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Quarta-feira, Maio 7, 2025

FMI quer nova bancarrota grega para impor mais austeridade

grecia
As conversas foram divulgadas pelo Wikileaks e levaram o primeiro-ministro helénico, Alexis Tsipras, a pedir explicações à instituição liderada por Christine Lagarde.

As conversas reveladas pelo Wikileaks datam de 19 de Março e têm como intervenientes Poul Thomsen, director de assuntos europeus do FMI, e Delia Velculescu, chefe da missão do fundo na Grécia. Segundo o documento relevado pelo popular site fundado por Julian Assange, os responsáveis combinavam a estratégia para impor mais medidas de austeridade à Grécia e levar a Alemanha a aceitar a reestruturação da dívida grega.

Dessa estratégia, faria parte um “evento” similar ao de Junho de 2015 (bancarrota do país), agendado para o mês anterior ao referendo no Reino Unido. O FMI pretendia com isso exigir à Grécia que tivesse um excedente orçamental primário de 3,5 por cento e que aplicasse mais cortes nos apoios sociais e nas pensões de reforma.

 

Pressão sobre Merkel para aceitar reestruturação da dívida grega

Para os dois responsáveis do FMI, a nova bancarrota grega obrigaria Berlim e Bruxelas a agirem, em vez de prosseguirem as prolongadas negociações que recomeçam esta semana.

Além disso, aquele organismo pretendia ainda que a União Europeia debatesse a reestruturação da dívida grega, o que passaria por pressões sobre a chanceler alemã, Angela Merkel. Segundo o documento do Wikileaks, Poul Thomsen defende que os gregos só aceitaram as medidas propostas no ano passado “quando estavam prestes a ficar sem dinheiro e a entrar em incumprimento”, pelo que seria essa a receita a aplicar para a imposição de novas medidas de austeridade.

“Isso (incumprimento) é, provavelmente, o que vai acontecer de novo”, sustenta Thomsen no telefonema. “E, neste caso, arrasta-se até Julho e, claramente, os europeus não vão ter quaisquer discussões durante o mês anterior ao Brexit”, avança.

Thomsen revela também os seus planos para levar Angela Merkel a aceitar a reestruturação da dívida grega. “Basicamente, nós a certa altura dizemos: ‘olhe, senhora Merkel, tem um desafio e tem de pensar o que lhe traz mais custos. Ir em frente sem o FMI e, aí o parlamento alemão irá questionar ‘O FMI não participa?’, ou escolher o alívio da dívida que nós pensamos que é necessário para estarmos dentro'”.

 

Tsipras pede explicações a Lagarde

Entretanto, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, já pediu, por escrito, explicações ao FMI sobre a conversa que foi relevada na Internet. Após ter reunido de urgência, ainda no sábado, com alguns dos seus ministros, Tspiras quis saber junto de Christine Lagarde se aquela é a posição oficial do FMI sobre a Grécia.

Para Tsipras, que sempre defendeu a saída do FMI do processo e a prevalência de uma solução totalmente europeia, a credibilidade e a confianças das negociações com o fundo estão profundamente abaladas a partir deste momento.

Prokopis Pavlopoulos, presidente da Grécia, exigiu também a saída do FMI das negociações e a sua substituição pelo Fundo Europeu de Estabilidade.

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