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Quinta-feira, Setembro 19, 2024

É desta que ganhamos o Europeu!

João Vasco AlmeidaHá uma diferença entre futebol e bola. O Europeu é tempo do primeiro. Os campeonatos locais que são pequeninos dão azo ao segundo.

Na tardinha de ontem o seleccionador nacional de futebol fez saber quem são os 23 jogadores que escolheu para se bater no Europeu, em França, entre Junho e Julho. Portugal nunca ganhou pevide nos campeonatos seniores mas, pela primeira vez, o treinador, Fernando Santos, diz que quer ganhar. Menos mal.

Há uma diferença entre bola e futebol. Bola é o que existe na imprensa, nas inenarráveis horas de tv com debates à náusea,  nos fóruns de rádio ou online. A maioria dos “adeptos” desconhece as leis do jogo e, acima de tudo, a exigência técnica que existe no futebol profissional. Mal por mal, são melhores comentadores dos “casos” de polícia, como a compra com malas de autogolos orientais do que das movimentações tácticas e técnicas dos jogadores profissionais.

O futebol, ao contrário, é um jogo entre duas equipas que, se bem jogado, tem a beleza dos jogos dignos. O Javier Marias e o Assis Pacheco escreveram-no como ninguém – e seria bom ler estes dois monumentos literários, sob pena de continuarmos a falar apenas de “bola”.

Manuel Gourlade, o mais injustiçado do futebol nacional
Manuel Gourlade, o mais injustiçado do futebol nacional

Escrevi há anos dois livros sobre o Sport Lisboa e Benfica, nos quais fiquei a conhecer o combate que todos os clubes nacionais travaram para se impor como desporto digno e agremiações notáveis. Encontrei histórias tocantes, como a de Manuel Gourlade, a grande alma do Benfica – se alguém devia estar no Panteão Nacional era ele, porque sem Manuel o futebol em Portugal seria muito diferente. Morreu miserável num lar, abandonado pelo seu clube.

A 14 de Junho, ao bater das 20h00, a selecção nacional entrará em campo em Saint-Étienne, França. Não interessa o adversário: interessa que o futebol se imponha com a alegria com que vimos, todos, a equipa em 1984 a bater-se contra o Platini e aquela canalha. Ou como, dois anos depois, de noite, atirámos ao chão as coisas lá de casa, quando apanhámos de Marrocos uma tareia de Saltillo. Ou ainda quando entrámos na Luz convencidos de que os Gregos estavam no papo.

O futebol não provoca mais do que uma emoção sem descrição. Como não-espectador, não-comentador, não-interessado e até um bocado petulante em relação ao fenómeno, confesso que a Selecção é a única equipa que me leva a ver uma hora e meia de jogo, de anos a anos. Augura-se o melhor aos putos. Sem conversas da bola. Com muito futebol.

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