Quando cresci, era tão magra… tão magra… que causava exclamação. Sempre que passasse as pessoas comentavam sobre os meus ossos, até aos vinte anos pesava apenas 35 kg, a minha sorte é que eu era uma fininha de rabo grande…mas a minha altura não ajudava pois era muito alta e a falta de peso me deixava em órbita.
Apelidaram-me mana fininha, até a minha sogra me chamava tábua de engomar, porque tinha uma barriga tão lisa que parecia uma prancha, de lembrar que nos nossos padrões africanos a mulher mantida ou casada tinha de ter carnes, ou seja mulher gorda e casada é sinal de prosperidade no lar. Senão és considerada Joana mukua difuba (ciumenta) ou Dikata (doente) ou mesmo Mukua nzala (esfomeada).
Eu era magra de fazer inveja a muitas modelos, lembro-me até de tentar concorrer ao concurso miss Luanda (mas esta é outra história ) pois eu queria ser gorda!
Comia de tudo um pouco, desde chocolate a carne assada, muita água, leite com mel… nada. Cervejas e torresmos nada… nem só um kilo; lia a revista Maria e experimentava tudo que desaconselhado a quem quisesse emagrecer as vezes até sentia que quase esvoaçava com vento por isso nunca andava com sombrinha… e só fazia ginástica na aula de educação física.
Um dia fui à balança, depois do 3º filho e pesei quarenta e cinco kilos, foi uma euforia total e a kilogramametragem não parava e a cada vez que me dissessem estais a engordar… eu sorria e agradecia, hoje tenho de correr para reduzir as gorduras e eliminar a barriga.
Parece irónico mas a sociedade tem sido muito exigente com os padrões de beleza. E passaram a rotular as pessoas como os elegantes e deselegantes, baixando a auto-estima das pessoas que se sentem menos humanos por causa do seu tamanho, até mesmo chegando a excluir-se da vida activa por discriminação.
A cada dia milhões são gastos para a procura do corpo perfeito, em ginásios, suplementos, roupas e até em cirurgias que muitas vezes acabam comprometendo o próprio funcionamento do corpo. Um exemplo são as pessoas que operam até a alma para se tornarem iguais aos seus ídolos como a Barbie, Ken… etc.
Vêem-se pessoas correndo ao longo de estradas engarrafadas, inalando o monóxido de carbono e fazendo exercícios sem orientação, pessoas bebendo e injectando drogas sujeitando-se às cirurgias de redução ou aumento de volumes em partes como: bunda, mamas, barriga e até em lábios, sem temerem os efeitos secundários que muitas vezes são irreversíveis. Pessoas que chegam até ao suicídio por causa do seu tamanho.
É preciso haver auto-estima e olhar para a raiz genética, ter um controle alimentar desde a mais tenra idade, pois para além da estrutura existem doenças que passam de geração em geração e nem sempre temos de agradar gregos e troianos.
Caso sinta que tem necessidade de engordar ou emagrecer, procure um nutricionista, um personal trainner com a ida ao ginásio encontras orientação, e se quiser engordar como eu vá a um nutricionista.
Lembrando o dia que fui me inscrever para o concurso miss Luanda … ai, esta é outra historia…
A autora escreve em PT Angola