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Quarta-feira, Março 27, 2024

“Elogio da Loucura” n’ A Barraca

A Barraca estreia “Elogio da Loucura” espectáculo de Hélder Mateus da Costa e Maria do Céu Guerra a partir de Erasmo de Roterdão

ELOGIO DA LOUCURA

Erasmo, um construtor da Europa

Erasmo era cristão, mas sabia ver as falhas que existiam no fanatismo religioso, na opressão da igreja católica e o seu mundo de corrupção de que foi um ponto alto e inconcebível a invenção das Indulgências! Uns papéis que eram vendidos para absolver dos pecados quando chegasse o Juízo Final! Ele denunciou essa prática, que depois Lutero imitou e deu origem à cisão Protestante.

Claro que este teólogo e pensador criticava também muitos comportamentos e pensamentos da sociedade, não só do seu tempo, mas de abrangência Universal e atemporal. E como verdadeiro homem do Renascimento, construiu um humanismo de raiz cristã, unindo a sabedoria da Antiguidade com a ética do Cristianismo, que combatia a hipocrisia de cristãos que cometiam erros e diziam que a culpa era do Diabo!

Este novo homem do Renascimento tinha confiança em si próprio, conquistada com uma luta que o transformou no grande instrumento da sua época, livre de ter como único socorro a graça divina. Fugia do medo e do pessimismo e olhava o futuro com optimismo, confiando na sua acção, no seu livre-arbítrio. E como não era fanático, compreendeu sempre que um ateu é preferível a um falso cristão, como já disse o Papa Francisco.

Foi o “homem Europeu”, cidadão do mundo que espalhou a sua mensagem pela Flandres, onde nasceu, Alemanha, França, Inglaterra, Itália e Suíça, onde terminou os seus dias também fugindo à Inquisição.

Entre as muitas amizades que criou é de realçar Thomas More, autor de “Utopia” e a quem ele dedicou a obra-prima “ O Elogio da Loucura”, cuja agudeza satírica e coragem continuam a ser um bálsamo para os nossos tempos.

Talvez fosse de começarmos a pensar num Neo-Renascimento.

Hélder Mateus da Costa

A LOUCURA

Fala da Loucura a Erasmo de Roterdão

Mestre Erasmo, tenho andado atrás de si desde que começou a escrever sobre mim aquilo que disse que ia ser o meu Elogio. Gostei agora deste Elogio à Lucrécia Bórgia porque me sinto perto dela no seu amor à Liberdade e porque nos parecemos na nossa determinação de sermos felizes e generosas. Aí sim, vi um raro apreço. Mas no meu elogio onde é que ele está?
Não sei muitas vezes se me está a elogiar ou a criticar… Mestre Erasmo, eu ia enlouquecendo a decifrar a sua obra. Tão verdadeira e tão divertida.

Mas ninguém consegue dizer o que é a Loucura.

Pode ser uma doença – um castigo? – e isso, o senhor sabe, não merece critica nem elogio, tem merecido tratamentos, remédios, pancada, mangueiradas frias e tantas vezes a tremenda nave perdida no alto mar até que as ondas nos separem do mundo dos sãos e salvos…

Há outra loucura de que já vos falei, herdeira de meu pai, Pluto que tem trazido aos países e às igrejas quase todos os males de que eles padecem. Essa é uma espécie de loucura negra. De ganância. Mais crime do que loucura. Ou será a Loucura que se transforma em crime?

Ninguém consegue dizer o que é a Loucura. Nem os médicos. Nem os Santos.
Mas os pecados não são loucura, são pecados, Mestre Erasmo.

Comer como um abade até rebentar, fornicar como um bispo até morrer, esconder o dinheiro até o perder, a inveja, a ira, a soberba, nada disso é loucura. Ganhar a vida a louvar a santa igreja ou a invocar a lei e fazer tudo o que elas proíbem, é Loucura?

Quantos loucos estarão no inferno? Nem um. E quantos Papas? Tantos. E quantos juízes? Tantos… Quantos? E quantos ricos e quantos reis… Todos.
A Loucura está mais perto do céu do que todos eles…

Ninguém  consegue dizer o que é a Loucura:
Loucura é dar o que se tem sem ver a quem, como Quixote, é descobrir o traseiro do rei que não vai nu sem medo de perder a língua ou a vida.

Loucura é criar beleza e utopia no meio do caos e do medo.
Loucura é amar demais e morrer na cruz, como Jesus…

Maria do Céu Guerra

 

Ficha Técnica

Texto
Erasmo de Roterdão

Espectáculo de 
Hélder Mateus da Costa
Maria do Céu Guerra

Elenco por ordem de entrada em cena:
Sérgio Moras, Mia Henriques, Matilde Cancelliere, Vasco Lello, Teresa Mello Sampayo, João Teixeira, Adérito Lopes,  Maria do Céu Guerra,  João Maria Pinto,  Samuel Moura.

Música Original
António Victorino de Almeida

Execução Musical
Mia Henriques

Desenho de Luz 
Vasco Letria

Cartaz e Design Gráfico
Maria Abranches

Operação de Luz e Som

Ruy Santos e Ricardo Silva

Guarda-roupa
Elza Ferreira

Modista 
Alda Cabrita

Produção

Inês Costa

Fotografia 
Maria Abranches

 

Classe etária
M/12

Em cena
De 23 de Setembro a 14 de Novembro

  • Quinta e sexta às 19h30
  • Sábado às 21h30
  • Domingo às 17h

 

Bilhetes

  • Bilhete normal: 15,00 €
  • Estudantes, Profissionais de Teatro, menores de 25 e Maiores de 65 anos: 10,00 €

Informações e reservas

 


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