Diário
Director

Independente
João de Sousa

Quarta-feira, Maio 1, 2024

Emicida: “A felicidade do branco é plena, a felicidade do preto é quase”

Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
Jornalista, assessor do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo

Leandro Roque de Oliveira, 34 anos, para quem ainda não sabe esse é o nome de Emicida, um dos mais conceituados cantores e compositores da música popular brasileira contemporânea. Quem ainda não ouviu alguma de suas canções, precisa urgente prestar atenção a esse artista.

Emicida acaba de lançar seu mais recente álbum, o AmarElo, que conta com 12 faixas, entre raps, sambas e funks, com poesias elaboradas e inúmeras participações especiais. Este álbum é um libelo ao amor com uma arma poderosa e popular para vencer o ódio que a elite rancorosa e obsoleta sente pelo país e pelo povo brasileiro.

Ismália, de Emicida, Nave Beats e Renan Samam

Ismália (Emicida, Nave Beats e Renan Samam) tem a participação especial de Larissa Luz e Fernanda Montenegro, que declama o poema Ismália, de Alphonsus Guimarães (1870-1921), um dos grandes nomes do Simbolismo brasileiro, movimento literário, que surgiu na França, no do século 19, dando ênfase na fantasia e na subjetividade. Abaixo trecho da canção Ismália:

“Com a fé de quem olha do banco a cena
Do gol que nós mais precisava na trave
A felicidade do branco é plena
A pé, trilha em brasa e barranco, que pena
Se até pra sonhar tem entrave
A felicidade do branco é plena
A felicidade do preto é quase”

A faixa-título AmarElo (Felipe Vassão, DJ Duh, Emicida) tem participação especial de Pablo Vittar e Majur e há um sample da canção Sujeito de Sorte (Bechior) e repete várias vezes os versos “Tenho sangrado demais/Tenho chorado pra cachorro/Ano passado eu morri/Mas esse ano eu não morro.” Porque a veia pulsa, o sangue é vermelho, o coração bate do lado esquerdo e a arte de Emicida é resistência.

AmaElo, de Felipe Vassão, DJ Duh, Emicida

A cada faixa Emicida quase que repete a famosa frase do revolucionário Ernesto Che Guevara (1928-1967) de que há de endurecer-se, mas sem perder a ternura jamais. E como também canta Chico César em seu mais recente álbum: “O Amor É um Ato Revolucionário.”

Como a dizer:

“É o tênis foda
Uma pá de joia foda
Reluz na coisa toda
Do jeito que incomoda
Pretos em roda
É o GPS da moda
Se o gueto acorda
O resto que se foda (Libre, de Emicida e Ibeyi).

Nas canções do seu terceiro álbum de estúdio, numa carreira que começou em 2005, Emicida mostra maturidade e uma vontade de romper barreiras musicais, mesclando ritmos, visitando autores do passado, atualizando a temática do amor, das vontades individuais, das questões sociais e políticas cantando o antirracismo, os direitos das mulheres, dos LGBTs, da justiça e da igualdade de direitos em belas músicas. Vale conferir.

Libre, de Emicida e Ibeyi

 


Texto em português do Brasil


Receba a nossa newsletter

Contorne o cinzentismo dominante subscrevendo a Newsletter do Jornal Tornado. Oferecemos-lhe ângulos de visão e análise que não encontrará disponíveis na imprensa mainstream.

 

Receba a nossa newsletter

Contorne o cinzentismo dominante subscrevendo a nossa Newsletter. Oferecemos-lhe ângulos de visão e análise que não encontrará disponíveis na imprensa mainstream.

- Publicidade -

Outros artigos

- Publicidade -

Últimas notícias

Mais lidos

- Publicidade -