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Segunda-feira, Setembro 9, 2024

Iraque lança operação para retomar Mosul

Francisco Oneto
Francisco Oneto
Professor Universitário

Mosul - Iraque

O pesadelo islamo-fascista metastizou fortemente no verão de 2014, com a ocupação de Mosul. Depois de destruídos os túmulos e mausoléus dos santos cristãos e muçulmanos, a golpes de picareta e à bomba, veio o genocídio dos Yezidis, que terá feito em pouco tempo cerca de 5 mil mortos. Cristãos, shiitas, alevis, shabaks, yezidis – todos perseguidos e mortos selvaticamente e sem razão, tudo sempre em nome da “vontade de Deus”, o indicador de uma mão a apontar para o céu, a outra empunhando uma arma ou uma cabeça decapitada, mulheres e crianças violadas e vendidas como escravas, crucificações nas praças públicas, decapitações em série, massacres a tiro, incluindo centenas de crianças, pessoas metidas em jaulas e queimadas vivas… O horror prosseguiu, sempre com o apoio implícito da Turquia e da Arábia Saudita, e fomos assistindo pela televisão ao espectáculo do terrorismo, mediaticamente pronto a exibir o seu ódio, a sua insana desumanidade.

Agora que os curdos de Rojava conseguiram sucessivas vitórias sobre a bandeira negra do daesh, avançando no terreno, chega a vez da frente iraquiana, com os peshmegas a progredir rumo a Mosul, naquela que será, talvez, a mais decisiva etapa da necessária vitória sobre as trevas do obscurantismo fanático destes assassinos apocalípticos. Infelizmente, dizem os especialistas que não vai ser fácil, correndo-se o risco de um banho de sangue. Mosul é uma das cidades históricas da região, a antiga Nínive bíblica, nas margens do rio Tigre e, actualmente, a cidade mais populosa do norte do Iraque, onde, justamente, foi proclamado este califado do terror, nesse fatídico verão de 2014, multiplicando-se os crimes contra a Humanidade, as perseguições, os ataques às mulheres, o rapto de crianças para serem treinadas como bombistas suicidas, a destruição do património, a proibição de fumar, de ouvir música…

Tudo dependerá, também, dos desenvolvimentos nos combates para além do Eufrates, em Aleppo e, sobretudo, na frente de Raqqah, que é a válvula de segurança para a circulação de jiadistas e gangues de assassinos, abastecimentos e petróleo entre o daesh e a Turquia, que tem atacado os curdos de Rojava (YPG/YPJ) a partir da fronteira impedindo o isolamento dos terroristas. Neste cenário, a falência moral da Europa, a braços com uma tragédia humanitária (e, logo, política) não nos deve silenciar. A luta contra o terrorismo passa pelo extermínio do daesh e dos seus apoiantes, e isso não será possível sem os curdos. Seria bom que a Europa levantasse os olhos do seu umbigo e dos interesses que movem os negócios e, em vez de ajoelhar perante o tirano de Ankara, compreendesse o que está em jogo. Em nome da Humanidade.

 

Fonte: AFP News Agency

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