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Quinta-feira, Março 28, 2024

Nem todos os heróis morreram de overdose

Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
Jornalista, assessor do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo

Que o grande Cazuza (1958-1990) me perdoe, mas nem todos os nossos heróis morreram de overdose, para a felicidade geral da população. Embora muitos tenham sucumbido à pressão obscurantista, outros resistiram e continuam criativos, transgressores e atuantes em defesa da liberdade.

Como disse Chico Buarque, um dos nossos heróis vivos, em seu discurso ao receber o Prêmio Camões, depois de ter esperado por quatro anos, precisamos permanecer alertas e atuantes para que o Brasil que voltou nunca mais vá embora.

Mesmo porque os opressores sempre esquecem alguma semente, de plantações que se erguem na luta pela vida, pela paz e pela igualdade, em algum canto do jardim. Então renasce a esperança porque amanhã é outro dia e nada como um dia após o outro, “e não vale a pena ficar, apenas ficar, chorando, resmungando” (Jorge Maravilha, de Chico Buarque).

Jorge Maravilha

Afinal navegar é preciso para ir além do mar bravio e superar todas as tempestades, que por ventura se interponham no caminho da busca do saber, da cultura, da ciência, da vida. E sempre insistir na construção de um mundo novo.

Com sua resiliência, resistência e paciência, Chico Buarque mais uma vez nos redime ao apontar a necessidade de engajamento na defesa da liberdade e da diversidade humana. Ao receber o mais importante prêmio da literatura em língua portuguesa do mundo, Chico fez um discurso para lá de sensato. Discurso que rapidamente viralizou na internet e colocou o setor progressista da sociedade no ataque, que muitas vezes é a melhor defesa.

Com a sua clareza costumeira, seguiu a constante recomendação de Manuela d’Ávila sobre falarmos das nossas pautas e deixar a extrema-direita falando sozinha. E isso não significa submissão. Pelo contrário, aponta o caminho da superação desse mal que assola o mundo. Assim como ficam enfurecidos com a PL das Fake News. Por que será?

Transgressor, como em toda a sua carreira, o artista, escritor, compositor, dramaturgo e poeta provocou a fúria dos seres ignorantes do discurso fácil.

Veja o discurso do Chico Buarque na íntegra

Chico Buarque aponta o caminho da persistência, do caminhar juntos, assim meio guevarista com a proposta de endurecer sem jamais perder a ternura e o bom humor. É o nosso momento de sorrir, mas sem nos desligarmos da luta aflita por um mundo mais humano, justo e solidário.

Viva Chico Buarque, um dos grandes heróis vivos do país e do mundo. E como disse Pablo Milanés no programa Chico e Caetano, da Globo, em 1986: “Chico que não é da Itália, é de Hollanda, mas é do Brasil”, aliás é do mundo.

Esse grande herói da cultura mais uma vez dá a cara a tapa para vencer a ignorância e o obscurantismo. Porque “se é perigoso a gente ser feliz”, como ele e Edu Lobo cantam em Beatriz e “a felicidade é uma arma quente”, como cantavam os Beatles. Então, que tal um samba de Chico Buarque para espantar os maus agouros e trazer o brilho nos olhos de volta.

Que tal um samba?


Texto em português do Brasil

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