
A “educação” para o racismo começa na infância
Vídeo comprova que a crença da supremacia de uma raça superior começa em criança
- 20 Abril, 2017
- M. Azancot de Menezes
- Posted in Crónica
- 10
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O teste é muito simples: o pedagogo pergunta à criança qual é a boneca mais bonita, ou a boneca má, e a criança tem que apontar com o dedo a sua escolha.
Pois, acredite-se, a resposta, como se pode observar no vídeo, é sempre a mesma: a boneca branca é a mais bonita, e a boneca negra, é sempre, má e ilegal.
As imagens do pequeno vídeo não enganam, são reais e muito tristes, pelo que, numa perspectiva de problematização, aproveito para compartilhar um episódio verídico relacionado com esta temática do preconceito e que parece mostrar, algo de excessivamente errado se passa nas nossas sociedades, nas nossas casas e nas nossas escolas.
Presentes de aniversário
Sorri, não questionei, mas para mim foi óbvio que a resposta da mãe também reflectiu uma prática preconceituosa muito comum. Se o presente for para um rapaz, terá que ser um carro, um avião, uma bola, uma pistola, ou algo do género, mas, tem que ser algo “másculo”.
Se a oferta for para uma menina, o presente terá que ser
De resto, esta questão do preconceito em relação ao género, analiso por mim, difícil de ultrapassar, é manifestado mesmo antes do nascimento da criança, pois, quando a mãe e o pai começam a preparar as roupas para o bebe que vai nascer o predomínio da cor também resulta de um pensamento preconceituoso: cores quentes para a menina, com frequência o rosa, e cores frias, em geral o azul, para o rapaz.
Bonecas brancas e loiras… ou livro da Anita…
Perante este cenário, assumindo uma atitude preventiva contra a hegemonia cultural e racial, e por outras razões, decidi que não iria optar pela aquisição de bonecas, pelo que, restava-me a compra de um livro.
E que livro iria eu oferecer? Mais uma vez, liguei à mãe da aniversariante. A resposta foi peremptória. Compra um
Junto à estante dos livros, iniciei a minha consulta na expectativa de saber se o livro cumpria com os requisitos de qualidade que são habitualmente exigidos, verificar critérios pedagógicos, axiológicos, entre outros, portanto, no momento, a minha única preocupação era fazer a avaliação qualitativa do livro.
A apreciação foi algo demorada, hesitei, lembrando-me do vídeo, e concluí, de forma errada ou não, que os livros da Anita podiam não ser recomendáveis para a menina em questão, africana genuína, não fosse às vezes o “diabo tecê-las”.
E a educação para a cidadania e a escola inclusiva?
Estou a ser preconceituoso? Talvez, não sei dizer, mas recordando o vídeo, cada vez mais defendo a tese, segundo a qual, as características físicas do herói do livro, para não corrermos o risco de contribuirmos para “educar” crianças que se tornam complexadas (como no vídeo), devem enquadrar-se
Na perspectiva crítica curricular, os livros que apresentam estes tipos de fragilidades são indesejáveis porque fazem uma distorção dos verdadeiros objectivos da educação, moldando as crianças para se adaptarem a um paradigma, por exemplo, que preconiza uma «raça» superior, como se comprova no vídeo.
Legitimação de uns em detrimento de outros
A venda em exclusivo de bonecas brancas e de livros infantis
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PhD em Educação / Universidade de Lisboa