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Quinta-feira, Outubro 3, 2024

Hamadi Naciri em coma

Isabel Lourenço
Isabel Lourenço
Observadora Internacional e colaboradora de porunsaharalibre.org

Hamadi Naciri entrou em coma após 13 dias de greve de fome, no sábado, 30 de Abril e foi levado às urgências hospitalares.

A 17 de Abril, Hamadi Naciri e Gabal Jouda, activistas saharauis, iniciaram um protesto sob forma de greve de fome aberta, em frente ao edifício da administração de Smara, contra as represálias arbitrárias que têm sofrido devido à sua condição de activistas saharauis e contra a política de apartheid promovida pelo regime de ocupação marroquino.

Os dois activistas esperam com esta acção alertar a comunicação social para os problemas diários de sobrevivência da população saharaui, entre os quais o deslocamento forçado para território marroquino através da recolocação laboral e o controlo da alimentação.

Hamadi Naciri, presidente da organização Freedom Sun para a Protecção dos Defensores dos Direitos Humanos Saharauis e Gabal JOUDA, fundadora na mesma organização, reivindicam o respeito pelos seus direitos sociais e económicos que lhes são negados pelo regime de ocupação e apartheid marroquino.

Reivindicações

Naciri reivindica a sua transferência de local de trabalho de acordo com a lei para a sua cidade natal ou, pelo menos, uma cidade saharaui. Naciri foi colocado a 1 200 km em Khouribga, Marrocos, fora do território Saharaui, uma forma de impedir as suas actividades politicas e também dificultar a sua vida a nível económico e social.

Gabal Jouda, mãe de oito filhos, exige o restabelecimento do seu salário social mensal, do qual foi privada há quatro meses, na sequência da sua participação num protesto pela autodeterminação do Sahara Ocidental.

As “ajudas sociais” marroquinas à população saharaui existem para controlar o “comportamento” e impedir a participação em manifestações e outras acções de resistência não violenta.

Segregação económica e social dos saharauis

Os saharauis são votados à segregação económica e social e esta é uma forma de as autoridades ocupantes controlarem as actividades, atribuindo e retirando a ajuda da cesta básica de acordo com o “comportamento” que lhes é exigido. Outra técnica é a atribuição de um posto de trabalho a mais de 1000km de distância, “exilando” e “isolando” os activistas, como no caso de Naciri.

A grande maioria dos saharauis estão desempregados devido à política de apartheid, havendo manifestações diárias de jovens licenciados e desempregados nos territórios ocupados. As famílias sobrevivem à custa das tradições milenares saharauis de partilha e entreajuda. Esta situação leva ao empobrecimento e também a um decréscimo de casamentos e nascimentos, uma outra forma de controlar e dizimar a população saharaui.

Hamadi Naciri nasceu sob bandeira espanhola em 1971 e é pai de quatro filhos, todos estudantes. Desde a invasão marroquina em 1975, Naciri foi sequestrado três vezes, numa dessas tendo sido levado para a prisão secreta de El Aaiun, a PC.CM. Esteve preso quatro vezes devido ao seu envolvimento na Intifada não violenta e as suas acções de denúncia da situação. É presidente da organização Freedom Sun de Smara e membro de várias organizações internacionais de defesa de direitos humanos.

Gabal Jouda nasceu em 1960 sob bandeira espanhola, é mãe de oito filhos, três estudantes e cinco desempregados, membro da Freedom Sun e activista de direitos humanos. É conhecida pela sua actividade não violenta em prol da autodeterminação do Sahara Ocidental.

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