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João de Sousa

Sexta-feira, Maio 3, 2024

O “arco da governação” sai de “sendeiro”

João de Sousa
João de Sousa
Jornalista, Director do Jornal Tornado

Editorial - arco da governação

De forma insistente os partidos da Direita recorrem, até à náusea, ao discurso demagógico destinado ao seu público de eleição: os info-excluídos, os alvos do obscurantismo político e cívico que sobram da ditadura salazarista, os iliteracitas da polis e da civitas e, por fim, aos que abominam a Democracia.

Nada disto surpreende quando se constata, facilmente, o movimento das forças políticas do centro para a extrema-direita, que, concomitantemente, arrastou os partidos da antiga “esquerda radical” para o centro do espectro político. Assim na Grécia como em Portugal e um pouco por todo o mundo.

Esta “deslocalização” do “centro político” não resulta de um qualquer acaso. Pelo contrário. É um efeito do plano delineado ao pormenor pelos, agora assim chamados, “mercados”. O capital padece de um excesso de testosterona que induz uma necessidade obsessiva-compulsiva de se reproduzir. Para isso precisa de … “moeda”. Se os Bancos Centrais não a imprimem, se a Economia não a gera… resta o derradeiro, mas arriscado, processo de aumentar a “moeda” em circulação emitindo dívida.

Dívida é o nome da nova moeda universal! Requer, claro, meios draconianos e funcionários corruptíveis no topo da hierarquia das instituições internacionais, quer políticas, quer financeiras, para ser rentável. É essencial transferir todo o risco, por definição associado ao Capital, para os contribuintes. Sobretudo para aqueles que auferem rendimentos do trabalho, porque esses, seguramente, não perturbam a “ordem”, ou o “caos”, indispensáveis à reprodução do capital.

Paulo Portas, e através dele o CDS, intrujou o país, com imensa piada, de que havia um “arco da governação”, onde, naturalmente, estava incluído. E, durante décadas, o país viveu suspenso deste axioma “feito à medida”, nunca demonstrado e impossível de demonstrar. É certo que, para o efeito, contou com a cumplicidade absurda de um PSD sem ideias e de um PS nutrido apenas pelo Poder e pelas diversas instâncias da sua distribuição. Com a tese do “arco da governação” os partidos à esquerda do PS eram remetidos para a mera função de “partidos de protesto”, condição que, curiosamente, aceitaram durante décadas sem questionar.

O poder da direita, incluindo a direita que incluía o PS, residiu durante todo este tempo, mais no conceito “inventado” por Paulo Portas que nos votos do PSD ou do PS, partidos reféns de uma ideia. Até que, um dia, um líder do PS se lembrou de questionar tal axioma.

É a nova realidade resultante desta ruptura, conceptualmente fracturante, que o país agora enfrenta. Qualquer que seja o resultado, para António Costa vai a minha “chapelada”. Muito bem!

Surpreendente é ver como a generalidade dos Órgãos de Comunicação Social aceitou fazer parte de tal embuste! Surpreendente e perigoso!

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