O tanto que sobeja ficará do lado daqueles a quem caberá, apenas, a vida aprendendo.
Não admira, portanto, que o homem seja o único ser desassossegado na sua própria existência. Outros, porque os há, recuperando a alma dos que partem farão da vida monotonia e, sem dar por isso, tornamo-nos iguais a ela.
Talvez o ser humano seja o único que não aprende sem ser instruído. Mas, lá chega o dia em que nos cabe a nós ensinar e só isso será compreender duas vezes.
Sobressalta-me o sono no embuste do doutrinar neste ermo tornado Portugal. E, como seria fazê-lo a partir de um não lugar? O ponto em que nada está escondido, onde não há perguntas, respostas, ou mesmo esperança,… Onde apenas o mistério resistirá em si mesmo.
Concebendo a afeição no triunfo e no infortúnio, pois só no sucesso verificamos a sua abundância e na desgraça o seu carácter, nesse mundo, todos falarão com modéstia, agindo com audácia, já que a vida sem lisura apenas assentará no acaso.
E, porque todos os homens são semelhantes em qualidades, apenas os hábitos os afastando disso mesmo, o justo toma a erudição por forma a tornar-se completo, nunca em busca de aprovação alheia, nesse mundo, toda a razão é lanterna dependurada às costas e, em tais circunstâncias, dificilmente iluminará para além do trilho já percorrido.
Só podendo ensinar a propósito de si mesmo, nesse mundo, o professor será aquele que apenas exige de si próprio. Grande em tudo sem ostentar em nada ele está grato pois sem aquele outro ele seria, ainda que escassamente, a cólera em tudo o que acontece.