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Sábado, Outubro 5, 2024

Novos Realizadores: a procura dos cineastas do futuro

José M. Bastos
José M. Bastos
Crítico de cinema

Uma característica do Festival de San Sebastián, desde há dezenas de anos, é dar a oportunidade a jovens criadores de aqui divulgarem as suas obras. São muitos os realizadores actualmente consagrados no mundo do cinema que aqui tiveram o ensejo de mostrarem o seu primeiro ou segundo trabalho. Em alguns casos depois de uma passagem por esta secção apareceram um ou dois anos mais tarde a competir na secção oficial. Este é, por isso, um espaço de descoberta e, muito naturalmente, constituído por filmes que tentam mostrar abordagens com alguma originalidade tanto formal como ao nível das temáticas.

Nesta edição poderemos ver trabalhos oriundos da Coreia do Sul, Suíça, França, Turquia, Estados Unidos,, Dinamarca, Tailândia, China, Argentina e Espanha.

Os filmes têm que ser inéditos (só podem ter sido estreados no seu país de produção) e produzidos no último ano. Esta é uma secção competitiva, com um júri específico e um prémio pecuniário. Os filmes de “Novos Realizadores” são também candidatos ao Prémio da Juventude atribuído por um júri formado por estudantes com idades entre 18 e 25 anos.

De Sylvia Le Fanu, escritora e realizadora inglesa radicada na Dinamarca, vimos a primeira longa-metragem, “Min evige sommer” / My Eternal Summer, a história de uma jovem de quinze anos que se instala na casa de férias com os seus pais e que procura mitigar a dor de saber que é o último Verão que passa com a sua mãe com a adopção das rotinas familiares: ler, nadar e passear.

Do produtor e realizador basco David Pérez Sañudo também a primeira longa “Azken erromantikoak” / Los Últimos románticos, um filme que segue o quotidiano de uma mulher insegura, solitária e com tendências hipocondríacas que trabalha numa fábrica de papel e que tem um reduzido número de pessoas com que se relaciona.

Os restantes trabalhos desta secção são:

  • “La guitarra flamenca de Yerai Cortés” de Antón Álvarez (Espanha);
  • “Hiver à Sokcho” / Winter in Sokcho de Koya Kamura (França / Coreia do Sul);
  • “Bagger Drama” de Piet Baugartner (Suíça);
  • “Brûle le sang” / In the Name of Blood de Akaki Popkhadze (França / Bélgica / Áustria);
  • “Gülizar” de Belkis Bayrak (Turquia / Kosova);
  • “La llegada del hijo” de Cecilia Atán e Valeria Pivato (Espanha / Argentina);
  • “Por donde pasa el silencio” de Sandra Romero (Espanha);
  • “Regretfully at Dawn” de Sivaroj Kongsakul (Tailândia / Singapura);
  • “Stars and the Moon” de Yongkang Tang (China);
  • ”Turn Me On” de Michael Tyburski (Estados Unidos).

 

 

Três filmes com produção brasileira no ciclo de cinema da América Latina

São catorze as obras que integram nesta edição a secção ‘Horizontes Latinos’. A maior parte realizadas por mulheres, todas co-produções, com países europeus, Estados Unidos, Coreia do Sul e Taiwan, uma forte presença das cinematografias argentina e chilena e três produções brasileiras.

É a seguinte a lista de filmes:

  • “Cuando las nubes esconden las sombras” de José Luis Torres Leiva (Chile / Argentina / Coreia do Sul);
  • “El aroma del pasto recién cortado” de Celina Murga (Argentina / Uruguai / Estados Unidos / México / Alemanha);
  • “Cidade; Campo” de Juliana Rojas (Brasil / Alemanha / França);
  • “Los domingos mueren más personas” de Iair Said (Argentina / Itália / Espanha);
  • “Dormir de olhos abertos” de Nele Wohlatz (Brasil / Argentina / Taiwan / Alemanha);
  • “El jockey” de Luis Ortega (Argentina / México / Espanha / Dinamarca / Estados Unidos);
  • “La piel en primavera” de Yennifer Uribe Alzate (Colômbia / Chile);
  • “Querido Trópico” de Ana Endara (Panamá / Colômbia);
  • “Quizás es cierto lo que dicen de nosotras” de Sofía Paloma e Camilo Becerra (Chile / Argentina / Espanha);
  • “Ramón y Ramón” de Salvador Del Solar (Perú / Espanha / Uruguai);
  • “Reas” de Lola Arias (Argentina / Alemanha / Suíça);
  • “Simón de la montaña” de Federico Luis (Argentina / Chile / Uruguai / México);
  • ”Sujo” de Astrid Rondero e Fernanda Valadez (México / Estados Unidos / França);
  • ”Zafari” de Mariana Rondón (Perú / Venezuela / México / França / Brasil / Chile / República Dominicana).

 

Cinema e gastronomia

Se San Sebastián é uma cidade mundialmente conhecida pela sua gastronomia o Festival de Cinema não pode ignorar esse facto. Por isso, e desde há vários anos, existe na programação do certame uma secção dedicada à culinária.

Este ano são cinco os filmes exibidos em Culinary Zinema, que vão do documentário até à ficção científica.

“Mugaritz. Sin pan ni postre”

Na abertura “Mugaritz. Sin pan ni postre”, filme espanhol de Paco Plaza que se debruça sobre a preparação de uma nova temporada de um dos restaurantes mais famosos do mundo o ‘Mugaritz’ é, segundo alguns, mais do que um restaurante um laboratório em que o seu criador dá curso livre à sua cozinha experimental.

Os outros filmes deste apartado da mostra ‘donostiarra’ são:

  • “Grand Maison Paris” de Ayuko Tsukahara. (Japão – Reino Unido) em que um famoso chef japonês abre um novo restaurante em Paris en busca da sua terceira ‘estrela Michelin’;
  • “Shelf Life” do norte americano Ian Cheney que através de através de uma viagem a lugares remotos e inesperados, que vão do Japão até Tiblisi, procura esclarecer se passar tempo entre pessoas que envelhecem queijo poderá dar alguma informação sobre o processo de envelhecimento dos seres humanos;
  • “El Hoyo 2“, uma sequela do realizador basco Galder Gaztelu-Urrutia. Um filme satírico de ficção científica em que um líder misterioso procura impor um brutal sistema de alimentação; e
  • “Kita no syokukei” / Northern Food Story, do japonês Tetsuya Uesugi, um filme em que estão presentes a cozinha tradicional japonesa, a cozinha francesa e o sushi seguindo a vida quotidiana de quatro cozinheiros que praticam as suas artes culinárias junto dos agricultores do norte do Japão.

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