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Sexta-feira, Abril 26, 2024

Massacre na mesquita de Ibrahimi, 1994

Beatriz Lamas Oliveira
Beatriz Lamas Oliveira
Médica Especialista em Saúde Publica e Medicina Tropical. Editora na "Escrivaninha". Autora e ilustradora.

Que influência poderá ter esta efeméride nas eleições da próxima 2ª feira?

Goldstein

Os palestinianos comemoram hoje o 26º aniversário do massacre na mesquita de Ibrahimi, cometido em 25 de fevereiro de 1994 por um colono israelita extremista chamado Baruch Goldstein. Este massacre no chamado Túmulo dos Patriarcas ou massacre da Mesquita Ibrahimi ou ainda massacre de Hebron, foi realizado pelo americano-israelita Baruch Goldstein, nascido em Brooklyn, NY. Goldstein era um membro do movimento israelita de extrema-direita Kach.

O Túmulo dos Patriarcas era usado como Mesquita, local de oração.

Kach foi um partido político ultra-nacionalista judeu ortodoxo em Israel, activo entre 1971 e 1994, ano em que foi banido da cena política. Fundado pelo rabino Meir Kahane em 1971, baseado na ideologia judeu-ortodoxo-nacionalista, o partido ganhou um único assento no Knesset nas eleições de 1984, após várias falhas eleitorais.

O colono, que era médico no exército de ocupação israelita, abriu fogo indiscriminado de seu uma arma automática sobre cerca de 500 fiéis palestinianos enquanto realizavam a oração do amanhecer em um dia do Ramadão na mesquita de Ibrahimi na cidade de al-Khalil na Cisjordânia (Hebron). Matou 29 pessoas.

Vários minutos de tiroteio constante foram suficientes para matar 29 fiéis e ferir outras dezenas antes que as pessoas conseguissem matar o assassino.

As forças de ocupação, em cumplicidade com os colonos, fecharam as portas da mesquita para impedir que os fiéis a abandonassem no momento do massacre e impediram que os paramédicos chegassem para salvar os feridos. Mais tarde naquele dia horrível, as forças de ocupação abriram fogo contra os palestinianos durante o funeral das vítimas do massacre, elevando o número de mártires para 60 e os feridos para 150.

Não houve resposta forte da comunidade internacional ao massacre.

O Conselho de Segurança se limitou a estabelecer a Presença Internacional Temporária em Hebron (TIPH) em 18 de março de 1994 para documentar os crimes das forças israelitas e dos colonos contra o povo palestiniano e tomar medidas para garantir a proteção dos palestinianos em todos os territórios ocupados. No entanto, o ocupante israelita impediu o trabalho da missão e, no início do ano passado, recusou-se a renovar o trabalho da missão.

Em 1994 houve protestos e motins palestinianos imediatamente após o tiroteio. Uma semana depois vinte e cinco palestinianos foram mortos (pelas forças de defesa de Israel), além de cinco israelitas. Após os distúrbios, o governo israelita impôs um toque de recolher de duas semanas aos 120.000 habitantes palestinianos de Hebron, enquanto que os 400 colonos judeus da zona estavam livres para se deslocar. O primeiro-ministro israelita Yitzhak Rabin telefonou para o líder da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Yasser Arafat, e descreveu o ataque como um “ato repulsivo e criminoso de assassinato”. Pelo menos isso! Mas será que ISSO fez esquecer aos árabes israelitas a sua categoria de cidadãos de segunda classe?

Escusado será dizer que a ocupação sionista cometeu o massacre da Mesquita Ibrahimi, a fim de tomar o coração da cidade de al-Khalil e seus locais de património e deslocar os palestinianos da cidade antiga, em preparação para judaíza-la completamente.

A cidade velha de Hebron / Al-Khalil foi construída em pedra calcarea durante o período mameluco (Turco) entre 1250 e 1517. O centro de interesse da cidade era o local da Mesquita Al-Ibrahimi, ou seja a tal tumba dos patriarcas cuja os edifícios fazem parte de um complexo construído no século I DC para proteger os túmulos do patriarca Abraão / Ibrahim e família. Este lugar tornou-se um local de peregrinação para as três religiões monoteístas: judaísmo, cristianismo e islamismo. A cidade ficava na encruzilhada das antigas rotas comerciais de caravanas que viajavam entre o sul da Palestina, Sinai, leste da Jordânia e o norte da Península Arábica. Embora o período otomano subsequente (1517-1917) tenha anunciado uma extensão da cidade para as áreas circundantes e tenha trazido inúmeras adições arquitetónicas, particularmente o aumento do nível do telhado das casas, a morfologia geral mameluca da cidade manteve-se com sua hierarquia de áreas, alojamentos baseados em grupos étnicos, religiosos ou profissionais e casas com as divisões organizadas de acordo com um sistema em forma de árvore.

Hoje, a situação nos territórios ocupados é pior. As forças de ocupação continuam a atingir a mesquita de Ibrahimi e a cidade velha de al-Khalil. Ataques contínuos a lojas comerciais, residências e todos os serviços necessários para os palestinianos na cidade. Além disso, as autoridades de ocupação avançam na implementação de planos para estabelecer centenas de unidades de assentamentos em al-Khalil e fornecer proteção aos colonos para apreender as propriedades dos palestinianos.


Por opção do autor, este artigo respeita o AO90


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