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João de Sousa

Sábado, Abril 27, 2024

O assassínio falhado de Vidal Quadras

Paulo Casaca, em Bruxelas
Paulo Casaca, em Bruxelas
Foi deputado no Parlamento Europeu de 1999 a 2009, na Assembleia da República em 1992-1993 e na Assembleia Regional dos Açores em 1990-1991. Foi professor convidado no ISEG 1995-1996, bem como no ISCAL. É autor de alguns livros em economia e relações internacionais.

Foi há mais de vinte anos que dei início ao grupo informal no Parlamento Europeu ‘Amigos de um Irão Livre’ que se tornou um bastião europeu na denúncia do principal regime fanático islamista que ameaça os valores humanitários que se afirmaram nas últimas décadas.

Entre os vários colegas que se juntaram a mim, dois entre eles, o escocês Struan Stevenson e o espanhol Alejo Vidal Quadras, prolongaram comigo uma relação de trabalho em prol da liberdade iraniana e combate à expansão jihadista do regime, recentemente no quadro de um grupo informal denominado de ‘In Search of Justice’ (ISJ).

fotografia de Amir Seifi em 2019, com o Alejo à direita, o Struan à esquerda e Paulo Casaca ao centro

O Alejo, que foi vice-presidente do Parlamento Europeu, é entre nós o que mais peso político tem e foi então o presidente honorário do grupo e continuou hoje a ser o presidente do ISJ.

Ao longo destas décadas foram várias as tentativas de assassinato político que nos foram dirigidas, no meu caso, patrocinadas primeiro pelas representações diplomáticas iranianas e pela que foi a principal lobista europeia do regime iraniano, a Doutora Ana Gomes, junto da comunicação social portuguesa.

Em 2018 o regime iraniano falhou o seu maior atentado terrorista de sempre na Europa (patrocinou inúmeros outros) ao ver desmantelado o gang dirigido por um diplomata iraniano em funções com a bomba apreendida ainda em Bruxelas a caminho de Paris.

Apesar da condenação do seu operacional diplomata/terrorista, o Irão conseguiu a sua libertação pela Bélgica, através de um acordo aprovado em 2022 e posto em vigor já este ano, facto que animou o regime a recrudescer a sua actividade terrorista, com alguns avisos prévios, como a proscrição tanto dos ‘Amigos de um Irão Livre’ como do ‘In Search of Justice’.

Do assassinato político o regime passou naturalmente ao assassinato físico. No passado dia 9 de novembro, pouco depois de termos acabado a nossa videoconferência semanal – excepcionalmente apenas com nós os dois, por impossibilidade pontual de Struan – o Alejo é alvejado em Madrid, salvando-se milagrosamente de um tiro na cara que lhe fracturou o maxilar.

Em menos de duas semanas a pista iraniana é já dada como certa, com a prisão de vários suspeitos, algo que não surpreenderá ninguém que conheça a forma de actuar do regime.

O Alejo, assim que conseguiu pronunciar as primeiras palavras, agarrou no seu portátil e telefonou-nos, ao Struan e a mim, não para nos pedir o que quer que fosse, mas apenas inquieto pela nossa segurança, o que deveras me tocou.

São incontáveis as vítimas do regime iraniano e da ideologia jihadista que o anima, mas por mais pessoas que compre, por mais pessoas que intoxique, por mais pessoas que mate, enquanto existirem almas livres, a humanidade vencerá.

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