, corolário da política de desregulação laboral, do ataque à contratação colectiva, de condicionamento e fragilização do investimento público e dos serviços a prestar à população, de favorecimento das grandes potências da União Europeia e de secundarização e periferização de países como Portugal;
- A revogação das normas gravosas da legislação laboral;
- A luta contra a Precariedade; pelo Emprego com Direitos;
- E mais e melhores serviços públicos;
- Um aumento geral dos salários que tem de contemplar também os trabalhadores da Administração Pública;
- A redução da despesa pública que não passa pelo congelamento de salários e de carreiras profissionais;
- A coragem de cortar com as PPP’s, os SWAP, as negociatas com os escritórios de advogados e de consultadoria, pelo fim dos apoios aos banqueiros e ao financiamento do sistema financeiro com o nosso dinheiro;
- A aplicação imediata das 35 horas para todos os trabalhadores.”
O secretário geral da CGTP-IN também desafiou o executivo e em concreto o primeiro-ministro António Costa a «dar um passo em frente» reiterando ser “tempo de romper com o passado, de projectar e construir o futuro, de defender, repor e conquistar direitos. Porque acreditamos que o nosso país tem futuro”.