Mas se vos disser que a senhora Liliana Ayalde é a embaixadora dos Estados Unidos da América no Brasil desde 2013, alguns começarão a suspeitar da existência de relações de causa e efeito entre essa enviada da diplomacia de Obama e os sucessos em curso nos corredores obscuros da política em Brasília.
Tal suspeição virá da tradição histórica, pois sabe-se que não existe embaixador dos Estados Unidos sem missão específica em países da América Latina (e outras regiões, por certo) onde se tenha instalado, por vontade democrática do seu povo, um governo que não acene como os burros às ordens chegadas do Norte.
A senhora Liliana Ayalde foi expedida pelo secretário John Kerry para Brasília pouco depois de ter sido denunciado ao mundo que o governo dos Estados Unidos interceptava as comunicações oficiais e pessoais da presidenta Dilma Rousseff, circunstância que ensombrou um pouco mais as relações entre os dois países. Coisas graves terão revelado essas escutas…
Até este momento da história, porém, as ilações são apenas fundamentadas na tradição. Digamos que, para boas almas sempre incrédulas perante as evidências, nos mantemos ainda nas áreas da teoria da conspiração.
Mas se vos disser que o anterior posto diplomático da senhora Ayalde foi a de embaixadora em Assunción, no Paraguai, talvez a luz comece a tornar-se mais intensa nos vossos espíritos. Porque em 2012, no Paraguai, o Congresso destituiu o presidente eleito Fernando Lugo, que pusera fim a 61 anos de ditadura, primeiro fascista, depois “democratizada” mas sempre fidelíssima a Washington, do Partido Colorado.
No Paraguai, passado o susto representado pelo ex-bispo católico Fernando Lugo, associado à Teologia da Libertação, os Estados Unidos revêem-se agora em Horácio Cartes, um magnata do tabaco, rancheiro e banqueiro que tem às costas acusações (por certo improcedentes) de lavagem de dinheiro dos cartéis da droga no seu banco Anambay, evasão fiscal e outros crimes, excelentemente relacionado com as agências de espionagem norte-americanas. Reina a tranquilidade em Washington, pois está o homem certo no lugar certo.
No Brasil ignoramos o que se segue, mas a embaixadora Liliana Ayalde, para já, parece ter cumprido a missão. Obama ainda tem tempo para despachá-la para outro país da região. Equador? Bolívia? Uruguai?