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Sexta-feira, Setembro 13, 2024

A Chávena de Chá, Columbano Bordalo Pinheiro

Guilherme Antunes
Guilherme Antunes
Licenciado em História de Arte | UNL

Pintura escurecida e em mancha sobre os castanhos, foi como a sua arte foi evoluindo, privilegiando o retrato. Columbano passa a trabalhar a luz de forma a desmaterializar a figura.

Significativa a centralidade da composição. A luz por contraposição com a obscuridade. Não é a identificação da mulher que é premente, é na chávena de chá que está toda a atenção de um realismo da modernidade do pintor.

Sabe-se que o pintor tinha especial apreço por esta sua obra, da qual nunca se desfez.

Nota da Edição:

Columbano Bordalo Pinheiro (1857-1929)

Filho do pintor, escultor e gravador Manuel Maria Bordalo Pinheiro, estudou na Academia de Belas-Artes de Lisboa, onde cursou desde os 14 anos de idade desenho e pintura histórica.

Foi discípulo do escultor Simões de Almeida e do mestre Ângelo Lupi.

Em 1881, beneficiando de uma bolsa de estudo, partiu para Paris, onde estudou com Manet, Degas, Deschamps entre outros.

Em 1882 apresentou no «Salon de Paris» o quadro «Soirée chez Lui» que foi bem recebido pela crítica, e que está actualmente exposto no Museu de Arte Contemporânea de Lisboa com o título «Concerto de Amadores».

Após o seu regresso a Portugal, junta-se aos artistas do «Grupo do Leão», nome de uma cervejaria de Lisboa, que retratou num quadro que será um dos seus mais conhecidos. O grupo  era formado por jovens artistas empenhados numa reforma estética

Foi no domínio da pintura de decoração e nos retratos que se celebrizou, sendo dele as pinturas da sala de recepção do Palácio de Belém, os painéis dos «Passos Perdidos» da Assembleia da República e do tecto do Teatro Nacional. Os retratados, intelectuais sobretudo, incluem Oliveira Martins, Ramalho Ortigão, Eça de Queirós, Teófilo Braga, mas um sobressai: o de Antero de Quental, pintado em 1889.

Em 1901 tornou-se professor de pintura histórica da Academia de Belas-Artes de Lisboa.

Em 1911, foi nomeado pelo novo regime republicano para primeiro director do recém criado Museu de Arte Contemporânea onde se manteve até à reforma.

Era, segundo Diogo de Macedo *: «misantropo, fechado em si, dado a análises exaustivas, a dissecações cruéis, teve apenas um grande amor – a pintura».

* Diogo de Macedo:  escultor, museólogo e escritor português. Foi director do Museu Nacional de Arte Contemporânea

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