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Quinta-feira, Abril 25, 2024

Portagens

Rui Amaral
Rui Amaral
Gestor de Empresas

Rui AmaralTive oportunidade, nessa altura, de desmontar no Facebook a incorrecção dessa afirmação. Na verdade o conceito de utilizador pagador, que o Ministro e o Governo de então defendiam, caracteriza-se em cobrar a quem utiliza, naquele caso, as SCUTS.

A alternativa, contrariamente ao que demagogicamente se afirmava o Ministro, não é a gratuitidade,  mas sim a cobrança a todos, sejam utilizadores ou não.

Vem isto a propósito do túnel do Marão.

As muitas notícias e depoimentos vindos a lume, na conclusão desta obra (tal como o Alqueva demorou uma eternidade exemplificadora da nossa tradicional incapacidade de concretização) mostram a satisfação com que todos celebraram a sua abertura.

Muito se tem dito e escrito sobre as vantagens que o mesmo traz às economias do interior.

Produtos que chegam mais depressa, mais pessoas que, com melhor e mais seguro acesso, se deslocam ao interior dinamizando essas economias locais. Recorde-se que as pequenas povoações espanholas atravessadas pelo caminho de Santiago evitaram a morte certa graças ao movimento de caminhantes.

Os beneficiários do túnel não são exclusivamente os que o utilizam directamente e estes, se calhar, nem são os que mais beneficiam.

Penso que em tempos o Engº João Cravinho fez um estudo sobre os beneficiários das auto estradas e concluiu que Lisboa e Porto eram os maiores beneficiários.

Na Suíça, quem quer circular nas autoestradas compra um selo (CHF40 equivalente a €36) que tem validade para o ano em curso. Se for turista compra-o à entrada no país. O preço é sempre o mesmo e é independente do número de vezes que nelas se circula.

portagensÉ um sistema misto no sentido em que os pagantes são utilizadores mas o preço é fixo e não indexado ao número de utilizações. Tem uma maior base de distribuição permitindo um valor mais baixo.

Por outro lado tem menores custos que o complexo e dispendioso sistema de portagens. Quem faça mais do que 380Km anuais (custos médios da A2) sai a ganhar em relação ao sistema português.

Os sistemas do utilizador pagador não oneraram os grandes beneficiários destas estruturas e não consideram o benefício para a economia nacional duma boa rede viária.

Em termos nacionais todos ganharíamos em que o custo da rede de auto estradas fosse suportado por todos (significa OGE) e não só por aqueles que directamente a utilizam. Aliás, como sempre aconteceu com o resto da infraestrutura viária.

Não há, nem nunca houve, almoços gratuitos.

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