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Sexta-feira, Abril 26, 2024

A Economia tornou-se uma Pseudociência

Paulo Vieira de Castro
Paulo Vieira de Castrohttp://www.paulovieiradecastro.pt
Autor na área do bem-estar nos negócios, práticas educativas e terapêuticas. Diretor do departamento de bem-estar nas organizações do I-ACT - Institute of Applied Consciousness Technologies (USA).

economia

 

Para o fazer gracejar bastará contar-lhe a propósito dos planos daqueles que nos tirarão da crise. Isto com todo o respeito, é claro. Com Deus não se brinca…

É que a vida, tal qual o humor, compreende também o mau humor. O problema é que o mau humor não compreende nada! E a economia tem andado, sorridentemente, diga-se de passagem, do lado do mau humor.

E, entre este tentar e a vertigem de não conseguir, vou acreditando que o que é realmente importante na vida, nos negócios, na economia,…, não tem de ser extraordinário. Apenas tem de ser verdade. É aqui que todos os modelos, todas as teorias, quase todos os prémios Nobel da economia parecem ter falhado.

O cisma económico moderno

Primeiro, a economia não integra a mente como instância subjectiva e interdependente. Insisto, é aqui que se funda a crise económica contemporânea. Esta é fruto da mais fratricida de todas as guerras: a luta pelo controlo mental do ser humano.

Segundo, também as redes sociais, em tempos vistas como a solução para uma nova economia, se vieram a revelar o seu maior contratempo. E, qualquer coisa que seja, a um mesmo tempo, a solução e o problema não é um dilema. Logo, não pode representar uma escolha.

O crescimento exponencial dos factores incontroláveis na economia moderna, por via de uma globalização de acesso democratizado aos meios de comunicação, revelou-se desconfortável, essencialmente, para o lado da oferta.

Como forma de contrariar estes desafios a economia tem vindo a assumir uma nova doutrina, aproximando-se, agora, de uma qualquer religião.

A economia, os negócios, assim como todas as religiões, estão reféns de uma palavra comum: secretismo. Dependendo de códigos secretos, alguns transformados em algoritmos mágicos, partilhando uma mesma estratégia.

Comprometidos com o mito do progresso, religião e economia passaram a ter como objectivo de primeira linha chegar à mente humana. Esta passou a ser o objecto de atenção da actividade empresarial, isto a um mesmo ritmo que a religião, a espiritualidade e as suas terapias se vão mercantilizando, chegando mesmo a concorrer em muitos dos seus aspectos.

Mas, a principal razão para o insucesso de todas elas reside no facto da mente não estar quieta em si mesma. Não sendo um ponto fixo no espaço, dificilmente ela virá a ser atingida pelos meios tradicionais de suporte à economia.

A metáfora mais interessante a este respeito será a de conhecermos a orquestra e os músicos. Dominarmos a pauta e os instrumentos. Mas não sabemos quem é, ou onde está, o maestro. Assim, a economia não poderá impor-se na condução da orquestra a que chamamos sociedade, vida, existência.

Pseudociência porquê ?

Porque se tornou avessa à avaliação, em especial, por parte de especialistas / técnicos de outras áreas, como que querendo ir por si própria, deixando de ser rigorosa quando à intenção pela qual se move. Ainda, pela obsessão quanto aos objectivos apenas de alguns.

Ou, pela falta de lucidez e sistematização. Por tudo isso, dever-se-á, quanto a mim, questionar o seu estatuto enquanto ciência social. Atente-se que a validade de grande parte das suas ferramentas de análise e suporte, em especial aquelas que se baseiam em processos estatísticos, em nada saírem afectadas por esta minha afirmação.

A conceptualização moral terá que ser repensada. Só deste modo poderemos realizar o desafio que esteve na sua origem.

Finalmente, não se faz um mundo diferente com pessoas indiferentes à ideia de um local melhor para todos. Não se pode crescer infinitamente perante uma economia baseada nos recursos finitos de um planeta devassado a favor de tão poucos.

Enquanto não mudarmos as palavras que nos farão avançar o mundo continuará a ser um lugar apenas só para alguns. Em economia isto significará, por exemplo, substituir a palavra “crescimento” pela, tão esquecida, palavra “cuidar”.

A ideia que poderá existir um ser humano escravo dos modelos económicos tem-se mostrado falha, só assim se justificando que hoje, neste preciso momento, haja gente na rua disposta a morrer em defesa do óbvio. E, que mundo é este em que para se ser justo é preciso ser louco?

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