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Sexta-feira, Abril 19, 2024

Migrantes em fuga atacados com gás lacrimogéneo

refugiados-Fronteira-Grécia-Macedónia

A organização humanitária Human Rights Watch denunciou no seu site uma carga policial contra migrantes e refugiados, que tentaram atravessar a fronteira entre a Grécia e a Macedónia no passado domingo, em Idomeni, na região norte grega.

A polícia do estado da Macedónia dispersou os migrantes e refugiados com gás lacrimogéneo, quando um grupo tentou em desespero furar as barreiras de segurança; do porto de Pireus no sul à região de Pella no norte da Grécia, as autoridades lutam para acomodar grandes grupos de pessoas cujo desespero vai aumentando, relata o The Guardian.

Gemma Gillie, porta-voz dos Médecins Sans Frontières, testemunhou a cena e contou ao jornal inglês que “aconteceu tudo tão depressa… um grupo de cerca de 300 pessoas gritava ‘abram a fronteira’ e abanavam a cerca. A dada altura conseguiram furar a cerca mas ninguém tentou atravessar a fronteira”.

Oficiais gregos dizem que 7 mil pessoas se reuniram num campo improvisado na fronteira. A maioria eram sírios e iraquianos determinados a continuar a viagem até à Europa Central.

Também havia crianças no grupo, as quais foram atingidas pelo gás lacrimogéneo, acrescentou Gillie. “Dez das 22 que tivemos de tratar devido a problemas respiratórios eram crianças e quatro delas eram menores de cinco anos”, acrescentou.

Organização humanitária fala em ferimentos e estado de choque

Na sua página oficial, a organização humanitária Médecins Sans Frontières (MSF) revela que tratou no local cerca de 40 pessoas com feridas por balas de borracha. Trinta pessoas receberam apoio psicológico por se encontrarem em choque e sete pessoas com feridas profundas ou suspeitas de fracturas foram transportadas para um hospital local.

O chefe da missão da MSF na Grécia afirmou que este acto de desespero em massa resulta “de milhares presos na Grécia, um país incapaz de responder às necessidades humanitárias e de protecção para os que procuram segurança na Europa”, acrescentando que “ as pessoas precisam de ser tratadas com dignidade, não com violência ou fecho de fronteiras imprevisíveis, para além de mais incerteza. A crise humanitária absurda causada pelas políticas dos Estados europeus está a ficar cada vez mais insuportável a cada dia que passa”, alertou.

Ministro grego condena agressões, país pode estar à beira do colapso

O ministro da Protecção dos Cidadãos grego, Nikos Toskas, condenou o uso da força por parte da polícia da Macedónia contra os migrantes que tentaram furar a cerca fronteiriça. “Os migrantes que ontem foram agredidos são os jihadistas de amanhã”, declarou o responsável citado pelo jornal grego Ekathimerini. Toskas rejeitou alegações de que a polícia macedónia agiu no lado grego da fronteira, acrescentando que a cerca se situa dois a três metros dentro do lado macedónio desta fronteira.

Um agente policial da Macedónia que pediu anonimato afirmou ao jornal britânico que os migrantes invadiram a fronteira, vindos de um campo em Idomeni (norte da Grécia) e que atiraram pedras aos polícias. “Em resposta, a polícia usou gás lacrimogéneo”, acrescentou. Testemunhas citadas pela agência Reuters afirmam que um pequeno grupo de migrantes tentou falar com agentes macedónios, pedindo que abrissem a fronteira.

Perante uma resposta negativa, tentaram marchar em direcção à cerca, pelo que foram recebidos com gás lacrimogéneo; em retaliação, houve pessoas a atirar pedras e vasilhas de gás.

Entretanto, fontes do governo de Atenas admitem que a pressão exercida pelos refugiados sobre as infra-estruturas públicas do país está a ser esmagadora. Escolas, estádios desportivos e terminais de passageiros tornaram-se campos de refugiados improvisados.

De acordo com dados do final de Fevereiro, todos os dias chegavam à costa grega entre 2 mil e 3 mil refugiados e 25 mil estavam retidos nas suas fronteiras, devido à decisão, dos países dos Balcãs vizinhos da Grécia, em fechar o corredor de acesso à Europa central que os migrantes utilizavam, revela o The Guardian.

Angela Merkel, a chanceler alemã, declarou em Fevereiro que o governo de Atenas pode ficar paralisado pelo enorme número de chegadas de pessoas provenientes da Síria, Afeganistão e países africanos atingidos pela guerra.

“Alguém acredita seriamente que todos os Estados europeus que lutaram este último ano para manter a Grécia na eurozona podem permitir, passado um ano, que o país mergulhe no caos?”, questionou Merkel.

Martin Schulz, presidente do Parlamento Europeu, chegou mesmo a dizer que a Grécia corre o risco de se tornar um “parque de estacionamento” para refugiados retidos, se não fosse colocado em prática um plano para realojar milhares que se encontram na Grécia e Itália.

A Áustria impôs um número diário máximo de entrada de pedidos de asilo no país; 90 mil pessoas já procuraram asilo naquela nação. Num encontro em Viena, a Áustria tinha persuadido nove países da região dos Balcãs a impor controlos mais rígidos na rota dos migrantes a partir da Grécia.

Nem este país, nem a Alemanha foram convidados para a cimeira, o que dá sinal de divisões dentro da União Europeia, que enfrenta o maior fluxo de refugiados e migrantes desde 1945.

 

 

 

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