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Sábado, Setembro 14, 2024

Fotos antigas

J. A. Nunes Carneiro, no Porto
J. A. Nunes Carneiro, no Porto
Consultor e Formador

Os meus objectos (5)

Hoje, desvalorizamos as fotografias. Primeiro, porque as fazemos muito mais para os outros que nos “acompanham” nas redes sociais do que para nós que estamos cada vez mais isolados e solitários.

Uma das coisas que mais sinto falta por estes dias é o de ver fotografias impressas, à moda antiga. Em minha casa havia muitas molduras e vários álbuns com as poucas fotografias que, há 40 ou 50 anos, se faziam habitualmente.

Lembro-me perfeitamente do meu pai comprar uma máquina fotográfica (que hoje guardo com especial carinho e ainda funciona) e de um ritual que se repetiu durante anos: no Natal comprava-se um rolo de 24 ou 36 fotografias e, segundo ele, ainda iriam dar para as fotografias das férias de verão. Depois, mais tarde, lá tivemos direito a um rolo para o Natal e as festas dos aniversários lá de casa (Janeiro, Fevereiro e Março); e outro para o Verão.

Hoje, num simples aniversário de família, tiramos 100, 200 ou 300 fotografias. Mas, infelizmente, quase nunca as imprimimos. Ficam armazenadas no disco do computador, mais ou menos organizadas sempre com a promessa de que temos de dar uma volta e mandar imprimir as melhores. Mas, fruto de muitas razões, quase nunca o fazemos…

Por isso, digo que faz falta regressar a esses rituais antigos: não só o tirar fotografias e valorizando-as por serem escassas mas também revivendo os momentos em que nos sentávamos e, em conjunto, recordávamos momentos felizes que tínhamos vivido.

Podem chamar-me de nostálgico, mas há coisas que podíamos voltar a fazer. Coisas que eram, em primeiro lugar, muito pessoais e sempre acompanhadas de uma história que alguém recordava e gostava de (re)contar.

Hoje, desvalorizamos as fotografias. Primeiro, porque as fazemos muito mais para os outros que nos “acompanham” nas redes sociais do que para nós que estamos cada vez mais isolados e solitários. Depois porque até se substituiu muitas vezes o objecto (máquina fotográfica) pelo meio de comunicação (telemóvel). Parecem a mesma coisa mas não são. A verdade é que ambas tiram fotografias. Mas não fotografamos da mesma maneira. Nem registamos as nossas memórias da mesma forma. Talvez por isso, apesar da abundância de imagens que hoje vivenciamos, temos menos memórias e valorizamos menos a memória. Está tudo a um simples clic de distância.

 


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